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A DINÃMICA E OS USOS DO MEDO DE ZYGMUNT BAUMAN

Por:   •  27/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.196 Palavras (5 Páginas)  •  949 Visualizações

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MEDO LÍQUIDO - SOBRE A ORIGEM, A DINÃMICA E OS USOS DO MEDO DE ZYGMUNT BAUMAN

 O texto “Sobre a origem, a dinâmica e os usos do medo” é a introdução do livro “Medo Líquido” (2008) escrito pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. A obra é dividida em 6 capítulos: "O pavor da morte”, "O medo e o mal", "O horror do administrável", “O terror global”, “Trazendo os medos à tona” e “O pensamento contra o medo”. A introdução é uma síntese do que o autor tratará posteriormente em detalhes e uma reflexão sobre as origens dos medos, como eles aparecem e como são mantidos em nossa sociedade.

O livro, publicado pela primeira vez em 2006, é uma extensão de outra obra anteriormente já publicado (em 2000) chamado “Modernidade Líquida”. Assim, conceitos empregados no texto analisado como “Liquidez”, “as causas das incertezas modernas” e o modo como o consumismo tornou-se o principal agente desta mudança, foram pré-concebidas.

     

Preliminarmente devemos ter o conceito do que é o medo. Segundo Bauman (2008), medo é um sentimento que todo ser vivo compartilha em sua existência e pode funcionar como um dispositivo instintivo na presença do que cada ser considera uma ameaça. O conceito “Liquidez” é caracterizado principalmente pela efemeridade e fugacidade, em que “Solidez” é tudo aquilo que soa como retrógrado, ultrapassado, previsível em suas formas e possibilidades. Portanto, em nossa sociedade pós-moderna, o que vigora, segundo o sociólogo, é a ascensão de um objeto individual, em declínio das instituições sólidas e tradicionalistas. A rapidez das comunicações e dos sistemas junto com a emancipação das liberdades individuais fez com que teorias e verdades fossem constantemente contestadas, o que era dogmático, agora é efêmero, teórico e incerto.

Para relacionar o Medo à nossa sociedade, o autor categoriza três tipos de perigos em que se tem medo: os que ameaçam o lugar da pessoa no mundo (como a hierarquia social), os que ameaçam o corpo e as propriedades e os que rodeiam a pessoa no mundo. Com a revolução tecnológica e informacional, o conhecimento tornou-se amplamente difuso, paradoxalmente, em vez de proporcionar mais certezas em nossas vidas, esse conhecimento proporcionou um descontrole. Conhece-se as imprevisibilidades, e assim, os medos. Atualmente, o homem vive em uma ansiedade constante, ao mesmo tempo em que espera que algo possa acontecer, não acredita que o fato irá acontecer naquele instante.

Os medos são muitos e indissociáveis da vida humana. Para exemplificar essa falta de segurança moderna, há a citação do cronista Craig Brown de 1990 em que fala do “aumento das advertências globais” em que temos medo da violência urbana, das catástrofes naturais, do desemprego, das epidemias, de terrorismos e da exclusão como um todo. As variadas formas acabam por definir nossa própria vida. Desde criança já somos “encaminhados” a seguirmos um padrão de vida para, assim, “evitar” o acaso. O medo torna-se uma forma se controle social. O autor (2008) discorre sobre o medo derivado que é criado socialmente e diferenciado do medo instintivo, voltado para a sobrevivência. O medo derivado é provocado por angústias ligadas a temas que não estão relacionados diretamente à sobrevivência, mas que geram reações parecidas com as que seguem o do medo instintivo.

A partir disso, Zygmunt Bauman (2008) fornece os primeiros dispositivos que o ser humano obteve para “fugir” dessa onda de medo generalizado. Exemplos como o “Bug do Milênio” e do “Tratamento cosmético” mostram como que as pessoas usaram do consumo para se prevenir ou para preencher algo que a sociedade enxerga como inferior no indivíduo (retomando as formas de medo classificadas anteriormente). Além disso, cita o famoso carpe-diem líquido-moderno, “retardar a frustação, não a satisfação”, “viver como se não houvesse o amanhã”, afinal, o futuro é incerto, é líquido. O que antes o medo generalizado estava impedindo, como gastos de dinheiro (lembrando que desta forma, os bancos também são beneficiados), agora, existe uma ânsia por aproveitar e gastar deliberadamente como se não houvesse amanhã, que por incrível coincidência, é o lema do consumismo atual (“aproveite agora, pague depois”), logo, Os cartões  de certa forma possibilitam com que aquilo que era planejado para o futuro se torne presente.

O final de sua introdução é caracterizado por uma mudança de postura do sociólogo: há uma pausa no processo de analisar a sociedade de modo fotográfico e instantâneo para dar um tom pessimista e analítico de sua teoria. A partir de atuais eventos como o furacão Katrina, diz que um anúncio de uma catástrofe não produz nenhuma mudança real. Considerar os perigos improváveis ou nem sequer pensar neles é a desculpa que o homem encontra para não fazer algo tentando evitar o desastre. Dessa forma, conclui que a pior catástrofe é aquela em que não há credibilidade de que ela possa vir a acontecer.

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