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“AMOR E OUTRAS DROGAS”: doença de Parkinson sob a ótica da neuropsicologia.

Por:   •  13/9/2017  •  Resenha  •  1.702 Palavras (7 Páginas)  •  1.211 Visualizações

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“AMOR E OUTRAS DROGAS”: doença de Parkinson sob a ótica da neuropsicologia.

  1. Sinopse

        “Amor e outras drogas” é um longa-metragem dirigido por Edward Zwick, e protagonizado por Jake Gyllenhaal (Jamie Randall) e Anne Hathaway (Maggie Murdock), que conta a história de Jamie Randall, um representante farmacêutico de talento excepcional para vendas – e para conquistar mulheres. A trama ocorre nos anos 90, quando Jamie Randall, acompanhando o médico Stan Knight (Hank Azaria), conhece Maggie Murdock, uma jovem solitária, de 26 anos, que vive determinada a não se prender a ninguém, especialmente por ser portadora de doença de Parkinson precoce em estágio 1.

  1. Considerações sobre a doença de Parkinson e suas relações com a neuropsicologia

        A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, descrita por James Parkinson em 1817, de distribuição universal e sem distinção de classe socioeconômica ou grupo étnico, acometendo cerca de 100 a 200 indivíduos para cada 100.000. Seu início é mais comum em torno dos 55 anos, sendo que sua incidência aumenta de acordo com a idade (SAS/MS, 2010; FERRI-DE-BARROS, 2010). É caracterizada pelo acometimento do sistema extrapiramidal, cuja principal função consiste em regular o tônus muscular e modular a contração involuntária da musculatura acessória, possibilitando a execução harmônica dos movimentos.  Este sistema envolve estruturas como a substância cinzenta do mesencéfalo (substância negra compacta e reticular), os núcleos da base e o córtex pré-motor. Os componentes dos núcleos da base de maior relevância para a doença de Parkinson são o corpo estriado (putâmen e núcleo caudado) e o globo pálido (interno e esterno). (LONGO, et al., 2013; FUENTES, et al, 2014)

        No sistema extrapiramidal, o córtex pré-motor atua em conjunto com o córtex motor, modulando os movimentos autônomos, inconscientes. Os núcleos da base, representados pelo corpo estriado e pelo globo pálido, liberam a acetilcolina, neurotransmissor de função inibitória, cuja presença no córtex pré-motor causa sua inibição. A substância negra do mesencéfalo, por sua vez, atua inibindo os núcleos da base, através da liberação da dopamina, principal neurotransmissor relacionado à fisiopatologia do parkinsonismo. (LONGO, et al., 2013)

        O mecanismo fisiopatológico básico envolvido na doença de Parkinson consiste na lesão dos neurônios dopaminérgicos que constituem a parte compacta da substância negra, causada pela presença de inclusões citoplasmáticas eosinofílicas, os corpúsculos de Lewy. Estas inclusões induzem a apoptose dos neurônios levando à perda da capacidade de liberar dopamina no sistema extrapiramidal. A diminuição da dopamina abre espaço para que os núcleos basais atuem com maior frequência no córtex pré-motor, através da liberação de acetilcolina, o que causa sua inibição. Ao se inibir o córtex pré-motor, há a redução da modulação dos movimentos involuntários, levando à clínica característica da doença de Parkinson: a tétrade parkinsoniana. (LONGO, et al., 2013; FUENTES, et al, 2014)

        A tétrade de Parkinson é composta por (1) tremor de repouso do tipo pronação-supinação, (2) bradicinesia – dificuldade para iniciar o movimento -, (3) rigidez – caracterizada pelo sinal da roda denteada – e (4) instabilidade postural. O tremor e a rigidez frequentemente são unilaterais ou assimétricos. Outros sinais e sintomas podem estar presentes, como a marcha parkinsoniana – passos curtos, ausência de movimentos dos braços e tronco para frente (busca pelo centro de gravidade) -, fáscies de múmia e dificuldade de realizar a propulsão, retropulsão e lateropulsão. (LONGO, et al., 2013)

  1. Diagnóstico da doença de Parkinson e suas relações com a personagem Maggie Murdock

        O diagnóstico da doença de Parkinson é iminentemente clínico, em virtude da escassez de outros recursos diagnósticos. De acordo com o Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido (apud Secretaria de Atenção à Saúde/Ministério da Saúde, 2010), os critérios são pertencentes a três grupos, sendo o diagnóstico fechado a partir da presença de lentidão dos movimentos (bradicinesia) associada a 1 critério do grupo “necessários” e pelo menos 3 critérios do grupo “suporte positivo”.

  • “Critérios necessários para diagnóstico de DP − bradicinesia (e pelo menos um dos seguintes sintomas abaixo)
  • rigidez muscular − tremor de repouso (4-6 Hz) avaliado clinicamente − instabilidade postural não causada por distúrbios visuais, vestibulares, cerebelares ou proprioceptivos
  • Critérios negativos (excludentes) para DP
  • história de AVC de repetição − história de trauma craniano grave − história definida de encefalite − crises oculogíricas − tratamento prévio com neurolépticos − remissão espontânea dos sintomas − quadro clínico estritamente unilateral após 3 anos − paralisia supranuclear do olhar − sinais cerebelares − sinais autonômicos precoces − demência precoce − liberação piramidal com sinal de Babinski − presença de tumor cerebral ou hidrocefalia comunicante − resposta negativa a altas doses de levodopa − exposição a metilfeniltetraperidínio
  • Critérios de suporte positivo para o diagnóstico de DP (3 ou mais são necessários para o diagnóstico)
  • início unilateral − presença de tremor de repouso − doença progressiva − persistência da assimetria dos sintomas − boa resposta a levodopa − presença de discinesias induzidas por levodopa − resposta a levodopa por 5 anos ou mais − evolução clínica de 10 anos ou mais.” (SAS/MS, p.212-213. 2010)

        Maggie Murdock, personagem alvo desta análise, não pode ser corretamente observada e enquadrada nestes critérios pela simples observação, uma vez que esta está em uso de medicação, o que atenua os sintomas característicos. Contudo, em alguns momentos do filme, Maggie relata sobre sua doença e medicações que utiliza. É possível observar, em um destes relatos, que a personagem apresenta tremores de extremidades em repouso, boa resposta a levodopa (Sinemet CR 50 mg, VO – via oral -, 2x/dia) e bradicinesia. Maggie refere ainda estar em uso, além do Sinemet, de Artane® (cloridrato de triexifenidil) 2 mg VO 3x/dia, domperidona 10 mg VO 3x/dia e Prozac® (fluoxetina) 40 mg VO 1x/dia (pela manhã).

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