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Capitulo 5 - Pacientes Terminais: Um Breve Esboço – Valdemar Augusto Angerami Camon & Dedicado a Regina D'Aquino

Por:   •  26/9/2016  •  Resenha  •  1.882 Palavras (8 Páginas)  •  1.046 Visualizações

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Resumo: Capitulo 5 - Pacientes Terminais: Um Breve Esboço – Valdemar Augusto Angerami Camon & Dedicado a Regina D'Aquino

O capitulo traz uma tentativa de relatar sobre uma problemática especifica: o paciente terminal, seu definhamento corpóreo e suas implicações. Assim buscando elaborar um trabalho em que as principais proposições e celeumas existentes nas discursões teóricas sobre o paciente terminal fossem arroladas. A exploração e os questionamentos é uma forma de desperta a consciência sobre os fatos e coisas mitificadas, principalmente pela omissão social e ate acadêmica. É fato que a partir desse trabalho haja mais dedicação ao estudo temática da morte, havendo cada vez mais lugar para compreensão mais humana e digna das questões envolvendo a morte.

Problemática Social do Paciente Terminal

  1. A Sociedade e o Paciente Terminal

Ao debruçarmo-nos sobre a temática dos aspectos terapêuticos inerentes ao paciente terminal, deparamo-nos inicialmente com as implicações existentes na sociedade. Em uma sociedade em que a pessoa é espoliada e explorada mercantilmente, a perda da capacidade produtiva fará com que o “desamparo social” seja sentido com mais intensidade. O abandono que se encontram entregues os inválidos, leva o paciente terminal a desesperar-se diante da realidade na qual se encontra. Encontramos pacientes com doenças degenerativas que não apresentam sinais visíveis de definhamento corpóreo nem sinais de comprometimento em seu pragmatismo e mesmo não se encontrando no aspecto terminal de suas vidas, não conseguem voltar às atividades anteriores ao surgimento da doença. Ribeiro coloca que o hospital acaba sendo uma oficina, e o médico, seu principal mecânico. Cumpre a ele fazer que a máquina homem retorne o mais depressa possível a circulação como mercadoria ambulante. A presença da doença degenerativa faz com que o paciente seja discriminado e ate rejeitado, desde situações familiares até em situações em que exercem atividades produtivas. Ele acaba carregando o fardo de alguém “desacreditado”, seja em termos de capacidade produtiva, seja em termos de mitificação de que se reveste a problemática da doença. Em uma sociedade que escraviza o homem valorizando os meios de produção em detrimento dos valores de dignidade humana, a saúde passa a ser algo valorizado apenas quando está em risco à capacidade funcional do individuo. Torres afirma que o moribundo só tem o status que lhe é conferido pelo universo hospitalar, ou seja, um status negativo, o de um homem que por não poder voltar à normalidade funcional, encontra-se a espera. O moribundo que incomoda. Também é no paciente terminal que toda sorte de preconceitos, independentemente da patologia que possa acometê-lo, encontra-se enfaixada e direcionada para atitudes que propulsionam muito mais a dor do tratamento em si para aspectos pertinentes a tais preconceitos. Assim, um paciente, ao ser rotulado aidético, por exemplo, trará sobre si, além de todo o sofrimento sobre sua debilidade orgânica, uma série de acusações sobre a maneira distorcida como a sociedade concebe sua patologia. O preconceito faz com que toda e qualquer patologia associada diretamente à ideia de morte seja considerada infectocontagiosa e seus portadores, pessoas que necessitam ser alijadas do convívio social. Todos nós morremos um dia; é apenas uma questão de tempo. A morte, na verdade, é tão parte da existência humana, do seu crescimento e desenvolvimento, quanto o nascimento. Humanizar as condições de vida do paciente terminal é, acima de tudo, buscar uma congruência maior em todo o seio da sociedade, harmonizando a vida e a morte de maneira indissolúvel. A morte é parte inerente da condição humana e o apoio a alguém que se encontra no leito mortuário é, antes de tudo, o reconhecimento da nossa própria finitude. Da nossa condição de seres mortais e, portanto, passíveis das mesmas vivências e ocorrências do paciente terminal.

  1. O Staff e o Contexto Hospitalar Diante do Paciente Terminal

Os hospitais são instituições comprometidas com o processo de cura e os pacientes a morte são uma ameaça a essa função precípua. O paciente vive um momento do qual seu familiares e o staff hospitalar também fazem parte e essa participação muito influencia no estado do paciente em relação a aceitação do tratamento e da doença , através da trajetória hospitalar se cia um vinculo paciente-equipe onde a expectativa desta equipe pode influir e ate mesmo causar conflitos com o paciente . O staff hospitalar pode variar conforme a reação do paciente em relação a sua situação, o staff hospitalar acredita que não oferecendo cura para o paciente, não poderá lhe oferecer mais nada, temendo que os pacientes ou familiares venham a pensar na hipótese de fracasso, pois a instituição hospitalar existe para curar, desta forma então o staff hospitalar se vê na responsabilidade de cuidar deste paciente e de sua doença de maneira infalível. E criado então um clima de reponsabilidade do profissional perante este paciente, pois não existe espaço para erros e aceitação da morte se transforma em uma ameaça ao trabalho infalível do profissional que não aceita o fracasso isso acaba desgastando o paciente que começa a não aceitar mais o tratamento e preferi sua rendição, e necessário que cada profissional envolvido nesta problemática tome consciência de sua atuação com esse tipo de paciente, pois de nada adiantara uma real sensibilidade na comunidade da verdadeira e desoladora problemática da doença degenerativa, se no ambiente hospitalar esse paciente continuar a sofrer toda a intensidade da rejeição social de que se reveste a problemática.

Alguns Dados Relacionados com a Vivência do Paciente Terminal

O psicólogo habituado a trabalhar aspectos e esquemas corporais certamente domina o limiar da verbalização, tendo como cerne de sua atuação o expressionismo gestual. Ao enfatizarmos a comunicação não verbal, estamos abertos em uma dimensão muito mais intensa aos mais variados sentimentos, não passiveis de verbalização, portanto, há sentimentos que comunicamos apenas e tão somente pelo expressionismo corporal. Na relação terapêutica com o paciente terminal, o contato e a dimensão do expressionismo corporal existem, inclusive, não apenas como opção de atuação, mas também como alternativa ao definhamento corpóreo progressivo do paciente. Dessa maneira, vamos encontrar alguns pacientes que, em certos momentos, em consequência do definhamento corpóreo em que se encontram, além da dor e do torpor provocado pelo tratamento medicamentoso a que são submetidos, não conseguem expressar-se de outra forma a não ser pelo afagar de mãos, ou pela comunicação estabelecida pelo olhar. O olhar angustiado e suplicante de um paciente terminal possui a imensidão da dor e do desespero presentes no existir humano. Mesmo em situações nas quais o paciente consegue expressar-se verbalmente, o relato sempre vem acompanhado de um forte expressionismo corporal. A vivência com o paciente terminal possui sempre presente o espectro da morte, ainda que ele não manifeste verbalmente essa presença. O próprio definhamento corpóreo é um indicio marcante e verdadeiro da morte eminentemente presente da relação. O exaurir da morte traz à tona o processo, mostrando a irreversibilidade do tempo e do espaço nas coisas que se deixaram por fazer, ou que foram preteridas ou postergadas para outro momento. As razoes do existir e a própria razão sofrem constantes revisões, transcendendo muitas vezes até o limiar da existência. O olhar, dentre as formas de expressionismos dos sentimentos, é, seguramente, a mais abrangente em termos de dimensionamento absoluto. Um olhar de dor mostra o sofrimento de uma maneira que as palavras sequer podem conceber. A vivência com o paciente terminal traz muito presente o olhar, seja talvez por ser o mais puro dos expressionismos, seja ainda por conseguir transmitir os verdadeiros sentimentos daquele momento desesperador. O olhar tem sido uma das formas expressivas que se tem demonstrado grande parte da subjetividade humana, onde os sentimentos podem ser demonstrados de formas absolutas. E a vivência com pacientes trás bastante o presente olhar, sendo às vezes uma forma mais simples para expressar tais sentimentos. O relato de M.C.C. em seu leito de morte traz em momentos olhares de sofrimento, mas no último encontro, pode se reparar em seu leito um olhar que expressava um brilho que era incomum e desse brilho, pode se notar o brilho da morte, pois M.C.C havia acabado de falecer. Ao morrer, M.C.C. mostrou as luzes da morte e uma súplica de que queria mais alguns instantes de vida. A relação com paciente terminal é feita em seu leito de morte, onde se vê o paciente definhando. Nesse ambiente é encontrado sofrimento e dor causados pela doença. A vivência do terapeuta com paciente terminal, mostra que o terapeuta deve assumir determinados questionamentos e valores e relação a morte a ao ato de morrer. A ideia de as vezes a aceitação da morte ser necessária torna ainda mais difícil para o profissional de saúde, tornando-se aflito por tal desejo. No caso seguinte de F.A.L., um jovem que estava hospitalizado em São Paulo, o mesmo já não aguentava mais os tratamentos e começou a recusa-los, tornando a vida dos profissionais difíceis. O que o jovem F.A.L. gostaria era só voltar para sua cidade e ficar perto da sua família, pois lá ele estaria feliz. Para os médicos a negligência do tratamento era um confronto contra as leis da medicina, onde eles não aceitavam tal conduta. Os primeiros contatos com o terapeuta, fizeram com que F.A.L. tivesse um vínculo de amizade. Posteriormente depois de alguns encontros o terapeuta foi avisado de que F.A.L. retornaria a sua cidade. A equipe de saúde depois de muitas discursões resolve liberar o paciente terminal, para que o mesmo voltasse para cada e seus familiares. Assim no ultimo dia o paciente chorou muito ao relatar sua alegria em volta para sua casa e seu canto. Após a despedida a sensação que invade é que nunca mais o mesmo voltaria, a dor da despedida esquecia todas as circunstancias que determinava o afastamento. Na sequencia como estava previsto, o paciente foi ao recital, junto sua família, onde os mesmos providenciaram uma cadeira de rodas para que o mesmo fosse transportado, seu estado de saúde ainda inspirava bastante cuidado. Após o termino do recital era visível à alegria e paz no paciente terminal, vendo sua comoção, mostrando que a musica era umas das formas mais maravilhosas, transmitia paz. No dia seguinte, ao entardecer, junto ao paciente terminal em sua casa, o mesmo pediu que tocasse uma musica, pois era algo que transmitia alivio. A demonstração de seu relato na busca do alivio na morte, era algo dilacerante, algo inconcebível, mesmo para pessoas que teoricamente até aceitava tal posicionamento. Sua alegria demostrava naquele momento que nada mais queria da vida a não ser uma felicidade igual a sua vida. Mas nesse dia em que sua felicidade era plena, foi o seu ultimo, pois ao dormi como de habitual o mesmo amanheceu morto, havia então morrido em paz. O sentimento de abandono que experimentamos quando morre um paciente que atendemos é desolador, o único resíduo que fica é as coisas deixadas e ensinadas durante seu período de convivência. O contato com o paciente terminal questiona a maneira profunda e crucial dos valores da essência humana, pois nos ensina uma nova forma de vida, uma nova maneira de encarar as vicissitudes que permeiam a existência, uma forma de vivencia mais autentica, na qual os valores permeiam as relações interpessoais. A vida ganha novo significado, ao se perceber a amplitude da importância de cada segundo, olhando para cada detalhe da existência, pois a morte se torna um processo vital, e o brilho de um doce e meigo olhar seja a razão de toda a eternidade.

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