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Resenha de Charles Taylor, Richard Sennet e Zygmunt Bauman

Por:   •  20/7/2019  •  Resenha  •  2.020 Palavras (9 Páginas)  •  248 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE                                                                                                                    POLO UNIVERISTÁRIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES                                                                                 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E CIENCIAS DA SOCIEDADE DEPARTAMENTO DE CIENCIAS SOCIAIS DE CAMPOS

Resenha de Charles Taylor, Richard Sennet e Zygmunt Bauman.

Emanuella Carneiro de Oliveira¹.

Campos dos Goytacazes

2019         [pic 1]

Resenha de Charles Taylor, Richard Sennet e Zygmunt Bauman:

            Em Ética da autenticidade, o autor Charles Taylor procura reconstruir o argumento através da significação da cultura moderna. O autor acredita numa moral de cultura moderna idealizada, a qual ainda não se realizou completamente devido as distorções deste ideal na cultura contemporânea. Assim identificam-se três tipos de mal-estar predominantes entre nós. Trata-se de características da cultura e da sociedade contemporânea, que são experimentadas como uma perda ou um declínio, mesmo enquanto a civilização “se desenvolve” (Taylor, 2011, p. 11). O século XVII seria o marco inicial deste declínio.

O primeiro mal-estar, que Taylor percebe como uma fonte de preocupação é o “individualismo” (Taylor, 2011, p. 12). Esta ocorre muitas vezes no senso comum ao se considerar a maior conquista da civilização moderna, visto que vivemos em um mundo no qual as pessoas possuem o direito de escolher por si mesmas o próprio modo de vida. Desta forma, as pessoas não seriam mais sacrificadas às demandas de ordens supostamente sagradas que as transcendem. A liberdade moderna teria sido ganha por nossa fuga dos antigos horizontes morais. Mas mesmo nos limitando, diz Taylor, essas ordens davam significado ao mundo e às atividades da vida social. As coisas que nos circundavam não eram apenas matéria-prima ou instrumentos potenciais para nossos projetos, mas tinham o significado dado a elas por seu lugar na cadeia do ser. As pessoas perderam a visão mais abrangente porque se centraram na vida individual.

O segundo mal-estar e fonte de preocupação da vida moderna e contemporânea, para Taylor, é a “primazia da razão instrumental”, sendo esta diretamente ligada ao processo de desencantamento do mundo. Procura definir certo tipo de racionalidade em que nos baseamos ao calcular a aplicação mais econômica dos meios para determinado fim. A eficiência máxima e a melhor relação custo-benefício são a sua medida de sucesso. Uma vez que a sociedade não possui mais uma estrutura sagrada, e os arranjos sociais e os modos de ação não estão mais fundamentados na ordem das coisas ou na vontade de Deus, eles estão, em certo sentido, “disponíveis”. De maneira similar, uma vez que as criaturas que nos cercam perdem o significado que lhes foi atribuído de acordo com seu lugar na cadeia dos seres, elas podem ser tratadas como matéria-prima ou instrumentos para nossos projetos (Taylor, 2011, p. 14). A primazia da razão instrumental é evidente no prestígio que envolvem a tecnologia e nos fazem acreditar que deveríamos buscar sempre soluções tecnológicas para os problemas da humanidade. Taylor afirma que esta mudança foi libertadora. Por outro, há igualmente um mal-estar generalizado, e este é o ponto que mais preocupa o autor, o de que a razão instrumental não só ampliou seu âmbito como também ameaça dominar nossa vida.

O terceiro e último mal-estar são as consequências do individualismo e da razão instrumental para a vida política. Uma destas principais consequências se da pelo fato de que as estruturas e instituições da sociedade industrial tecnológica manipulam e restrigem fortemente nossas escolhas, forçam tanto as sociedades quanto os indivíduos a atribuir um peso à razão instrumental que em uma deliberação moral séria, nós jamais atribuiríamos, e que pode ser seriamente destrutiva (Taylor, 2011, p. 18). Como uma alienação da esfera pública e a consequente perda do controle político que está acontecendo em nosso mundo altamente centralizado.

Sendo assim, o autor percebe estes três mal-estares modernos na forma de medos compartilhados por nós, sendo o primeiro deles sobre o que poderíamos chamar de perda de significado, ou seja, o enfraquecimento dos horizontes morais. O segundo diz respeito ao eclipse dos propósitos diante da disseminação da razão instrumental. O terceiro é a perda da liberdade (Taylor, 2011, p. 19). Taylor deixa claro como a necessidade humana de reconhecimento social ganha contornos específicos na modernidade a partir da ascensão do ideal da autenticidade, o reconhecimento se torna inevitável e incontornável, se impõe como uma realidade objetiva sentida por cada indivíduo na vida moderna. Sua relação com a desigualdade social moderna é imediata, considerando que todos nós somos obrigados a perseguir metas de realização pessoal impostas pelo capitalismo, cujo alcance é evidentemente indisponível para todas as pessoas. Sob a cultura de um novo capitalismo, conforme descrito e analisado por Sennett. Esta cultura se impõe como sendo muito provavelmente a principal das distorções da ética da autenticidade, conforme analisada por Taylor.

A partir disso, é que esta nova cultura parece hoje transbordar as fronteiras institucionais e morais deste novo capitalismo e afetar também as dimensões pessoais e políticas da vida, naturalizando a desigualdade social contemporânea por um caminho novo.

No livro A cultura do novo capitalismo, o autor parte da perspectiva de que a contemporaneidade tem sido intensa em suas modificações nos modos de conceber a cultura. Essas modificações seriam marcadas pela crise das instituições e pelo crescimento das desigualdades econômicas. Nesse cenário, em que as instituições se fragmentam e as condições sociais se tornam instáveis, emerge um conjunto de desafios às subjetividades humanas. Sennett é um dos principais expoentes do pensamento social crítico contemporâneo. Tanto Taylor quanto Sennett buscam compreender uma espécie de cultura contemporânea, que ganha destaque no período posterior à Segunda Guerra Mundial. Enquanto Taylor da ênfase nos desdobramentos de uma moralidade na história do Ocidente a partir de alguns dos principais autores do pensamento ocidental, Sennett atenta desde seus trabalhos dos anos de 70, para algumas mudanças históricas na esfera da produção, que podem ser vistas por meio da mudança de experiência e de imaginário de pelo menos duas gerações da classe trabalhadora. Desta forma, ele nos oferece uma sociologia da ética da autenticidade, enquanto Taylor procura articular os horizontes morais que devem ser confrontados com esta sociologia.

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