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O AUTISMO COMO UMA FORMA DE SER

Por:   •  2/6/2019  •  Projeto de pesquisa  •  2.313 Palavras (10 Páginas)  •  121 Visualizações

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

CAMPUS JUIZ DE FORA

CURSO DE PSICOLOGIA

LAINA DE ALMEIDA GATTE

O AUTISMO COMO UMA FORMA DE SER

JUIZ DE FORA

2017

LAINA DE ALMEIDA GATTE

O AUTISMO COMO UMA FORMA DE SER

Projeto de Pesquisa apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em psicologia.

Orientadora: Sara Gomes

JUIZ DE FORA

2017

1. JUSTIFICATIVA E CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

De acordo com DSM V, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por indivíduos que apresentam déficits persistentes nas interações e comunicações sociais, déficits em reciprocidade emocional, na comunicação verbal e não verbal, em desenvolver, manter ou compreender relacionamentos. Além disso, esses indivíduos que apresentam TEA revelam padrões repetitivos de comportamentos, interesses incomuns segundo a utilidade de objetos ou atividades, movimentos repetitivos e estereotipados, inflexibilidade de rotinas seguindo padrões, interesse fixo e limitado, hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais. Todas essas características,  manifestam-se dentro de um espectro, de forma que se revelam mais ou menos marcantes neste ou naquele indivíduo, podendo, inclusive, algumas delas, nem ser percebidas em certos indivíduos com TEA. Estes sintomas devem ser recorrentes ao período de desenvolvimento e trazer prejuízos clinicamente significativos para seu desenvolvimento. Existem ainda, classificações segundo ao nível de gravidade do transtorno, podendo ser classificado em nível 1, aquele que exige apoio (leve); nível 2, exige apoio substancial (moderado);   nível 3, exige apoio muito intenso (grave).  Os autistas podem ser considerados pessoas atípicas, ou seja, pessoas que não se adéquam ao “normal”,  um padrão que a sociedade impõe, são pessoas incomuns, anômalas ou irregulares. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70 milhões de pessoas, ou seja, 1% da população é diagnosticada dentro da Síndrome do Espectro Autista. (ONUBR, 2015).

O indivíduo, para ser considerado autista, precisa apresentar um tripé composto por falha na comunicação e/ou linguagem, interesses restritos e dificuldades em socializar e comportamentos estereotipados e repetitivos, a criança deve apresentar este sintomas antes dos 36 meses podendo até então ter um desenvolvimento “comum”.(WING aput GIKOVATE; CONCEIÇÃO, 2010, p. 123). O autismo é uma grande incógnita ainda para pesquisadores, curiosos e até mesmo para os próprios autistas, deixando-o com mais dificuldades para se manter num mundo onde ele é diferente e curioso aos olhos externos, não se sabe a causa do autismo, porém sabe-se que pode existir uma etiologia genética.  O indivíduo autista apresenta respostas de estímulos incomuns às pessoas típicas, algumas delas são: Hipersensibilidade Social, Hipersensibilidade Sensorial, Experiências Sensoriais prazerosas. Os autistas descrevem a hipersensibilidade social como uma sensibilidade a vida social, sendo estes, alheio a esse comportamento, queixando-se de ficarem perturbados quando expostos a vida social. Descrevem sua sensibilidade sensorial como sendo muito superior as pessoas típicas, fatores externos comuns podem ser extremamente perturbadores e desagradáveis, fazendo-os querer fugir desses estímulos. Da mesma forma que alguns estímulos podem ser muito irritantes, outros são extremamente prazerosos, como sensações táteis, auditivas entre outras (GRANDIN, 1999).

Temple Grandin é uma autista de alto funcionamento, a qual recebeu o diagnóstico ainda criança. Em seu livro “Uma menina estranha” ela conta suas experiências e suas emoções perante situações que, para pessoas típicas são comuns. Um dos maiores problemas de Temple era a fala, segundo ela, a comunicação era uma via única para si, pois, ela compreendia perfeitamente o que as pessoas lhe diziam, porém suas respostas eram muito limitadas, sua voz era inexpressiva e sua fala não possuía ritmo. Em seu livro relata que ao seis meses de idade já apresentava encolhimento ao toque, quando pega no colo para ser “aninhada” se posicionava de maneira rígida, relata também que mais tarde quando criança sentia-se sufocada quando sua tia a abraçava. Porém, assim como algumas outras crianças autistas, ela tem uma disfunção sensorial no sistema nervoso no qual preferem estímulos proximais (como toques e estímulos olfativos, por exemplo) do que estímulos sensoriais distais ( auditivos e visuais por exemplo) e quando sua tia a abraçava acontecia uma mistura de sentimentos, bons pois estava recebendo estímulos sensoriais e ruins pois não sentia-se a vontade recebendo afeto de outra pessoa.

Através dessa falha no sistema sensorial é que começou, de maneira sucinta, a pensar num projeto que faria a diferença em sua vida, ela visualizou uma espécie de máquina para se reconfortar, essa máquina era parecida com um caixão, nela  entrava-se arrastando pelas extremidades e ao entrar, ela  ficaria deitada de costas e faria com que um forro de plástico inflasse, fazendo com que ela recebesse estímulos proximais. Era muito criativa, porém não possuía ritmo nenhum, nem em sua fala, nem em seus movimentos e muito menos com músicas, o que era prejudicial na escola . Quando sozinha e bem concentrada conseguia entrar em alguns ritmos, porém para isso, sua atenção precisava estar centrada somente naquele movimento.

Após ser expulsa de uma escola por causa de seus ataques de raiva, foi para uma escola interna, o que trouxe muito desconforto para a mesma, que  reagiu com outros ataques nervosos, pois, em geral, para um autista mudar a rotina é extremamente desconfortável e estressante. A mudança na rotina a pertubava, ela tentava não sair da rotina, usando o mesmo tipo de roupa todos os dias por exemplo, assim como ela não conseguia mudar seus métodos. Não entendia metáforas, compreendendo os enunciados  de forma literal, o que poderia causar uma certa confusão em sua mente ao imaginar cenas metafóricas ou não entender uma piada. E através de uma metáfora cantada no hino da escola, no qual se ouvia que “ao atravessar a porta, encontrar-se-ia a felicidade”. Foi que uma de suas manias começaram, Temple começou a procurar essa porta, a qual, a ser aberta, permitiria encontrar a  felicidade.

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