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A Subjetividade a Construção

Por:   •  2/5/2022  •  Projeto de pesquisa  •  4.476 Palavras (18 Páginas)  •  80 Visualizações

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  1. A constituição de um plano de subjetividade;
  2. a constituição de individualidades, como fundamental para o surgimento da psicologia como ciência independente no final do séc. XIX
    (Referências Bibliográficas na última página)


Para começamos a dissertar sobre a questão 1, temos que entender o que é a constituição de plano de subjetividade. Segundo o livro, História da Psicologia:

rumos e percursos (2005) seria: “Por subjetividade entende-se a constituição de um plano de interioridade reflexiva, em que cada vivência se encontra centrada e ancorada em uma experiência de primeira pessoa, de um “eu”.” Seria, o despertar da consciência para si mesma, o seu reconhecimento no universo como alma ciente da sua existência. Por mais que para nós da atualidade, essa ideia seja condessada desde o ventre de nossas mães, isso não acontecia tão facilmente na antiguidade. Ao nos depararmos com conceitos reflexivos, forjados naquele tempo, como o do oráculo de Delfos, de: “Conheça a ti mesmo”, esse conhecimento sobre si que a citação nos alertar é sobre o controle, a medida, a moderação sobre si, a sofrosine. Citando Foucault (1984), não havia na antiguidade uma busca de conhecimento sobre o eu (uma hermenêutica de si), mas sim uma construção de uma vida tão bela como uma obra de arte (uma estética da existência). O Homem antigo, buscava uma vida junta da sua sociedade, onde ele se construía pouco a pouco, com as palavras de sabedoria e verdade de grandes mestres sobre o Homem ideal, sem jamais tentar vislumbrar uma persona de si pois ser diferente era abominável. Para Jean-Pierre Vernant (1990), os gregos não possuíam uma experiência generalizada do eu enquanto interioridade individualizada ou personalidade, apesar de esta se manifestar no discurso em primeira pessoa da poesia lírica, e nos feitos de indivíduos como magos e guerreiros. Então, tem se uma ideia de interioridade, mas esse interior, não é individual, como nós temos nos tempos atuais. A Ideia de alma era também compartilhada, como uma alma em mim ao invés de uma alma minha.  O Eu antigo, era mascarado e compartilhado com a comunidade que ele estava inserido, com o intuito de tornar o cidadão que ali residia, em um instrumento para a sobrevivência de seu povo, não fazendo sua polis (no caso dos gregos) cair nas mãos de um tirano (bárbaros, mulheres e crianças). Isso só irá mudar a partir do Séc. ll, D.C, com a ética cristã em alta, onde o controle sobre os, precisaria de outras cordas para funcionar.

Então logo, entramos para a constituição de individualidade, referente a questão 2. Como mencionado antes, o Eu sempre foram utilizados na busca de gerir um controle sobre os indivíduos, mas a partir do século ll, onde é que se forma os termos básicos para o cuidado de si. Segundo Foucault (1984), sobre as lentes cristãs o Homem surge como um santo, que busca achar Deus nos seu verdadeiro Eu, se destacando da sua comunidade, porém tendo que estar atento as armadilhas do demônio. Através do adentramento das cortinas do eu interior, sob os holofotes do tempo, o ser humano começa a montar um palco para a Psicologia se formar, onde sua atuação só será concebida no final do séc. XIX. Com sua qualidade de vida melhorando, e sendo assim, a sobrevivência deixando de ser tão sofrível, o Homem moderno começa a aflorar uma relação consigo mesmo, além da religiosa. Com a separação dos planos públicos e privados e uma abertura maior para a sexualidade, o Eu antigo começa a se assemelhar com nosso Eu moderno, de forma tímida nas sociedades de corte, vai se formando todo um conjunto de etiqueta e representações públicas, abrindo um novo horizonte para o plano íntimo de atos e pensamentos. Com a criação do Estado para a preservação da Lei e da ordem pública, emerge então uma questão filosófica sobre poder e liberdade individual, compartilhando uma intimidade livre a ser cultivada em contraposição a obediência pública para com a monarquia. E através do tempo, o Homem Europeu começa a entender mais de si, fazendo sua individualidade mais visível. Os Estados modernos, as grandes navegações, descoberta de novos povos, a invenção da imprensa, as reformas e contra reformas religiosas e o surgimento da física e matemática constituem mais ainda a essência desse Homem, onde a abertura de novas verdades, acrescem muito mais sua busca do que sou eu? Se destaca nessa época os filósofos da ordem da razão (Racionalista) e os empiristas (das ordens dos sentidos). O personagem-chave nessa nova abordagem da interioridade é o filósofo moderno René Descartes (1596-1650), onde ele encontra na própria subjetividade sua base para novas certezas através do pensamento de Gênio Maligno, onde ele nos mostra que somos seres suscetíveis a falha e que devemos ter um cuidado com tudo que pensamos para Ele (Gênio Maligno) não nos enganar, pois o conhecimento interior nunca deve ser tomado como verdade. Apesar do seu poder de enganação, o gênio maligno é incapaz de fazer duvidar da própria existência, citando-o:” portanto, não há dúvida de que eu sou, se ele me engana; e que ele me engane o quanto quiser, ele nunca poderia me fazer ser nada, enquanto eu pensar que sou alguma coisa.” A partir dele, vários outros movimentos filosóficos e filósofos começam a buscar pelo entendimento desse ser tão único que há em nós, mas que não tem identidade. Na roda do tempo, a subjetividade desabrocha quando as grandes cidades vêm com Revolução Industrial, e daí então, damos início ao primeiro ato da Psicologia a partir do séc. XVIII. Aumento da população, invenção de novas técnicas, e as novas relações de trabalho baseado em contrato, introduzem novas formas de poder que não são mais baseadas na lei, mas também no alinhamento e na vigilância dos indivíduos e população ao longo do tempo. Esse exame se produz em espaços privilegiados, que surgem ou são modificados nesse período como fábricas (onde os trabalhadores produziam todos os bens e poder da sociedade), casernas (local de treinamento para o poderio militar do estado), prisões (onde se ajustava os desajustados, para voltassem aptos para a sociedade), hospitais (onde cuidava-se dos doentes e feridos e agora também os loucos), asilos (onde se buscava um melhor aproveitamento da terceira idade) e escolas (onde as crianças começaram a ser tratadas como tal, sendo cuidadas e cultivadas até sua maior idade). Passa a se ter mais cuidado com o indivíduo, não meramente pelo bem estar da vida em si, mas pela capacidade produção que ele poderia fornecer para sociedade. Muda-se a meta; se a forma soberana indicava o “fazer morrer e deixar viver”, a fórmula disciplinar agora é “fazer viver e deixar morrer”. E partindo dessa forma de zelo pelos indivíduos, cuja qualidade de vida e o bem-estar são metas últimas, é que vão se constituir os saberes psicológicos, médicos e psiquiátricos. A psicologia se situa, assim, em um espaço político entre o indivíduo autônomo e soberano (fonte do poder) e o indivíduo sob controle das disciplinas (alvo dos poderes), realizando o trânsito entre estes. Poderíamos dizer que, sem esta ambiguidade moderna, não haveria nem mesmo a psicologia, pois, se só houvesse a individualidade autônoma, não haveria a suposição do indivíduo como objeto de conhecimento. Por outro lado, se só houvesse a determinação, cairíamos em um fatalismo em que toda intervenção psicológica seria desnecessária. Poderíamos destrinchar muito mais todo caminho da subjetividade, pois longo e florido se torna conforme passeamos pelo campo eu. Vemos assim, quão importante é foi a descoberta do Eu para Homem moderno para a criação da Psicologia, pois sem todo esse questionamento nunca chegaríamos a uma base do que seria o normal. A Ironia disso tudo é que por mais que busquemos entender a subjetividade do indivíduo, a humanidade sempre tenta achar maneiras de encarcerar nossa liberdade individual, e todo o trabalho que tivemos de chegar até aqui para nos entender e zelar, se vê ameaçado pela doutrinação do novo normal.

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