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O CONSUMO LASCH BLACK MIRROR MSS RASCUNHANDO

Por:   •  7/5/2021  •  Trabalho acadêmico  •  2.146 Palavras (9 Páginas)  •  154 Visualizações

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INTRODUÇÃO

        Este trabalho pretende discutir os principais pontos abordados na obra “Consumo, narcisismo e cultura de massa”, de Christopher Lasch, em relação com o episódio “Queda livre” da série Black Mirror. No episódio são apontados os fatores que influenciam o desenvolvimento e transformam o comportamento da atual sociedade do consumo e como isso é utilizado para controlar o comportamento das pessoas, criando falsas necessidades e as doutrinando. O texto aborda várias implicações que o consumismo e o narcisismo exercem sobre os consumidores e como se deu a evolução desses comportamentos dentre a população, tendo influência sobre a organização da sociedade, sobre a política e o desenvolvimento tecnológico em si, afetando a vida e as necessidades das pessoas.

Desta forma, percebemos em ambos a caracterização de novos valores advindos da modernidade que são expostos na série de nome “Black Mirror” (espelho negro). A série apavora os expectadores, com sua fantasia distópica de um possível futuro dominado pela alta tecnológica, o que revela o processo de adoecimento e a transformação de uma sociedade similar a atual, na qual as pessoas são forçadas a terem padrões de comportamentos específicos para não serem excluídas.

Desenvolvimento

A série britânica Black Mirror foi lançada em 2011, mas apenas se popularizou anos depois, quando começou a conjecturar sobre os efeitos da relação do homem com a tecnologia. O primeiro episódio da terceira temporada, "Nosedive" (traduzido para o português como "Queda livre") foi ao ar em outubro de 2016, e foi aclamado pela crítica como o enredo da série mais próximo da realidade. A relação entre consumo e narcisismo, além da proximidade com nossa realidade é bem demonstrada neste episódio, sendo ele ideal para ser relacionado com o texto lido.

Um dos efeitos do avanço da psicanálise no campo social é a apropriação de termos psicanalíticos pelo discurso leigo. Um exemplo é a indicação de que o uso contemporâneo das redes sociais seria narcisista. Narciso, personagem da mitologia grega por ser incapaz de amar outras pessoas morreu afogado por se apaixonar pela sua própria imagem refletida em um lago, essa é a história que inspirou o termo narcisista. O conceito foi depois reinterpretado por Freud, que foi o  primeiro a descrever o narcisismo como uma patologia. O sociólogo Christopher Lasch transformou a doença em norma cultural e determinou que a neurose e a histeria que caracterizavam as sociedades do início do século XX tinham dado lugar ao culto ao indivíduo e à busca fanática pelo sucesso pessoal e o dinheiro. Um novo mal dominante. Quase quatro décadas depois ganhou força a teoria de que a sociedade ocidental atual é ainda mais narcisa.

Os traços narcisistas nem sempre são fáceis de reconhecer, sendo que caso se apresentem de forma moderada, não há motivo para serem vistos como um problema. São comportamentos egoístas, pouco empáticos, às vezes um tanto exibicionistas, de pessoas que querem ser o centro da atenção, ser reconhecidas socialmente, que costumam resistir a admitir seus erros ou mentiras e que se consideram extraordinárias (embora sua autoestima seja, na realidade, baixa).

Em outras ocasiões este tipo de comportamento é mais sutil, mais comum e, às vezes, mais prejudicial. É aquela pessoa que exige uma atenção exagerada a seus comentários e problemas e quando não consegue, conclui que é diferente dos outros e que nunca recebe o respeito merecido. Uma pessoa com elevado nível de narcisismo costuma buscar formas de culpar os outros por seus erros, fazendo as pessoas próximas de vítimas.

        O seriado discorre sobre como as pessoas fazem um marketing pessoal na tentativa de se incluírem na sociedade do consumo, como elas foram estimuladas pela lógica do consumismo e como esse marketing pessoal seria uma tentativa de elevação de status social. O jogo da sociabilidade é reforçado por uma necessidade criada de se expor, de “vender” sua imagem, ressaltando apenas seus pontos positivos e agindo de maneira falsa, para ganhar a avaliação dos outros. Esse comportamento forçado a sociedade se torna como meio de moeda utilizada para se obter um ideal de consumo que foi implantado pela mídia como necessário, mas que é desnecessário, servindo como uma forma de doutrinar a população e controlar seu comportamento.

O texto lido faz uma crítica semelhante descrevendo como o consumo e a necessidade de bens é disseminada para a população, ele atua como um meio de controlar as massas e até mesmo de segregar os níveis da sociedade, separando a classe trabalhadora da culta e criando o desejo de se alcançar a um ideal de consumo, com isso o texto descreve que o consumo e a tecnologia influenciam de forma a transformar o cotidiano das pessoas e a defini-las, pois elas passam a consumir diferentes produtos como forma de definir a si próprias, perdem as capacidades individuais de executar pequenos serviços para depender de equipamentos e maquinas e isso interfere na politica e no rumo da sociedade, em que o homem passa a ter seu ideal de vida próximo ao da máquina, com padrões e ações pré-determinadas, de forma similar como no episódio.

Lasch e outros autores citados no texto, demonstram que a pós-modernidade, tida com a sociedade pós-industrial, é marcada pelo colapso dos valores tradicionais, pela escassez de ideais comuns e pelo consequente recuo da política na vida humana. Como resultado, tem-se a emergência de uma nova ética e valorização do bem-estar individual. O sistema capitalista só tem um objetivo com sua interferência: o consumo exacerbado e cíclico de bens.

Dentro dessa nova lógica capitalista, surge o fetichismo da mercadoria. As condições sociais criadas para a existência de novos produtos são alienadoras, elas implicam na sensação de que este desejo de consumir exacerbadamente seja natural, de tal forma que o consumo é constantemente estimulado através da criação de novas necessidades veiculadas pelos meios de comunicação.  Essas novas mercadorias tidas como necessárias começam a fazer parte da identidade das pessoas, pois elas são convencidas de que o ato de compra poderia fortalecer suas individualidades. O consumidor passa a ver o consumo como sinônimo de liberdade perante várias opções, marcas e modelos de mercadorias, assim suas escolhas de compra definiriam quem ele é.

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