TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Estudo de Caso Anna O. Teorias da Personalidade

Por:   •  11/11/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.136 Palavras (9 Páginas)  •  327 Visualizações

Página 1 de 9

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola de Ciências da Vida

Curso de Psicologia

Disciplina: Teorias da Personalidade

ESTUDO DE CASO – ANNA O.

Considerado um dos casos clínicos mais famosos, Anna O. foi a peça fundamental nos estudos de Breuer e acompanhamento de Freud. Graças à interação e ao tratamento direcionado a ela, alcançaram a descoberta da origem da teoria psicanalítica.

Quando adoeceu, em 1880, Bertha Paphennheim, descrita na obra sob o pseudônimo de Anna O., tinha 21 anos. Portadora de uma hereditariedade neuropática moderadamente grave, com histórico de psicoses ocorridas entre os parentes mais distantes. Anna sempre fora saudável, dotada de grande inteligência e intuição aguçada. Um dos seus traços de caráter era a generosa solidariedade, era cheia de vitalidade intelectual enquanto vivia uma vida extremamente monótona com sua família de mentalidade puritana, portanto estava sempre entregue aos seus devaneios, descritos como seu “teatro particular”. Tais devaneios foram se convertendo gradativamente em doença e o seu curso dividiu-se em fases: A incubação latente, a doença manifestada com a presença da parafasia, estrabismo, paralisias decorrentes das contraturas musculares e graves perturbações da visão, e o sonambulismo, um período persistente alternando-se com estados mais normais. E a cessação gradual dos estados e sintomas patológicos. 

Anna sempre fora muito afeiçoada ao pai e ele adoeceu gravemente em julho de 1880, falecendo em abril de 1881. Durante os primeiros meses de sua enfermidade, Anna dedicou-se inteiramente aos cuidados ao pai, adoecendo também neste mesmo período. Ao seu estado se agravar ainda mais, foi proibida de continuar cuidando de seu pai, pois encontrava-se em estado de debilidade, anemia e aversão pelos alimentos. A causa pelo qual Breuer à examinou pela primeira vez foi uma tosse muito intensa e logo a necessidade de repouso contínuo se apresentou, a partir de então seu quadro piorou cada vez mais.

Seu tratamento durou até 1882 e ela recebia visitas diárias de Breuer. Ele notou os dois estados de consciência inteiramente distintos e que se alternavam frequentemente e de modo súbito. Durante seu tratamento foi percebido então a dificuldade de fala, a troca da ordem das palavras e o idioma nativo alemão para o inglês, do qual Anna não tinha consciência. Quando surgiram os fortes impulsos suicidas, Anna foi transferida para uma casa de campo, onde durante a tarde ficava num estado sonolento, após o por do sol seguido pela hipnose profunda. Quando ela conseguia narrar as alucinações que tivera durante o dia, se sentia mais calma e alegre, portanto, descrevia o método como limpar a chaminé.

Breuer se ausentou durante várias semanas devido a uma viagem e ao retornar deu-se conta de que os complexos eram eliminados ao receberem expressão verbal durante a hipnose. Também notou que em seus modos alternados ela vivia no inverno de 1881 e no inverno de 1880. Ela revivia o inverno anterior dia a dia, havia a repetição do mesmo comportamento neste intervalo de 1 ano. Estes eventos psíquicos haviam produzido todos os fenômenos histéricos e ao receber a expressão verbal induzida pela hipnose, os sintomas desapareceram. Os fenômenos histéricos desapreciam logo que o fato causal era reproduzido em hipnose, isto tornou possível chegar-se a uma técnica terapêutica.  A partir de então cada sintoma individual passou a ser tratado de forma isolada e eliminados de maneira permanente.

Os conceitos psicanalíticos abordados nesse caso são a transferência, existindo dois tipos desta: a primeira ocorre quando partes dos acontecimentos que se desenrolam durante o dia são transferidos para os sonhos e retrabalhados pelo inconsciente. Nesse caso, os sonhos são uma forma inconsciente de lidar com as experiências diurnas. Na segunda, o inconsciente dos pacientes transfere sentimentos vividos em relacionamentos do passado para a pessoa do analista. Então, a partir de um momento os pacientes passavam a depositar em Freud sentimentos que eles tinham por seus pais, amigos e outras pessoas do passado em um processo totalmente inconsciente. Isso fica evidente no caso de Bertha Paphennheim (Anna O.), quando ela desenvolve uma espécie de relação fantasiosa ou laço amoroso pelo Dr. Breuer.

Mas o processo de transferência desses afetos ocorre em diferentes relações e não apenas na relação paciente - analista. Ao longo da vida, as pessoas transferem seus afetos vividos na infância para outras figuras que passam a ser depositárias desses afetos. É um processo inconsciente de repetição de formas de se relacionar com as pessoas. Freud percebeu que a transferência pode ser usada como instrumento para tratamento para as neuroses. Na medida em que o analista se torna o depositário do afeto e da confiança do paciente torna-se facilitado o trabalho de dissolução dos conflitos que levaram o paciente à clínica.

Em relação aos sonhos, Freud utilizou a interpretação destes para extrair do conteúdo manifesto dos sonhos o seu conteúdo latente. O conteúdo manifesto é a descrição consciente que o sonhador faz a respeito do seu sonho. Já o conteúdo latente é o material inconsciente, o significado profundo por trás das aparências dos sonhos. A suposição básica da análise dos sonhos é que quase todos os sonhos seriam realizações de desejos. Alguns de nossos desejos são óbvios e são expressos no conteúdo manifesto dos sonhos. Muitas realizações de desejos são expressas no conteúdo latente dos sonhos, aquele conteúdo que não é óbvio e só a interpretação dos sonhos podem revelar esses desejos. Pacientes que vivenciaram experiências traumáticas, entretanto, são uma exceção à regra de que todos os sonhos seriam realizações de desejos. Os sonhos desses pacientes seguem o princípio da repetição compulsiva, são sonhos dos quais eles vivenciam experiências traumáticas e assustadoras e são muito comuns naqueles que sofrem de transtorno de estresse pós traumático.

De forma objetiva, podemos afirmar que todos os sintomas histéricos seriam defesas contra ideias, vontades e afetos patógenos. Na psicanálise, são aqueles sintomas que não apresentam origem orgânica, ou lesão de tecido. No caso de Bertha Pappenheim (Anna O.), um dos sintomas relatados era o de não ouvir quando alguém entrava na sala em que estava, e que a levava a um estado de dispersão. Esse sintoma remetia a uma primeira vez em que seu pai entrou nessa sala, ela não prestou atenção e foi repreendida por ele por estar desatenta. Uma vez tendo sido repreendida, pode-se supor que ela nutriu sentimentos hostis em relação ao pai, querendo reagir a tal atitude, mas não o fez, ela repreendeu essa vontade de tal maneira que futuramente produziu o sintoma em questão.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (14 Kb)   pdf (135.5 Kb)   docx (15.4 Kb)  
Continuar por mais 8 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com