TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A identidade cultural do sujeito contemporâneo

Por:   •  7/11/2019  •  Artigo  •  1.066 Palavras (5 Páginas)  •  230 Visualizações

Página 1 de 5

A identidade cultural do sujeito contemporâneo

Silvio Martinez

  1. INTRODUÇÃO

Este artigo curto tem como objetivo elaborar um cotejamento entre as teses de Stuart Hall e do psicanalista Joel Birman, sobre identidade cultural. O referencial teórico para tanto serão, basicamente, os capítulos 1 e 2 da obra de Hall: "A identidade Cultural na Pós-modernidade" e a entrevista de Birman concedida para o projeto “Narciso no Espelho do Século XXI". O tema é oportuno em função do constante questionamento sobre as demandas advindas de uma nova identidade do homem pós-moderno.

O presente trabalho atende ao proposto na 1ª Avaliação da Disciplina do 10º B: Tópicos Especiais de Psicologia Contemporânea, do Curso de Psicologia da Universidade FUMEC, ministrado pela Professora Astréia Soares.

  1. DESENVOLVIMENTO

Denominada "A identidade em questão", a primeira parte do livro “A identidade Cultural na Pós-modernidade”, Hall (2005), aponta que há uma crise de identidade do indivíduo moderno na medida em que este, que antes estava ancorado em estruturas sociais definidas, hoje vive numa sociedade em constante mudança a ponto de fragmentar o cenário cultural e, portanto, fragmentado a identidade do sujeito moderno. Neste aspecto, para construir seu raciocínio ele trata de três concepções de identidade: a do sujeito iluminista (individualista); a do sujeito sociológico (interacionista); a do sujeito pós-moderno (fragmentado composto de várias identidades, às vezes contraditórias). Percorrendo essa trajetória histórica da concepção do homem, Hall traz a reflexão de que a condição de permanência, a certeza e a continuidade, são condições que se desmancharam nestes tempos pós-modernos, boa parte, em função da chamada “ globalização”, que ao mesmo tempo que promoveu interconexões econômicas, de produção e cultural, também trouxeram mudanças sociais que redefiniram as relações da sociedade. Um ponto importante dessas mudanças, por exemplo, são as relações de trabalho e de produção e isso afeta as pessoas no coletiva e individualmente.

A ordem social, portanto, segundo Hall, impôs mudanças que trouxeram a chamada “crise de identidade”.

Já na segunda parte do livro, "Nascimento e morte do sujeito moderno" surge o conceito de descentração do sujeito. O autor trata da "morte" do sujeito cartesiano e aponta cinco grandes obras ou fenômenos sociais que contribuíram para esse processo de descentramento na modernidade tardia (TEIXEIRA 2006).

O primeiro é a releitura de Marx nos anos 60 cujo homem é produto daquilo que lhe é fornecido na relação de produção e trabalho. O segundo é a teoria de Freud de que nossa identidade, sexualidade e desejos são formados nos processos psíquicos do inconsciente sendo construídos socialmente ao longo da vida do sujeito. O terceiro descentramento são os significados mutantes das palavras, que o linguista Saussure argumentava ao apontar que a língua é um sistema social e não individual. O quarto descentramento são os estudos de Foucault sobre o poder dos regimes disciplinares que querem regular, vigiar, governar e disciplinar, não só as sociedades, como o sujeito, seu corpo e seu desejo. Finalmente, o quinto descentramento foi o movimento feminista que emergiu nos anos sessenta e que trouxe junto outros movimentos sociais, como de estudantes, negros, gays, questionando e influenciando nas questões de ordem social, gênero, classes e até definição da noção de público e privado.

Portanto, os chamados descentramentos abalaram as estruturas do sujeito moderno e permitiram instituir, deslocamentos do sujeito através de uma série de rupturas nos discursos do conhecimento moderno.

Nas palavras do autor: "[...] o sujeito do iluminismo, visto como tendo uma identidade fixa e estável, foi descentrado, resultando nas identidades abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas, do sujeito pós-moderno" (p.46).

Os aspectos defendidos por Hall nos capítulos mencionados encontram ressonância no pensamento do psicanalista Joel Birman ao analisar o homem pós-moderno em entrevista para o projeto “Narciso no Espelho do Século XXI".

Briman atribui o desmembramento da identidade do homem moderno ao que ele chama, citando Foucault, de um sujeito “empresário de si mesmo”, o qual é narcisista, voltado para si mesmo, solitário e de relações superficiais baseadas na imagem que ele precisa vender para “se fazer” pertencente.  Este sujeito, segundo ele, surgiu no modelo de uma sociedade ideologicamente protestante e neoliberal.

Ele também, concorda e aponta que nos anos sessenta e setenta houve uma desorganização do modelo da sociedade substituída por um modelo neoliberal que desloca uma organização social estruturada por uma lógica determinada pelo imperativo de mercado de consumo e do prazer a qualquer preço. Este imperativo de mercado é que determina o sujeito moderno, “ empresário de si próprio”, que compra e busca o prazer como forma de vida.  Da mesma forma que Hill, ele entende que o fenômeno da globalização, que recriou formas de produção, relações de trabalho, estrutura econômica e influenciou as culturas das sociedades, produziu uma crise de identidade no homem moderno e também trouxe formas de adoecimento tais como a bulimia, anorexia e boderline.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (7.3 Kb)   pdf (103.4 Kb)   docx (11.6 Kb)  
Continuar por mais 4 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com