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A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA DAS IDEIAS PSICOLÓGICAS

Por:   •  29/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.140 Palavras (9 Páginas)  •  160 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Disciplina: História das Ideias Psicológicas

Alunas: Angel Miríade de Souza, Ana Pannuti        Turma: A

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA DAS IDEIAS PSICOLÓGICAS

  1. INTRODUÇÃO

Quando se fala da história da psicologia pode-se pensar que em um dado momento da história da humanidade a psicologia surgiu como uma epifania dada a alguns poucos indivíduos, de forma casual, descolada de quaisquer movimentos históricos que já estivessem em curso. Contrapondo-se a isso, é possível também imaginar que o advento da psicologia nada mais foi do que o resultado de uma série de fatores sócio-históricos que concorreram na sua criação. Estas duas percepções são antitéticas e, conforme aponta Cambaúva et al (1998), extremas com relação ao peso da participação dos indivíduos e a determinação do contexto sócio-histórico e cultural para a origem da psicologia[1].

Mas qual desses posicionamentos é o correto? E ainda, pensando nesses aspectos, qual é a relevância de se conhecer a história da psicologia? Como esse conhecimento impacta no desenvolvimento de alunos e futuros profissionais da área? Pensando nestas questões se dará a construção do presente trabalho. O objetivo é apresentar ao leitor que a singularidade da constituição do campo psicológico não se deu somente na sua consolidação enquanto uma área científica, mas que até o presente momento a psicologia (enquanto uma área do saber e desenvolvimento prático tão plural), ainda está em constante construção.

  1. BREVE HISTÓRICO DA CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA: A PLURALIDADE TEÓRICA E PRÁTICA

A psicologia enquanto área do conhecimento humano é considerada como um campo bastante plural, que comporta em si uma grande variedade de abordagens, vertentes,  métodos e práticas (FIGUEIREDO, 2005; FERREIRA, 2005; ABIB, 2009). Desta forma, explorar a história da psicologia é enveredar por uma tecitura bastante complexa de ideias sobre o ser humano, as quais têm sua origem no campo da filosofia e objetivam compreender atitudes, comportamentos e toda uma série de estados subjetivos dos seres humanos, que se revelam nas relações dos indivíduos entre si e no contexto em que estão imersos (CAMBAÚVA et al, 1998, p.209).

Conforme aponta Ferreira (2005, p.14), essa multiplicidade da psicologia não é resultado de um descuido científico, ou ainda de uma possível imaturidade dos saberes psicológicos, mas seria resultado de uma grande diversidade de experiências e de sua articulação, decorrendo daí a construção do campo psicológico.

E no conjunto dessas experiências e práticas sociais em conluio com as transformações no conhecimento que se conduz a constituição do campo psicológico em sua multiplicidade, ao cruzar as mais distintas experiências históricas com conceitos, modelos e métodos das ciências naturais, tornados agora entes transcendentais que explicam todos os aspectos da natureza humana. São essas múltiplas hibridações que constituem enfim o nosso campo psicológico fragmentado, dando ensejo à múltiplas psicologias gestadas através dessas diversas irrupções. (FERREIRA, 2005, p.40)

Portanto, se a psicologia possui esse caráter plural, é em decorrência do contexto que permeia o seu surgimento, em que uma grande variedade de saberes e ideias sobre a subjetividade humana concorrem para a origem desse campo do conhecimento.

Há quem questione, nesse sentido, o caráter científico da psicologia, afirmando que a mesma não se constitui enquanto uma ciência. Do ponto de vista de uma epistemologia única, na qual haveria metodologia e lógica claras para a produção do conhecimento psicológico, a psicologia não poderia ser considerada uma ciência, pois conforme já dito anteriormente, é uma área plural e traz inúmeras abordagens, metodologias e teorias para tratar de seu objeto. O que Abib (2009) propõe é que se olhe para a psicologia como um projeto científico, sob a perspectiva de uma epistemologia pluralizada, concebendo as várias vertentes científicas existentes dentro desse campo.

  1. AFINAL, COMO SURGE A PSICOLOGIA?

Há várias hipóteses sobre como realmente se dá o surgimento da psicologia, dentre as quais, conforme aponta Abib (2009, p.199) inclui-se a possibilidade de um início longínquo, remetendo aos filósofos pré-socráticos[2] ou até mesmo de que tenha se dado com a revolução científica que ocorreu durante o Renascimento[3]. Ou ainda, que as ideias psicológicas já possam ser encontradas nas teorias cartesianas[4].

O que ocorre de fato, como bem ilustra Figueiredo (2005) é a construção da noção de individualidade, a qual tem seu ápice com o Renascimento e o surgimento dos Estados Modernos no século XVI[5], havendo uma mudança na concepção dos indivíduos, que passam a ter maior autonomia e ocupam lugar jurídico frente ao Estado. Essa individualização faz com que as pessoas se voltem para suas interioridades e, conforme aponta Ferreira (2005, p.27), isso constitui a base do pensamento filosófico da época. Desde René Descartes e sua concepção de existência e conhecimento advindos da Razão, passando por John Locke e David Hume, considerados filósofos de uma vertente Empirista (para quem somente são válidos os saberes decorrentes da experiência sensível) chegando a Immanuel Kant, para quem o indivíduo se constitui enquanto uma possibilidade de experiência (sujeito transcendente). Desta forma, é possível verificar que há mudanças marcantes nas concepções filosóficas no que concerne ao entendimento do ser humano, à sua subjetividade e na sua posição enquanto um agente que adquire conhecimento[6].  

Conforme aponta Foucault (apud TERNES, 1995), o século XIX consiste em um momento bastante importante na história do conhecimento, no qual ocorre uma mudança da epistemé: há a necessidade de classificar o saber como científico ou filosófico e essa transformação capital é conduzida por autores como Kant, em que claramente se busca o saber científico (calcado na experiência e na metodologia objetiva e quantificável) em detrimento da metafísica (TERNES, 1995; FERREIRA, 2005). É nesse período que ocorre uma mudança de paradigma no pensamento científico, sendo o século XIX marcado pelas ideias de evolução biológica - por meio das teorias de Charles Darwin - em que há a transição de uma concepção estática para visão dinâmica da natureza, passando do fixismo à percepção de uma transformação contínua (ABIB, p.203).

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