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A Visão do sociólogo Zygmunt Bauman

Por:   •  17/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.749 Palavras (7 Páginas)  •  351 Visualizações

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UNIVERSIDADE FUMEC

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E DA SAÚDE

Camilla Gomes

Gabriella Costa Aguiar

Hyago Luis de Lima Souza

Laura Aguiar Rath
Rodrigo José Nunes Pinto

Valéria Rodrigues Branco

POLÍTICAS DO CORPO

A visão do sociólogo Zygmunt Bauman









Belo Horizonte

2017


Camilla Gomes, Gabriella Costa Aguiar, Hyago Luis de Lima Souza, Laura Aguiar Rath, Rodrigo José Nunes Pinto, Valéria Rodrigues Branco.

Trabalho acadêmico apresentado à Universidade Fumec, no curso de Psicologia, para avaliação do aproveitamento escolar no 9º período, na disciplina Psicologia e Saúde, ministrada pelo Professor João Batista de Mendonça Filho.


O pensamento de Bauman sobre o corpo está inserido em sua conceituação e caracterização de sociedade pós-moderna, que ele denominou “modernidade líquida”, referindo-se à rapidez e imprevisibilidade das transformações tecnológicas, sociais e econômicas e a consequente fluidez que vem sendo impingida a todos os níveis das relações humanas, seja na esfera pública ou privada.

Para melhor compreender suas reflexões sobre a política dos corpos nesta sociedade, faz-se necessário recorrer a sua interpretação histórica do surgimento desta liquidez. Bauman divide a era moderna em dois períodos: ‘modernidade sólida’, do XVI até a segunda metade do século XX, e ‘modernidade líquida’, a partir daí. Essas mudanças são compreendidas pelo autor como a dissolução da solidez das instituições que, na modernidade líquida, encontram-se em incessante transformação.

Ainda dentro dessa perspectiva, uma das principais transformações havidas nesse novo período é a transição de uma ‘sociedade de produtores’ para uma ‘sociedade de consumidores’.  Na primeira, a vida social “tende a ser normativamente regulada”, BAUMAN (2001, p. 90), citado por DÜRKS, D.B e PITHAN DA SILVA, S. (2013, pag.1) o indivíduo é conformado, busca a ‘normalidade’ e sua ambição se limita às condições necessárias ao desempenho de seu papel social. Na sociedade de consumo, o indivíduo é confrontado com uma nova visão de mundo, onde “o céu é o limite” BAUMAN (2001, p. 90), citado por DÜRKS, D.B e PITHAN DA SILVA, S. (2013, pag.1) a seus desejos. A lógica de mercado, na qual o novo logo se torna descartável, se desloca para a vida social, impondo-lhe o caráter de liquidez. Daí a denominação ‘sociedade de produtores’.

A sociedade de produtores caracterizava-se pela busca da ordem como um fim e como tarefa de instituições vinculadas ao Estado. Essa busca tinha outros vínculos com a liberdade moderna: “(...) a sua relação íntima com o individualismo e a sua ligação genética cultural com a economia de mercado e o capitalismo (...)”. BAUMAN (1989, p.60) citado por GOMES, Ivan Marcelo (2008, p. 16).

Nesse sentido, era necessário educar a população para as mudanças ocorridas no período – a revolução industrial, as descobertas científicas, etc. – o que favoreceu o advento de uma nova percepção do corpo de cada um dos indivíduos, uma vez que o sistema necessitava de corpos saudáveis para uma nova ética, a ética do trabalho. Novos padrões higiênicos são disseminados pela ciência, resultando em ações de controle dos Estados-Nação. De forma sutil, as instituições transferem o controle dos corpos à própria população que, no vigor do racionalismo, deixa de perceber suas condições de vida como meros desígnios da vontade divina para assumir a escolha e a responsabilidade por suas condutas.

Mas as políticas de controle dos corpos na modernidade sólida (sociedade dos produtores) eram normativas, estabeleciam um padrão de saúde único e homogêneo, competindo ao sujeito simplesmente seguir esse padrão para que fosse considerado normal, apto ao trabalho e ao convívio social. Isso mudou na modernidade líquida (sociedade dos consumidores), na medida em que a economia de mercado se tornava mais forte e globalizada.  As políticas do corpo nesse período passam a não estabelecer uma norma única e padronizada, concedendo ao sujeito a prerrogativa de escolher o que fazer do seu corpo, ao mesmo tempo em que abandona-o à pluralidade de desejos cuja satisfação está à venda no mercado.  

        Bauman debruça-se sobre a questão da ‘escolha’, traz à luz a figura do ‘conselheiro’ que, no quadro da privatização da esfera pública, substitui o líder (Estado) na difusão de ‘verdades’, científicas ou não, e é seguido pelos indivíduos com êxtase religioso. O autor aponta para um sujeito em permanente situação ‘desejante’ e ‘opressora’, paradoxo que pode ser lido por trás da busca pela saúde perfeita como condição identitária. Se antes o Estado-Nação dizia o que fazer dos corpos, hoje essa decisão está a cargo dos indivíduos. O declínio do poder decisório do Estado-Nação consolidou o processo de individualização presente na atualidade, processo que Bauman denomina de privatização da ambivalência.

        Neste ambiente, a saúde reflete a insegurança e a incerteza advindas da profusão de novas descobertas científicas e de novos produtos oferecidos pelo mercado. Inserida no universo das escolhas, ela torna-se um ônus para o indivíduo. O corpo está nos centros das preocupações líquidas modernas. A boa imagem corporal é tida como atributo essencial, que ‘abre portas’ em diversas instâncias da vida. O corpo se transforma em mercadoria. O cuidado com o corpo absorve grande fatia do mercado consumidor, espaço em que as empresas lançam novas tendências a cada momento. Assim, a busca de conformidade – torna-se um processo inatingível, impondo ao sujeito permanente adaptação aos padrões impostos pelo mercado.

        O cuidado com a saúde transforma-se em combate infindável contra a doença. A doença é algo sempre presente:

(...) clama por vigilância incessante e precisa ser combatida e repelida dia e noite, sete dias por semana. (...) o significado de um regime de vida saudável não fica parado. Os conceitos de dieta saudável mudam em menos tempo do que duram as dietas recomendadas simultânea ou sucessivamente.  BAUMAN, (2001, p. 93), citado por ANDRADE, S.S (2003, p. 125)

A busca por saúde e aptidão física organiza a vida em torno do consumo, estando o consumo articulado ao desejo que, segundo Bauman,

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