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Ensaio sobre a representatividade e resistência da comunidade LGBT na música brasileira e na linguagem utilizada

Por:   •  24/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.486 Palavras (6 Páginas)  •  349 Visualizações

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Ensaio sobre a representatividade e resistência da comunidade LGBT na música brasileira e na linguagem utilizada

Nathália Rohde Fagundes

Resumo

Este ensaio tem como objetivo analisar músicas como Quebrada queer, Gloriosa e Bixa preta - todas cantadas por pessoas da comunidade LGBT - e mostrar qual é a importância da música na luta contra o preconceito e na afirmação dessas pessoas na sociedade. Também pretende entender a música como possível influência na construção de um pensamento social e, assim, como instrumento de mudança. Para isso, é necessário conhecer conceitos e ideias de dentro da comunidade LGBT, como a teoria queer e identidade de gênero, e, então, poder pensar nas mensagens que músicas como as citadas anteriormente querem passar e como a representatividade de grupos minoritários realmente importa.

Palavras-chave: Comunidade LGBT. Luta. Representatividade. Resistência. Empoderamento.

1. Introdução

A comunidade LGBT alcançou grandes avanços nos últimos anos quando se trata de representatividade. Essa palavra que vem sendo bastante citada na mídia e redes sociais e dividido opiniões tem importante significado para os grupos minoritários. Minoritários não quantitativamente, não é isso o que a expressão significa, o termo está relacionado a grupos que sofrem estigmatização e discriminação, ou seja, são minorias sociais. A representatividade, então, tem papel fundamental para que esses grupos se sintam incluídos, encaixados na sociedade, para que tenham com quem se identificar e, até mesmo, para que ganhem visibilidade. Por isso foi tão significativa a apresentação de Pabllo Vittar, uma drag queen, no Rock in Rio de 2017 ao lado da cantora Fergie.

A mídia é uma das principais influenciadoras na construção de opinião da população. Por isso, com o grande avanço da internet e das redes sociais, os grupos minoritários, como a comunidade LGBT, ganham espaço de afirmação na sociedade e podem protestar contra o preconceito que ainda enfrentam diariamente. A música é, também, uma das ferramentas de protesto, afinal, com a internet, é facilmente divulgada e tem sua mensagem difundida, tendo, assim, importante papel na luta da comunidade queer.

Outro ponto que tem grande importância na luta LGBT é a linguagem. A apropriação de termos pejorativos que eram referidos a pessoas homossexuais ou de gêneros não binários com a intenção de ofender e a transformação desses termos em protesto é uma maneira de quebrar o preconceito que cada palavra carrega. Isso ocorre também em outros movimentos. O movimento feminista, por exemplo, usa palavras como “piranha” e “vadia” sem que isso signifique uma ofensa à outra mulher, mas sim, uma característica que não é condenada.

Neste ensaio serão analisadas três músicas: Quebrada queer (2018), Gloriosa (2017) e Bixa preta (2017). A primeira música é um rap cantado por Guigo, Murillo Zyess, Harlley, Lucas Boombeat e Tchello Gomez. Os cinco sendo homossexuais abordam, na música, várias situações de preconceito vividas por pessoas LGBTs. Já a música Gloriosa, da drag queen Gloria Groove, fala da liberdade da mulher e é muito importante na questão da representatividade, visto que, em seu clipe, traz drag queens e travestis dançando e mostrando seu empoderamento. E a terceira música, Bixa preta, cantada por Mc Linn da Quebrada, é um grito de resistência dos homossexuais negros e das periferias.

2. A importância da linguagem na luta

Para analisar e compreender as músicas de protesto e empoderamento da comunidade LGBT, é necessário conhecer alguns termos e seus significados.

Primeiramente, precisamos entender o conceito de gênero. Essa palavra está desligada do sexo biológico, o qual determina a distinção entre feminino e masculino baseando-se nos órgãos genitais. O gênero vai além disso. É, na verdade, um conjunto de características relacionadas ao masculino e ao feminino e aos papéis e padrões sociais que são designados a eles. Mas o gênero também pode ser não binário, ou seja, não se relaciona com a noção de masculino e feminino. A identidade de gênero é, então, a forma como a pessoa se identifica, referente a papéis sociais, e não à biologia.

Outro termo importante é queer, que intitula a música Quebrada queer, na língua inglesa era usado como um termo pejorativo para designar aquilo que era “estranho”, fugia dos padrões normativos. Com o tempo, esse termo passou a ser usado como ofensa a todos que não se enquadravam à norma cis-heterossexual. A comunidade LGBT, então, se apropriou desse termo e o incorporou em sua luta, quebrando seu significado negativo.

Do termo queer, surgiu a Teoria queer, a qual propõe o questionamento às noções de gênero, a quebra da visão que enxerga em tudo uma essência do masculino ou do feminino. Segundo a Teoria queer isso é apenas uma construção cultural feita em cima do biológico.

Outra palavra que teve sua intenção original modificada foi poc. No Brasil, usada para estigmatizar pessoas homossexuais e travestis e, agora, é utilizada dentro da comunidade LGBT com outro sentido, não de ofensa, mas sim de empoderamento.

3. Música Quebrada queer

A música Quebrada queer é um rap cantado por cinco homossexuais, Guigo, Murillo Zyess, Harlley, Lucas Boombeat e Tchello Gomez. A importância desse rap para a comunidade LGBT já começa pelo seu estilo musical, o qual é território novo para falar sobre essa temática. O preconceito dentro do rap é denunciado nos versos “Subestimado desde o meu primeiro verso/ Eles disfarçam bem, são tipo lobo em pele de cordeiro/ Mas tô atento, pro opressor eu não desperso/ Minha sina inseticida, preconceito deles é o formigueiro/ Mc's de verdade não desejam sociedades sem diversidade/ Recupere o seu bom senso/ Repense bem nos fundamentos sendo verdadeiro/ Vai ter bicha no RAP sim!”.

Outra questão importante trazida na música é o preconceito sofrido pelos LGBTs por parte de comunidades religiosas. Fiéis de muitas igrejas que dizem pregar o “amor acima de tudo” condenam o

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