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Hemodiálise: Interfaces entre Paciente Renal e Suporte da Equipe de Saúde

Por:   •  25/2/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.602 Palavras (11 Páginas)  •  225 Visualizações

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Hemodiálise: Interfaces entre Paciente Renal e Suporte da Equipe de Saúde

Introdução

Viver uma doença crônica exige ao paciente e a seus familiares uma mudança extrema em suas rotinas devido ao tratamento necessário e as limitações convenientes ao problema. Sendo o rim um órgão essencial ao funcionamento do corpo, quando este é vítima de alguma disfunção, o infortúnio vem de forma a afetar não só fisicamente, mas também psiquicamente os envolvidos, principalmente em casos de pacientes renais que necessitam de tratamento com hemodiálise, que é um tratamento invasivo e demasiadamente desgastante.

No hospital, o apoio de uma equipe multidisciplinar é importante para que haja assistência completa e integral ao paciente e sua família que se encontram em situação de vulnerabilidade física -no caso do paciente- e emocional. Cada profissional com seu olhar específico é capaz de contribuir para o bem-estar dos envolvidos, e é neste contexto que o psicólogo está inserido.

É notório que passar pelo processo de hemodiálise é demasiadamente desagradável, além de ser um procedimento doloroso, restringe o paciente fisicamente, bem como afeta a vida social e o psicológico do mesmo. Diante dessa problemática, o trabalho exposto visa expor o papel do psicólogo nesse tratamento, da mesma forma atentar que além de pessoal, é um problema de saúde pública, que necessita de um grupo especializado e capacitado para lidar com doenças crônicas como esta.

A Doença Renal Crônica e o Processo De Hemodiálise

A doença renal crônica se caracteriza como a perda irreversível, lenta e progressiva da função renal provocando maior acúmulo de toxinas no sangue. Segundo Romão (2004, p. 2), essa doença possui cinco fases. Na primeira aparecem proteínas na urina, mas os rins ainda funcionam bem; na segunda, apresenta-se uma pequena diminuição no funcionamento deles, podendo ser chamada de fase da pré-insuficiência renal; na terceira surgem os primeiros sinais da doença, e os rins perdem sua eficiência de maneira moderada; na quarta sua atividade encontra-se prejudicada de maneira mais intensa, necessitando de cuidados específicos, sendo considerada a fase da pré-diálise; na fase cinco, que é chamada de insuficiência renal terminal, não há mais funcionamento dos rins, precisando de terapias renais substitutivas, que são: diálise ou transplante renal. A hemodiálise é um tipo de diálise, que consiste no procedimento ao qual equipamentos específicos filtram o sangue e jogam fora substâncias tóxicas específicas, como sódio e potássio, eliminando também o excesso de água do organismo, dessa forma substituem a função dos rins, quando esses se mostram incapazes de efetuarem suas funções básicas.

O estilo de vida do paciente renal é modificado devido ao tratamento dialítico e a própria doença, que acarretam restrições físicas, psicológicas, sexuais, sociais e familiares. Nesse processo de mudanças, além do paciente, os mais atingidos são os familiares e amigos que convivem com esse sujeito, pois na maioria das vezes há a necessidade de reorganização de toda a rotina para colaborar com esse paciente que precisa ser conduzido ao hospital para se submeter ao tratamento, e que sofre de complicações na hemodiálise, como dores de cabeça, cãibras nas pernas, pressão baixa, tonturas, lesões nos braços que contem a fístula, entre outras. Essas mudanças no cotidiano do paciente, juntamente com o enfrentamento da hemodiálise, influenciam sua qualidade de vida, promovendo sofrimento físico e psíquico, mas com o tempo essas dificuldades, através do conhecimento, são enfrentadas de forma positiva, como afirma Lunardi:

A alegria de viver associada ao prazer de viajar, de visitar a família, valorizada por eles como importantes para manter sua qualidade de vida, ficam comprometidas, inicialmente, por sentirem-se inseguros com o cuidado com a fístula e, também, por estarem receosos em realizar o tratamento dialítico em outra instituição de saúde com uma equipe desconhecida da sua, ou em outra cidade. Posteriormente, quando se habituam ao tratamento, passam a superar as limitações e os desconfortos ocasionados pelo tratamento, realizando as adaptações necessárias, e readequando suas atividades de acordo com que lhes é possível como portadores de uma doença crônica. (LUNARDI, 2009)

O modo como cada paciente enfrentará o processo de dependência da hemodiálise é vivenciado de forma particular. Para conviver com essas limitações, a equipe, juntamente com a família, pode estimular a competência do paciente para se adequar de maneira positiva a nova realidade vivencia por ele. É possível apropria-lo do domínio de sua doença, fazendo-o entender saúde e doença como parte de um só processo, e assim encontrar forças maiores para lidar com as intercorrência que podem surgir durante a rotina. Segundo Silva (2016) o coping, compreendido como enfrentamento de uma situação, pode ajudar na adaptação do indivíduo diante daquele novo estilo de vida, de forma a focalizar-se na resolução do problema ou na regulação das emoções. Essa Teoria de Enfrentamento “consiste em habilidades comportamentais e cognitivas utilizadas para controlar demandas internas e externas, quando avaliadas pelo sujeito como excedendo os recursos disponíveis” (SILVA, 2016, n. 148).

A doença renal crônica supracitada é associada as grandes taxas de mortalidade, sobretudo, quando os pacientes com insuficiência renal são encaminhados tardiamente ao tratamento nefrológico especializado; e morbidade, sendo responsável por 100 mil pessoas que realizam diálise no Brasil, atingindo 10% da população mundial, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia.

O paciente em tratamento hemodialítico e seus aspectos emocionais

As enfermidades e seus efeitos no paciente não ficam restritos à esfera biológica, como sendo apenas um conjunto de sintomas orgânicos, mas atravessam o indivíduo em toda a sua complexidade abarcando diversos aspectos, como psicológicos, emocionais, afetivos e sociais. Neste sentido, a doença altera completamente a vida do paciente, modificando sua forma de enxergar a vida, bem como todos os atravessamentos de sua existência. A enfermidade acaba trazendo uma nova perspectiva na história do indivíduo, dando um novo sentido à sua forma de estar no mundo (Melissa et al, 2009).

        Conforme Freitas e Cosmos (2010), o paciente renal crônico inicia seu processo de tratamento já ciente de que sua doença é irreversível, uma vez que o transplante pode demorar muitos anos, além de que as limitações do paciente podem se agravar ao longo do tempo.  Este percurso é marcado por perdas que estão para além da função renal, incluindo uma série de conflitos emocionais. A doença acaba surgindo como uma ameaça ao sujeito, uma realidade a ser vivida com intenso sofrimento e angústia.

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