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Da Redistribuição Ao Reconhecimento? Dilemas Da Justiça Numa Era ‘’Pós Socialista’’

Por:   •  20/11/2023  •  Resenha  •  1.410 Palavras (6 Páginas)  •  26 Visualizações

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Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era ‘’pós socialista’’

FRASER, N. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de Campo (São Paulo - 1991)[S. l.], v. 15, n. 14-15, p. 231-239, 2006. DOI: 10.11606/issn.2316-9133.v15i14-15p231-239. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/50109. Acesso em: 4 maio. 2022.

Nancy Fraser é uma teórica crítica feminista norte-americana, que ao longo dos anos, realizou contribuições relevantes em debates acerca do capitalismo, democracia, feminismo, reconhecimento, políticas afirmativas, justiça, o que fez com que se tornasse referência na teoria crítica contemporânea, além de ser uma das principais teóricas da 2ª onda do feminismo nos EUA. Atualmente é professora titular da cátedra Henry A. and Louise Loeb de ciências políticas e sociais da New School for Social Research, em New York, a autora publicou diversos trabalhos de grande impacto nas áreas da teoria crítica, assim como das áreas da filosofia política e social.

Seu tradutor, Julio Assis Simões, atua nas linhas de pesquisa em Marcadores Sociais da Dfiferença e Antropologia da Política e do Direito, principalmente nos temas de cultura e política, movimentos sociais, sexualidade e gênero e de envelhecimento e periodização da vida. É graduado e licenciado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), mestrado em Antropologia Social e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Desde o ano de 2001 é Professor do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo.

Neste texto, a autora discute sobre como a denominada ‘’luta por reconhecimento’’ tem se tornado um conflito político no final do século XX, visto que nas lutas de grupos unidos em mobilização por sua nacionalidade, etnicidade, raça, gênero e sexualidade havia um ‘’reconhecimento da diferença’’ como incentivo. Dentro desses conflitos, a identidade de cada grupo como interesse, ia além do interesse da classe, assim como a dominação cultural ultrapassava a exploração como principal injustiça, e o reconhecimento cultural substitui a chamada redistribuição socioeconômica como solução e objetivo dentro dessa luta política.

A obra original é dividida entre cinco seções, porém essa versão traduzida de Júlio Assis Simões, o tradutor irá focar apenas nas três primeiras seções. Na introdução, a teórica discute sobre como essas lutas pelo reconhecimento funcionam numa realidade com evidente desigualdade, em relação a renda/propriedade, possibilidade de trabalho renumerado, saúde, educação, lazer e como consequência as diferenças sobre expectativa da vida, e taxas de mortalidade. Mais adiante, revela que o objetivo do texto é ligar duas problemáticas políticas relacionadas para dessa forma se chegue a ideia do que é necessário na atualidade.

Na primeira seção, intitulada ‘’ The Redistribution-Recognition Dilemma’’ a autora irá trazer as perspectivas políticas, onde cada uma tem um conceito diferenciado de compreender a injustiça e as possíveis soluções pensadas para as problemáticas.

Já na segunda seção, ‘’Exploited Classes, Despised Sexualitities, and Bivalent Collectivities’’ foca na ideia de remédios distributivos que são necessários dentro das injustiças distributivas, como por exemplo, na classe trabalhadora explorada e dos remédios de reconhecimento que são fundamentais, como, nos grupos de sexualidade desprezada que sofrem injustiças de discriminação.

E enfim na terceira seção, chamada ‘’Affirmation or Transformation? Revisiting the Question of Remedy‘’ se fala das concepções alternativas de redistribuição e de reconhecimento, de modo, a distingui-las na sua perspectiva para que se possa corrigir as injustiças da associação reformulando a ideia de redistribuição-reconhecimento, no caso, separando-as como afirmação e transformação.

Primeiramente, ao se falar da justiça, é preciso entender que existem dois conceitos dela, que seria a injustiça econômica e a justiça cultural/simbólica. O primeiro tipo se estabelece na estrutura da esfera econômica-política da sociedade, como é no caso da exploração, onde o trabalho do indivíduo é explorado em prol do benefício de outrem; da marginalização econômica, em que se é forçado a um trabalho desfavorável, sem acesso a um trabalho renumerado; assim como na privação, que não se tem acesso a um padrão de vida adequado. Já o segundo tipo se estabelece nos padrões sociais em que se inclui a dominação cultural, em que se é obrigado a um padrão de comunicação e interpretação com uma cultura dissociada a sua própria; o ocultamento, onde o indivíduo se vê invisível dentro da sociedade, mesmo que dentro da própria cultura; e o desrespeito, em que o ser é difamado e desacreditado dentro das interações do cotidiano e do que se entende dentro dos padrões estereotipados reconhecidos dentro da sociedade.

No caso da justiça econômica a solução seria uma reestruturação político-econômica, no que poderia incluir uma redistribuição de renda, reorganização na divisão do trabalho, ou na transformação de estruturas econômicas básicas, já na injustiça cultural, seria uma mudança cultural, em que as identidades antes desrespeitadas e as culturas destes grupos poderiam ser revalorizadas, ou haveria um reconhecimento e valorização positiva dentro da diversidade cultural. Porém quando essas duas problemáticas ocorrem de forma simultânea, suas soluções se desencontram, visto que quando as lutas de reconhecimento chamam a atenção para a particularidade de um grupo para afirmar seu valor, encorajam a diferenciação do grupo, enquanto que as lutas de redistribuição ao buscarem rever as estruturas econômicas que se apoiam na especificidade de um grupo, como na abolição da divisão do trabalho baseado no gênero, incentivam a não-diferenciação do grupo, e assim os objetivos de ambos acabam sendo contraditórios.

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