A Vida Sigmund Freud

PSICANÁLISE - parte I

“Minha vida só tem interesse na medida em que se relaciona com a psicanálise”

- Sigmund Freud.

- Figuras importantes da Psicologia como Wundt, Fechner e Tichener são pouco conhecidos fora dos círculos profissionais de psicologia; o nome de Freud e da Psicanálise, porém, são reconhecidos em todo o mundo.

- É difícil imaginar o pensamento do século XX sem as idéias de Freud: concordemos ou não com suas teorias, ele pertence a um pequeno grupo de indivíduos que foram fundamentais na história da civilização ao modificarem a maneira como pensamos a nosso próprio respeito.

- O relacionamento da Psicanálise com as outras escolas de pensamento da Psicologia foi apenas temporal: não havia vínculos substantivos, quer em termos de concordância ou dissidência, entre Freud e os outros fundadores do campo da psicologia.

- Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo, suas “regiões obscuras” (as fantasias, os sonhos, os esquecimentos) como problemas científicos.

- Nenhuma outra corrente de pensamento aceitava/trabalhava com estas questões: o Inconsciente.

- Todas as teorias são influenciadas pelo contexto histórico/cultural que as envolve; neste caso, a influência é ainda maior.

- Para compreender a Psicanálise, é necessário percorrer o caminho pessoal de Freud, desde a origem dessa ciência.

- O movimento psicanalítico tem íntimas relações com a vida de Freud e é, até certo ponto, autobiográfico – conhecer a história de sua vida é fundamental para conhecer a Psicanálise.

- Tanto que os vários estudos biográficosque existem sobre Freud são amplamente baseados em sua obra.

- Há uma grande dificuldade para os biógrafos de Freud em relação a documentos sobre sua vida.

- A primeira razão para isso, é que Freud odiava biógrafos! - Assim, sistematicamente ele destruía seus materiais (cartas, rascunhos, etc.)

- Sigmund Freud nasceu Sigismund Schlomo Freud (mudou seu nome posteriormente na adolescência) em 6 de maio de 1856 em Freiberg, Moravia, Império Austríaco (atualmente Pribor, pertencente à República Tcheca).

- Freud é o primeiro filho do 3º casamento de seu pai.

- Seu pai, Jacob Freud, fora casado com Sally Kanel (com quem teve três filhos: Emanuel, Maria e Philipp), depois com Rebecca (há dúvidas se o pai de Freud casou-se uma ou duas vezes antes) e finalmente com Amália Nathansohn (com quem teve oito filhos: Sigmund, Julius, Anna, Rosa, Marie (“Mitzi”), Adolfine (“Dolfi”), Paula e Alexander).

- A bela e jovem Amália tinha 20 anos quando se casou; vinte anos menos que seu marido, Jacob.

- Existem muitas dúvidas e teorias sobre o que teria motivado o casamento de ambos: diferença de idade grande, Jacob já havia se casado e possuía filhos, não era atraente fisicamente e era pobre.

- A constelação familiar de Freud quando criança (algo que posteriormente ele chamou de “romance familiar”) o deixava com muitas dúvidas, produzindo muitas fantasias a repeito.

- Seu irmão, Emanuel, era mais velho do que jovem e atraente madrasta que o pai trouxera de Viena, ao passo que Philipp tinha apenas um ano menos que ela - igualmente intrigante era o fato deque o filho de Emanuel, John, primeiro companheiro de jogos de Freud, fosse um ano mais velho do que ele próprio, seu pequeno tio.

- Então, sua bela e jovem mãe parecia, aos olhos do pequeno Sigismund, combinar muito mais com seu meio irmão Philipp do que com seu pai, mas era com o pai que Amalia Freud partilhava o leito.

- A situação ficou mais intensa com o nascimento de sua irmã Anna, em 1858, quando ele tinha menos de dois anos e meio: será que Philipp dera à sua mãe aquela rivalzinha odiosa? - Saber destas coisas, de certa forma, era tão necessário quanto perigoso.

- Estes fatos, além de vários outros envolvendo seu romance familiar, seriam reprimidos por Freud e somente viriam à tona em sua autoanálise no final dos anos 1890 - muitos destes fatos são relatados em suas obras a título de exemplo.

- A família de Freud, ao contrário do que ele mesmo dava ideia por vezes em seus escritos, era pobre.

- Mudou-se por pouco tempo para Leipzig, em 1859, e um ano depois foram para Viena, onde Freud viveu quase até o fim da vida.

- Freud nutria por Viena um sentimento de grande complexidade: nutria e expressava muito ódio pela cidade, mas ao mesmo tempo resistiu bravamente para deixá-la no fim da vida, como se verá adiante.

- Já quando criança, Freud sentia os efeitos do antissemitismo que crescia cada vez mais na Europa - Isso traz uma marcante lembrança de seu pai, momento em que começou a perder a visão poderosa que tinha do mesmo.

- Desde cedo, Freud foi de alguma forma “escolhido” para grandes feitos.

- Seus pais haviam escolhido seuprimogênito para ser aquele da família que teria mais acesso aos estudos e formação.

- Assim, havia investimentos em sua carreira escolar e universitária, seus pais faziam de tudo para encorajar o desenvolvimento do filho.

- Seu sentimento de excepcionalidade era alimentado por toda a família.

- Freud era o único da família que possuía um quarto somente seu para poder estudar, e o único da casa que tinha uma lapada de azeite, iluminação melhor para os estudos do que as velas usadas pelos outros; os outros membros da família eram proibidos de estudar música na casa a fim de não atrapalhar o jovem Sigmund.

- Há também a história de uma camponesa que, ao seu nascimento, profetizou que Amalia tinha dado ao mundo um grande homem.

- Além de todas estas questões, também é forte em sua personalidade o amor que recebeu da mãe, que, segundo ele, o tornou forte para enfrentar as dificuldades e obstáculos da vida: “para aquele que foi o preferido de sua mãe, nada é impossível”.

- Em 14 de novembro de 1886 Freud se casa com Martha Bernays.

- Ambos estavam compromissados há quatro anos, mas vinham adiando o casamento por questões financeiras - inclusive, precisou de dinheiro emprestado para o casamento.

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