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AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA: AUTÓPSIA PSICOLÓGICA PARA CASOS DE SUICÍDIO

Por:   •  10/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.876 Palavras (8 Páginas)  •  444 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

Um dos fenômenos mais intrigantes, para psicólogos e psiquiatras, certamente, é o fato de o indivíduo optar livremente pela sua própria morte. O suicídio tem sido estudado e interpretado sob vários ângulos e múltiplos enfoques, tendo possibilitado muitas discussões teóricas e gerado um número significativo de publicações. Apesar dos avanços nessa área e dos cuidados tomados pelos cientistas, tem sido difícil compreender as características pessoais dos sujeitos que realmente cometem suicídio, O principal problema, sem dúvida, é saber como predizer que indivíduos, potencialmente suicidas, vão transformar suas fantasias e ideações em atos concretos.

Litman (1996, p.3) afirma que, “no presente estado de nosso conhecimento, somos incapazes de prognosticar suicídio”. Porém a literatura nos diz que é possível chegar à compreensão do suicídio. Segundo o texto 75 a 90% dos casos comunicam previamente a intenção suicida a familiares e amigos, o que demonstra que, num significativo número de casos, o suicídio não é resultado de um ato repentino e impulsivo, e sim, de um plano premeditado, desenvolvido gradativamente. Tripicchio (2010) nos trás alguns tipos de grupos suicidas, como os simbólicos; que realizam o suicídio de maneira bizarra, em público, necessitando de uma plateia. Os obsessivos-compulsivos; onde a persistência da compulsão dificilmente diferencia-se da do alcoolista em relação à bebida, do viciado em relação à droga, o individuo é obrigado pela urgência de encontrar sua própria morte simbólica como, comer vidro, aranhas venenosas, banhar-se em querosene e atear fogo. Já os suicidas emocionais; o fazem para impor angústia a outros, humilhação por falência financeira, vergonha da exposição pública, solidão, abandono, desespero, inutilidade e fracasso no amor.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O suicídio tem sido referenciado sob vários enfoques e, muitos métodos têm sido utilizados para abordar esse tema. Entretanto, os avanços nos estudos, ainda, não são suficientes para compreender os verdadeiros motivos que levam os sujeitos a cometerem suicídio. Conforme Werlang (apud CUNHA, 2003, p.196), “o principal problema, sem dúvida, é saber como predizer que indivíduos, potencialmente suicidas, vão transformar suas fantasias e/ ou ideações em atos concretos”. Para tanto, é fundamental entender como é definido o suicídio pelos estudiosos, quais os principais fatores envolvidos, bem como o funcionamento da autópsia psicológica que é realizada para fomentar o resultado da perícia.

2.1 O suicídio

Conforme Ribeiro (?), o suicídio foi primeiramente utilizado pelo abade Desfontaines em 1734, que referia-se a assassinato ou morte de si mesmo, oriundo da palavra francesa Sui (si mesmo) Caedes (ação de matar). Nos tempos modernos, o suicídio é definido como morte voluntária. Para Shneidman (apud RIBEIRO, ?), o suicídio é "[...] o ato humano de cessação auto-infligida, intencional" e que pode ser melhor compreendido ‘como um fenômeno multidimensional, num indivíduo carente, que define uma questão, para a qual o suicídio é percebido como a melhor solução’".

A grande maioria das pessoas não considera o suicídio como um ato natural, Marx (2006, p.24 e 25) todavia, sabiamente discorda desta colocação. Dizia ele que...

As doenças debilitantes, contra as quais a atual ciência é inócua e insuficiente, as falsas amizades, os amores traídos, os acessos de desanimo, os sofrimentos familiares, as rivalidades sufocantes, o desgosto de uma vida monótona, um entusiasmo frustrado e reprimido são muito seguramente razoes de suicídio para pessoas de um meio social mais abastado, e até o próprio amor à vida, essa força enérgica que impulsiona a personalidade, é frequentemente capaz de levar uma pessoa a livrar-se de uma existência detestável. [...] É um absurdo considerar antinatural um comportamento que se consuma com tanta frequência; o suicídio não é, de modo algum, antinatural, pois diariamente somos suas testemunhas. O que é contra a natureza não acontece. Ao contrário, está na natureza da nossa sociedade gerar muitos suicídios, ao passo que os Tártaros não se suicidavam.

Diante destas colocações, o que se torna difícil, não é compreender o que é o suicídio, conforme Werlang (2012, p.1955) o difícil é “compreender e explicar porque algumas pessoas decidem cometer suicídio, enquanto outras em situação similar ou pior não o fazem. Esse comportamento resulta, sem dúvida, de uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais”.

Werlang (apud CUNHA, 2007) ressalta, que na maioria dos casos, o suicídio não é resultado de um ato repentino, mas sim de um plano previamente elaborado. De modo que a vítima (a pessoa que comete suicídio) na grande maioria das vezes mostra sinais de que algo não está bem, ou comunica – de forma direta ou indireta – alguém próximo sobre a intenção. Durkheim (apud Ribeiro, ? p.13) propôs três aspectos suicidas, sendo eles:

• Egoísta: decorre do enfraquecimento do controle social com o favorecimento do individualismo mórbido que tendesse ao suicídio;

• Altruísta: contraponto ao anterior, seria exemplificado pelos casos de esquimós idosos, que se afastam da tribo para morrer, convictos de que se haviam tornado um "peso morto" para sua comunidade;

• Anômico: decorre de conflitos sociais internos, como a emigração, desorganização social e dificuldades econômicas, que frustrariam as aspirações do indivíduo, levando-o ao suicídio.

Além disso, considera-se ainda, que o suicídio é um fenômeno exclusivamente humano que ocorrente em todas as culturas, variando apenas o valor atribuído a tal fenômeno, de modo que ao longo do tempo, já foi considerado ato de nobreza, mas também de covardia. Para algumas civilizações o suicídio era exigido como ato de nobreza, de respeito aos soberanos, como forma de rendição ou arrependimento, traição ao povo. Houve também, épocas em que o suicídio era proibido e/ou considerado sacrilégio, onde, não apenas a vítima, mas também sua família sofriam as penas do ato (SHNEIDMAN apud RIBEIRO, ?).

Conforme Ribeiro (?), na década de XIX surgem os primeiros estudos sobre o suicídio. Entre estes, Durkheim aborda o suicídio como um fenômeno social, sendo assim não poderia ser limitado ao aspecto individual. Kalina e Kovadloff (apud RIBEIRO, ? p.5), por sua vez, dizem

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