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Mitos E Ritos

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Por:   •  29/5/2014  •  1.208 Palavras (5 Páginas)  •  250 Visualizações

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1º Breve relato do conteúdo mítico descrito no canto do texto ‘A Eficácia Simbólica’:

No texto ‘A Eficácia Simbólica’, o canto apresentado tem como objetivo a ajuda de um parto difícil. Podemos perceber o conteúdo mítico de várias formas. O indivíduo dual (corpo e espírito) está presente na noção de que a mulher em trabalho de parto apresenta seu corpo vivo (niga,a força vital do indivíduo), e sua alma (purba, dividida em várias partes, responsáveis elas pelo funcionamento do corpo). A alma (purba) do útero na mulher grávida, teria o nome de Muu, e sendo esta a que está ocasionando os problemas do parto, é ela que precisa ser controlada para que o resto do corpo (o resto das almas) entre em harmonia. É então que o xamã precisa praticar seu ritual, iniciando um combate metafórico contra os abusos de Muu. É através de invocações, confecções de imagens sagradas e da palavra dita que o xamã efetua a cura. As dores do parto são justificadas por animais ferozes que moram dentro do útero, e animais-furadores-de-madeira e animais-fossadores são os reforços chamados pelo xamã a fim de “abrir o caminho” e facilitar o parto, efetuando assim a cura na doente, sem que o xamã tenha que encostá-la ou lhe administrar remédios.

Análise a partir dos textos teóricos trabalhados:

Como já dito, a noção do indivíduo dual está presente no mito exposto (corpo e alma), e estes dois aspectos convivem no mundo natural, sendo que a alma para os cuna está presente apenas em humanos e animais. Alguns arquétipos também se mostram presentes, como na descrição do útero (a morada de Muu) que, originária do mal que acomete à mulher, é descrito como “o sombrio lugar interior”, ressaltando o escuro, enquanto que os nuchu (servidores espirituais do xamã) precisam iluminar a vagina (caminho de Muu), afim de lhe propiciar o nascimento da criança. A linguagem repleta de simbolismos e de seres sobrenaturais é o que caracteriza o mito, sendo uma narrativa irracional e ilógica. Porém, o caminho seguido pelos nuchus ocorre exatamente onde o problema do parto acontece, e suas explicações para as dores e a forma como relata a abertura e o nascimento da criança demonstram que, apesar de serem explicações sobrenaturais, o mito tem sua lógica própria. Ele procura assim responder as aflições da mulher no parto, e as respostas fisiológicas da mesma, sendo essa a única forma que encontra de descrever a situação, explicando assim esse “mistério da natureza” através de uma representação simbólica. Pode-se também analisar a crença da doente do texto, no mito e no ritual apresentado, já que, como descreve Lévi-Strauss “Que a mitologia do xamã não corresponda a uma realidade objetiva, não tem importância: a doente acredita nele, e ela é membro de uma sociedade que acredita” (pág.216), ressaltando assim a noção de raciocínio analógico e imitativo ligado ao mito, onde os modelos que a doente assimila são provenientes do seu senso comum, de modo afetivo, identificados pelas suas representações imagéticas daquilo que faz parte do seu cotidiano e da sua cultura.

2º Breve relato do Rito (cerimônia) descrito no texto ‘A Eficácia Simbólica’:

Segundo o texto, os preparativos do xamã para realizar a cerimônia, consistem em fumigações de favas de cacau queimada, invocações, e confecção das imagens sagradas (nuchu) que representam os espíritos protetores, tomados pelo xamã como seus assistentes. O rito consiste na busca do purba (alma) perdido, e na demolição dos obstáculos (a passagem dos nuchu pelo caminho de Muu), vitória sobre animais ferozes (que causam as dores do parto), e um combate contra Muu e suas filhas (responsáveis pelas complicações no parto)

Análise a partir dos textos teóricos trabalhados:

A cerimônia efetuada pelo xamã no canto dos cunas tem como objetivo facilitar um trabalho de parto. Para isso o xamã utiliza em seu ritual gestos, palavras e objetos simbólicos (como no caso da noção de monstros responsáveis pelas dores do parto, interiorizando assim a suas causas no imaginário da doente), revelando assim uma atitude psicológica, tanto do xamã quanto da doente, baseada em crenças e idéias. A participações dos dois personagens é ativa no rito, porém a catarse se desenvolve na doente, onde ela modifica seu comportamento biológico através de suas crenças e de seu envolvimento emocional com a linguagem apresentada pelo xamã, alcançando assim a sua cura. O xamã interage com as forças do universo, se ligando à seres divinos (nuchu),

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