As principais contribuições de Sartre para o pensamento Psicológico

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

As principais contribuições de Sartre para o pensamento psicológico.

     O século XX foi marcado por discussões das instruções nascidas nos séculos anteriores, que buscavam se firmar como científicas, utilizando a perspectiva positivista.  A crise epistemológica da psicologia foi debatida por vários teóricos, entre eles Vigotski e Politzer, que questionavam o fato da disciplina ter ficado retida na dicotomia entre um subjetivismo e um objetivismo sem recursos.

     A fenomenologia, constituída a partir dos trabalhos de Edmund Husserl, fornecia elementos ontológicos e metodológicos para intentarem tais questionamentos. Para o psiquiatra fenomenológico, o parecer da situação do paciente devia ser feito sempre a partir da realização da biografia do sujeito, a vida psíquica é um todo, desenvolvida em forma temporal. Politzer baseado em tal contesto vai propor que a biografia deve ser o objeto da psicologia, interessando a história de vida.

     Sartre irá aderir ao movimento crítico, sendo para ele a crítica e a elaboração de novos fundamentos da psicologia um dos elementos constantes de toda sua obra. O método biográfico destaca-se como uma das preposições para compreender o movimento do sujeito no mundo.

    Jean Paul Sartre foi influenciado pela historiografia contemporânea francesa e pelo historicismo marxista. A concepção do homem para ele é histórica e dialética, sendo o sujeito compreendido levando em conta sua história individual, sua conjuntura familiar, seu contexto social, sua época cultural, sendo este homem feito pelo conjunto de tais fatores. A psicologia existencialista pauta-se nessa antropologia, sendo que Sartre buscou fundar tais estudos sobre o homem de uma forma estrutural e histórica.

     Para compreender um homem é preciso ir além daquilo que ele fala ou reflete sobre si, sendo necessário descrever o contexto no qual ele está inserido, destacando a especificidade da existência humana, ao tomar o homem concreto na sua realidade, sendo que, esta concepção do concreto é a história.

     Importante destacar que o Marxismo e o Existencialismo, consideram que os fatos nunca são fenômenos isolados; eles se dão em conjunto. Sartre dentro de tal contexto assinala precisar a relação do sujeito com as estruturas que o determinam, argumentando que o acaso não existe, pois são os sujeitos efetivos que fazem a história.

     As obras biográficas de Sartre produzirá uma perspectiva interdisciplinar, construindo todo um sistema entre a psicanálise, o marxismo e o existencialismo. Defende a psicanálise como um método que permite estudar toda a sistemática no qual uma criança chega a desempenhar um papel social que lhe foi imputado. O existencialismo aqui difere do marxismo, acredita poder integrar a psicanálise, porque esta descobre o ponto de inserção do homem em sua classe, destacando a família singular como mediação entre a classe universal e o indivíduo.

     Assim a relação entre indivíduo e grupo ou singular e universal é dentro de toda essa relação essencial para o entendimento da realidade humana. Sendo assim os grupos estão em constante processo de construção dentro desta discussão, sendo assim o homem faz a sua história, ao mesmo tempo em que é feito por ela, pois segundo Sartre a história é “uma realidade provida de significação e alguma coisa que ninguém possa reconhecer-se inteiramente, enfim, uma obra humana sem autor”.

     Sartre denomina de projeto ser o processo de transcender o que está dado em direção ao futuro, sendo este projeto norteado pelas condições materiais, sociais, históricas que definem a existência de um homem. O projeto objetiva-se em atos, sentimentos, paixões e ideologias.

     O existencialista é levado a conceber que a vida se desenvolve em espirais, pois Sartre acredita que ela volta a passar sempre pelos mesmos pontos, mas em níveis diferentes de integração e complexidade.

     O método biográfico em Sartre foi sendo construído aos poucos, tendo dois momentos cruciais de bases teóricos-metodológica, sendo a psicanálise existencial, elaborada no final dos anos 30 e os aportes técnicos de seu questão de método. O existencialismo conclui seu capítulo sobre a Psicanálise Existencial, sendo que seus traços encontrados na realização de certas biografias.

     O método psicanálise existencial propõe uma forma objetiva de investigar a dimensão de ser do sujeito humano, compreendido enquanto ser-no-mundo, como ser-em-situação, um singular-universal, tendo como ponto de partida da investigação as diferentes dimensões da vida de relações dentro dos aspectos concretos de sua vida.

     Sartre tinha como objetivo em sua psicanálise decifrar o nexo existente entre os diversos comportamentos, gestos, emoções, raciocínio do sujeito, extraindo o significado de cada um desses aspectos a um fim, definindo o sentido da vida de alguém, sendo assim a psicanálise existencial deve decifrar o “ projeto de ser” de cada indivíduo. Isso significa que o homem dever ser encontrado inteiro em todas as suas manifestações, a maneira que se encontra no mundo, as posturas morais e políticas, os valores... remetem sempre ao projeto de ser.