A abordagem socio-cultural

A abordagem histórico-cultural surgiu para tentar explicar como se formaram as características tipicamente humanas e como elas se desenvolveram ao longo da história, e que teve Vygotsky como seu principal orientador. Do ponto de vista desta abordagem, tudo que é especificamente humano e o distingue dos outros animais, surgiu através do convívio em sociedade, ou ainda que, diferente de outras espécies, o homem, pelo trabalho, transforma o meio produzindo cultura. Uma das formas de se transformar e ao mesmo tempo transformar a sociedade é através do uso de instrumentos, pois têm fundamental importância e é controlada apenas pela relação entre as necessidades de sobrevivência e o ambiente. Em par de igualdade está o uso de signos, que se caracteriza por tudo que é utilizado pelo homem para representar, evocar ou tornar presente o que está ausente. A palavra, o desenho ou símbolos (como a bandeira ou o emblema do time de futebol) são considerados símbolos.

É importante ressaltar que a utilização de instrumentos e signos não se limitam à experiência pessoal de um indivíduo, como quando estamos utilizando um martelo, por exemplo, estamos incorporando a nossas ações as experiências das gerações precedentes, uma vez que o próprio martelo, o modo de manipulá-lo e a finalidade de seu uso nos são transmitidos nas nossas relações com o outro.

A maneira como a apropriação dos signos e instrumentos acontece, é sempre dada entre a relação com o outro. Desde o nascimento, a criança tem com o mundo uma relação mediada pelo outro e pela linguagem. O adulto aponta, nomeia, destaca, indica os objetos do mundo para a criança, ao mesmo tempo que atribui significações aos seus comportamentos. A partir de suas relações com o outro, a criança reconstrói internamente as formas culturais de ação e pensamento, assim como as significações e os usos da palavra que foram com ela compartilhados.

Vygotsky estudou, através de experimentos, o processo de constituição da atividade mediada. Para ele interessava somente o modo como as crianças chegavam as respostas e os modos pelos quais elas faziam isso, deixando de lado se estavam ou não certas.

Em relação a educação, ela pode ser definida como sendo o desenvolvimento artificial da criança, sendo o controle artificial dos processos de desenvolvimento natural. Vygotsky, embora aponte diferenças entre aprendizado e desenvolvimento, considera que esses dois processos caminham juntos desde o primeiro dia da vida da criança e que o primeiro, o aprendizado, suscita e impulsiona o segundo, o desenvolvimento. É preciso considerar, porém, que a presença do outro, o adulto, é sempre importante, pois a criança sozinha em contato com objetos não será capaz de entender todo o processo cultural por trás daquilo.

Por fim, sobre o papel da escolarização, é importante saber que embora a criança chegue a escola já dominando inúmeros conhecimentos e modos de funcionamento intelectual, durante o processo de educação escolar a criança realiza a reelaboração desses conhecimentos mediante o estabelecimento de uma nova relação cognitiva com o mundo e com o seu próprio pensamento. Nesse ambiente, as relações de conhecimento são intencionais e planejadas. Para Vygotsky, a educação escolarizada e o professor têm um papel singular no desenvolvimento dos indivíduos.

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