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Efeitos do Uso da Terapia Focada na Compaixão em grupo de Familiares de Portadores de Transtorno do Espectro Autista

Por:   •  19/9/2022  •  Artigo  •  4.005 Palavras (17 Páginas)  •  89 Visualizações

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Efeitos do uso da Terapia Focada na Compaixão em grupo de Familiares de Portadores de Transtorno do Espectro Autista

Ana Laura Araújo Dutra[1]

Centro Universitário Luterano de Palmas

Andrea Nobre de Carvalho Koelln[2]

Centro Universitário Luterano de Palmas

Arthur Gabriel França Sarmento[3]

Centro Universitário Luterano de Palmas

Sonielson Luciano de Sousa[4]

Centro Universitário Luterano de Palmas

Resumo

Pais de portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA) vivenciam muitos desafios diariamente e, por consequência, passam por sofrimentos emocionais que comprometem a saúde mental. Devido a extrema dedicação que a circunstância exige, muitas vezes o cuidador fica sem cuidado. A intervenção teve como objetivo proporcionar atenção psicossocial e escuta qualificada aos familiares de portadores de TEA, aplicando a técnica da Terapia Focada na Compaixão (TFC), com ênfase na promoção da saúde, caracterizando-se como possibilidade de intervenção em diferentes processos. A TFC tem como foco a compreensão de áreas referentes a sistemas de regulação do afeto e a importância das relações afiliativas e gentis na regulação de estados mentais, incluindo mecanismos para a terapia e mudança. Os resultados permitiram conhecer o significado e a contribuição da rede social de apoio. O treino da compaixão oferece benefícios terapêuticos, psicológicos e fisiológicos.

Palavras-chave: Intervenção; Teoria Focada na Compaixão; Transtorno do Espectro Autista (TEA); Familiares; Cuidado.

Abstract

Parents of people with Autistic Spectrum Disorder (ASD) experience many daily challenges and, as a result, experience emotional suffering that compromises their mental health. Due to the extreme dedication that the circumstance requires, the caregiver is often uncared for. The intervention aimed to provide psychosocial care and qualified listening to family members of patients with ASD, applying the technique of Compassion-Focused Therapy (CFT), with an emphasis on health promotion, characterized as a possibility of intervention in different processes. CFT focuses on understanding areas related to affect regulation systems and the importance of affiliative and gentle relationships in regulating mental states, including mechanisms for therapy and change. The results allowed us to know the meaning and contribution of the social support network. Compassion training offers therapeutic, psychological and physiological benefits.

Keywords: Intervention; Compassion-Focused Therapy; Autistic Spectrum Disorder (ASD); Relatives; Caution.

1. Introdução

A TFC pretende que os clientes sejam menos hostis consigo mesmos e construam o Eu Compassivo como uma voz interior gentil que, a partir do processo de Atenção Plena, ajuda a escolher comportamentos mais adaptativos diante da percepção de ameaças.

A compaixão também tem seus facilitadores e inibidores. É mais fácil ser compassivo com aqueles que conhecemos, aqueles que são parecidos conosco e aqueles de quem gostamos/amamos, em contraste com estranhos, aqueles que parecem diferentes e aqueles de quem não gostamos ou até mesmo odiamos. Então, a maneira como experienciamos nossos relacionamentos influenciam não apenas nossas motivações e sentimentos, mas também a maneira como processamos as necessidades e mentes das outras pessoas (LOEWENSTEIN; SMALL, 2007).

A Terapia Focada na Compaixão auxilia na compreensão de como as pessoas processam as ameaças e suas reações, fazendo com que sejam menos hostis consigo mesmas, contribuindo para o desenvolvimento das estratégias de proteção. A TFC se foca em três principais funções das emoções: (1) alertar para ameaças e ativar estratégias defensivas; (2) fornecer informação sobre a disponibilidade de recursos e recompensas e ativar estratégias de busca e engajamento; e (3) fornecer informação sobre segurança, permitir o repouso e a relativa inação na forma de contentamento e abertura.

Por outro lado, os aspetos negativos da autocompaixão, como autojulgamento, o isolamento e a sobre identificação, têm apresentado correlações positivas com a solidão, a ansiedade, o neuroticismo, o perfeccionismo, sintomas depressivos, supressão de sentimentos e ruminação, sendo que quanto maior a gravidade da sintomatologia psicopatológica, maior a lacuna na autocompaixão (KÖNER, et al., 2015; PAULEY; MCPHERSON, 2010).

É importante distinguir a compaixão como um desejo livremente escolhido, mais do que um simples dever, e sem a presença de punição (vergonha) por possíveis lapsos (GILBERT; CHODEN, 2013). A compaixão cresce onde o sujeito tem uma compreensão sobre a natureza do sofrimento, das competências e valor da compaixão, com oportunidades de praticá-la e ganhar confiança ao fazê-lo.

        Onde falta compaixão se instaura o criticismo, que é definido por Paul Gilbert (2013) como uma relação interna hostil-dominante que ativa o sistema de defesa-ameaça. Geralmente, ativado quando as pessoas acreditam que falharam ou acontecem coisas fora do planejado. A autocompaixão seria uma resposta alternativa ao fracasso.

Tendo isso em vista, a intervenção proposta visa não apenas ser um espaço de acolhimento e escuta atenta e acolhedora, mas busca ser também um momento de mostrar a esses familiares que suas dores, angústias, medos, mágoas e culpas são válidos e recíprocos, porém que esses sentimentos não sejam o centro da relação deles com seus filhos. Com esse entendimento interiorizado e através da Terapia Focada na Compaixão, espera-se uma reflexão e uma desconstrução emancipada quanto a essas dificuldades e negatividades vividas no cotidiano dessas famílias.

2. Revisão de Literatura

2.1 Dinâmica de Grupo

Segundo Bleger (1998) define-se grupo como um conjunto de sujeitos que possam interagir entre si, fazendo com que ocorra compartilhamento de normas em uma tarefa. Osório (2003) utiliza o termo sistema humano: “Sistema humano é, em nosso entender, todo aquele conjunto de pessoas capazes de se reconhecer em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetivos compartilhados”. Os grupos podem ser classificados de dois modos: primário e secundário, grupos primários são aqueles que se constitui para que ocorra a formação da identidade, onde caracteriza-se o forte vínculo afetivo interpessoais, já os grupos secundários são constituídos para nos apresentar a satisfação das necessidades de interesse do indivíduo, sendo assim, nossa identidade é construída mediante ao papel social que desempenhamos podendo estar centrada na capacidade e na nossa ocupação social.

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