TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O Patinho Feio e o Estádio do Espelho

Por:   •  30/4/2021  •  Resenha  •  667 Palavras (3 Páginas)  •  304 Visualizações

Página 1 de 3

        

Criado pelo escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, em 1843, o “Patinho Feio” é o conto infantil que, no presente trabalho, será relacionado à teoria do estádio do espelho, de Jacques Lacan. O conto de fadas conta a história de um filhote de cisne que, por engano, acabou sendo chocado no ninho de uma pata. Pelo fato de ser diferente dos demais filhotes, o patinho feio é maltratado pelos demais patos. Até que, cansado da forma como era tratado, o patinho decide fugir. Finalmente, durante sua jornada, o patinho se depara com um grupo de cisnes e, deslumbrado com sua beleza, decide se aproximar dos animais. Nesse momento, espelhando-se na água, ele percebe que ele não é um patinho feio – que na verdade nunca foi um pato, mas sim um belo cisne. Assim, ao se juntar aos seus semelhantes, o até então patinho feio sente-se acolhido e compreendido, representando assim o tão esperado final feliz, típico do gênero literário em questão.

Assim, a partir do que foi contextualizado anteriormente, procuraremos elaborar a relação da criação da subjetividade do indivíduo a partir da inserção do mesmo em uma cadeia de significantes produzidos pelo Outro, e também sobre os filhos serem desejados e reconhecidos pelos pais, com o conto “O Patinho Feio”.

De acordo com Josiane de Aquino Nogueira, em seu artigo O PATINHO FEIO FORA DO DESEJO DO OUTRO: ENTRE O CONTO E A REALIDADE, UM ESTUDO PSICANALÍTICO (2015):

Lacan (1962) postula que o ser humano vive a partir de uma antecipação pela palavra do outro, que adota na concessão de um nome, inserindo-o numa linguagem significante. Quando nascemos, o nosso nome é escolhido pelo outro, a preparação da nossa chegada, nossos pertences, tudo é escolhido pelo outro. O sujeito é, pois, assim constituído: um objeto afetado pelo desejo do Outro.

Como sabemos, antes do estádio do espelho a criança não se identifica como um todo, se sente pequenas partes, espalhado em sensações, até o momento que se percebe em sua completude. No exemplo do patinho feio, pode-se notar, no momento que ele se identifica como ele, ele tem plena noção de quem é, mas apenas se enxerga com o olhar dos outros, se afirmando apenas de como o outro o ensinou a olhar para si mesmo. Sobre isso podemos pensar na perspectiva de um momento edípico em que, ele se reconhecendo como os outros o descrevem, podendo acreditar que aquela admissão do que o descrevem, poderia vir a ser também a realização dos desejos desse outro, que com entendemos, passa também ser o desejo do próprio sujeito, no caso, ele se identificar como um patinho que é feio, seria a maneira de concordar e identificar-se com os desejos do outro.

Podemos também ponderar sobre a maneira como o patinho descobre sobre si, perdendo a crença inicial, é possível associar a situação com uma privação, sobretudo de si, partida desse momento de quebra de identidade. Se o objeto for interpretado como a sua própria imagem, no momento em que ele se perde da primeira família, se encontra sozinho, não somente em companhia, mas em desejos de outros ou olhares desses outros, e então, até o momento do encontro da família de cisnes, ele sofre esse processo de privação, onde a falta real dessa identificação que vem de fora, se perde. Dando o espaço para que uma nova identidade e representação possa fluir.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (3.9 Kb)   pdf (33.7 Kb)   docx (8.1 Kb)  
Continuar por mais 2 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com