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Faculdade de Educação Teológica de São Paulo

Por:   •  2/12/2018  •  Artigo  •  3.297 Palavras (14 Páginas)  •  114 Visualizações

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Faculdade de Educação Teológica de São Paulo

Curso de Pós-Graduação Livre

Mestrado em Psicanálise

Clínica Psicanalítica das Psicoses

Fale sobre a concepção freudiana das psicoses

        O percurso freudiano tem inicio em 1894 com "As Neuropsicoses de defesa". Neste texto Freud vai afirmar que existe na psicose uma espécie de defesa muito mais enérgica e eficaz que na neurose. Ele refere-se a essa defesa como "Vewerfung", ou a "rejeição da castração". Lugar este onde não há juízo de existência da castração.

        Freud em junho de 1895, em carta enviada a seu amigo Fliess, postula que o objetivo da paranóia é rejeitar à representação incompatível, projetando seu conteúdo no mundo externo. Esclarece também que a projeção é um mecanismo comum, não sendo específico da paranóia, que o utiliza apenas como defesa.

        Em 1986, em novas observações sobre "As Neuropsicoses de defesa", Freud retoma as considerações de 1894, ratificando a diferença entre a paranóia e a neurose obsessiva. Isto se corrobora mediante o fato que na paranóia as recriminações são projetadas no mundo exterior, e na neurose obsessiva, mantida no mundo interior. Enquanto o neurótico se esforça para manter seus segredos bem guardados, o paranóico tem a peculiaridade de revelar (de forma distorcida, é verdade) exatamente todos esses conteúdos recriminados.

        Durante o desenvolvimento de sua obra, Freud abordou sua metapsicologia de diferentes maneiras.Em seu afã de pavimentar o arcabouço teórico da psicanálise em direção a uma cientificidade academicamente aceita, o mestre vienense adotou diferentes pontos de vista. Por ora foi mais "econômico", por outra mais "tópico" ou "dinâmico".

        Em 1911, quando tentava articular sua teoria topograficamente, ou seja, a partir de estâncias mentais e "lugares" psíquicos ele publica as "Notas Psicanalistas sobre um relato Autobiográfico de um Caso de Paranóia". O caso do presidente Schreber.

        Freud ainda irá se referir à psicose em polaridade à neurose em 1914, em termos econômicos no texto "Sobre o Narcisismo, uma introdução" dizendo que na neurose a libido retirada dos objetos vai para a fantasia, e na psicose a libido retirada dos objetos vai para o ego desencadeando na megalomania.

        Depois em 1924, a referência se dará na dimensão dinâmica, como um conflito na neurose entre o ego e o id, e na psicose entre o ego e o mundo externo.


O caso Schreber

        O caso Schreber vai ocupar um lugar singular entre os casos freudianos, já que o referido indivíduo não foi seu paciente, e muito menos o conhecia. Foi somente através do livro autobiográfico, Denkwürdigkeiten eines Neverkraken (Memórias de um Doente dos Nervos) publicado em 1903, que Freud teve acesso ao drama do Senastpräsident Daniel Paul Schreber.

        Freud, na introdução do caso de Schreber justifica sua investigação nos seguintes termos: "Visto que os paranóicos não podem ser compelidos a superar suas resistências internas e desde que, de qualquer modo, só dizem o que resolvem dizer, decorre disso ser a paranóia um distúrbio em que um relatório escrito ou uma historia clinica impressa podem tomar o lugar de um conhecimento pessoal do paciente. Por esta razão, penso ser legítimo basear interpretações analíticas na história clínica de um paciente que sofria de paranóia e a quem eu nunca vi, mas escreveu sua própria história e publicou-a".

        Portanto não é ao acaso que se tenha dado tanto peso ao genial trabalho de Freud às memórias escritas de Schreber, no qual o presidente fez uma brilhante apresentação de sua psicose, com admirável objetividade e descrição das suas memórias, tornando-se assim um caso "príncipes" no estudo das psicoses.

História da pessoa

Biografia:

        Daniel Paul Schreber nasceu no dia 25 de julho de 1842 na cidade de Leipzig. Filho de Daniel Gottlieb Schreber e Pauline. Tinha mais quatro irmãos, Gustav (+3), Anna (+2), Sidonie (-4), e Klara (-6).

        Seu pai era homem muito destacado na sociedade. Médico e ortopedista, foi o criador de um sistema de correção postural revolucionário na época. Sua árvore genealógica é pontuada por nomes representativos na área de Direito, da Medicina e da Pedagogia.

        Pauline, sua mãe, é descrita como sendo uma mulher nervosa e com súbitas mudanças de humor.

        Quando tinha 16 anos de idade, seu pai sofreu um acidente. Uma escada cai em sua cabeça, o que viria a lhe deixar com seqüelas, vindo a falecer três anos depois por obstrução intestinal aos 53 anos.

        Schreber era um rapaz talentoso, sociável e estudante destacado. Tinha bom caráter, mas era impaciente, inquieto e "nervoso".

        Uma semana após sua nomeação para juiz, seu irmão Gustav comete suicídio aos 38 anos, com um tiro na cabeça. Ele era solteiro e dava aulas de Química.

        Logo após, Schreber casa-se com Sabine, filha do principal diretor de teatro estatal de Leipzig, com descendência social bastante diferente da de Schreber. Seu casamento não lhe trouxe filhos. Sabine, durante todo o matrimônio sofrera seis abortos, frustrando assim a família Schreber de ter um descendente.

Circunstância do Adoecimento:

        Em outubro de 1884 iniciou sua candidatura à eleição para o Reichstag pelo Partido Nacional Liberal, opositor ao regime autocrático de Bismarck. Foi derrotado por 14.512 votos contra 5.762. Um jornal local ironizava: "Quem afinal conhece o Dr. Schreber?"

        Um mês após seu fracasso nas urnas, consulta o Dr. Paul Theodore Fleichisig, catedrático do departamento de Psiquiatria do Hospital Universitário de Leipzig. Foi diagnosticado como um caso de hipocondria severa e internado no hospício de Sonnenstein por Flechsig.

        Tentou por duas vezes o suicídio. Imaginava ter perdido de 15 a 20 quilos embora tenha engordado dois. Fala que irão afastá-lo da mulher e pede para ser fotografado seis vezes sem explicar o motivo. Sente-se débil e caminha com dificuldade.

        Mais tarde em sua memórias vai afirmar que a causa de sua internação se tratava da tensão emocional derivada da campanha do Reichstag, frisando não atribuir nada de sobrenatural a esta crise.

        Aparentemente curado, recebe alta seis meses depois.Sua esposa Sabine fica imensamente agradecida ao Doutor Flechsig "por lhe ter devolvido o marido". Colocando inclusive uma foto sua na cabeceira da cama do casal.

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