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Os Núcleos de Significação

Por:   •  14/10/2020  •  Projeto de pesquisa  •  33.067 Palavras (133 Páginas)  •  149 Visualizações

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise intranúcleo

De acordo com Aguiar e Ozella (2006), a análise dos fenômenos apreendidos por meio das entrevistas semiestruturadas partem do processo que contempla de antemão, a exposição do que existe intranúcleos, deste modo enfatizando quais a significações contidas nas falas de cada um dos entrevistados e segue com a análise do que está contido no internúcleos, contribuindo para a compreensão de como cada núcleo conversa com o outro, podendo assim emergir convergências e/ou divergências entre eles.

Para a realização dessa análise, torna-se imperativo e imprescindível, a aproximação da teoria sócio-histórica, para que a partir desse movimento as falas obtidas, possam ser analisadas sob as perspectivas contextuais sendo essas, sociais, históricas, políticas e econômicas de cada sujeito, para que desse modo haja um olhar minimamente mais amplo e completo dos sujeitos da pesquisa.

Participaram da pesquisa um grupo de 10 profissionais, sendo estes, professores ou funcionários da rede de ensino pública dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com os discursos, todos relatam experiências diversas, em cargos variados, devido o tempo de trabalho com a educação de alunos.

A partir do que foi apresentado pelos sujeitos da pesquisa, foram retomados os objetivos específicos propostos no início do trabalho para análise dos núcleos identificados, tendo como referência a literatura pesquisada.

Para que se possa realizar a discussão dos assuntos, os núcleos foram identificados da seguinte maneira: Gravidez como impasse socioeconômico e cultural; Prevenção, sexualidade e responsabilidade; Gravidez e abandono escolar; Papel da família e da escola como suporte aos jovens; Relação sexual como tabu; Valores e determinações da imagem da adolescente grávida; Percepção geral sobre a gravidez na adolescência.

Núcleo 1 - Gravidez como impasse socioeconômico e cultural:

Foi possível verificar nos relatos que, de certa forma, o que aproxima os discursos quando se fala de gravidez na adolescência, são as questões econômicas que envolvem os jovens, sinalizando que é um problema comum em áreas periféricas, onde além da pobreza, a falta de incentivo e acesso à cultura tornam o risco de gravidez algo ainda mais presente. Com isso, muitas vezes, as meninas são apontadas como alguém que reproduziu uma realidade da qual ela faz parte, pois esta já é fruto de um relacionamento que ocorreu na adolescência de sua mãe e que agora se repete, apontado como algo naturalizado nas comunidades mais vulneráveis. É possível identificar essas questões nas falas dos entrevistados.

Núcleo 2 - Prevenção, sexualidade e responsabilidade:

Quando se fala das questões relacionadas a prevenção da gravidez, os profissionais apresentam opiniões diferentes. Em alguns relatos é informado que a prevenção é trabalhada pelos professores específicos da área de ciências (biologia), como uma disciplina da grade curricular, que pode ser tratada tanto dentro do cronograma escolar, quanto o assunto pode ser discutido com os alunos de acordo com a necessidade apresentada na escola, por exemplo, quando identificam que houve um aumento na incidência da gravidez de adolescentes, sendo esta identificação relacionada às meninas. As discussões sobre a sexualidade apesar de estarem descritas na grade, são feitas de acordo com a sensibilidade desses profissionais, sobre o que eles percebem nos grupos de jovens, por entenderem que existe curiosidade e empolgação para que as relações sexuais aconteçam, sem se preocuparem com os riscos que envolvem a relação sexual, sendo que as consequências podem ser não só uma gravidez indesejada, como a possibilidade de adquirir doenças sexualmente transmissíveis (DST’s).

Sinalizam ainda que antigamente existiam palestras e projetos em parceria com profissionais da área da saúde, mas que isso não está mais ocorrendo, por este motivo os funcionários da escola procuram formas de trabalhar o assunto da sexualidade por iniciativa própria.

Os profissionais também falam sobre os adolescentes não entenderem as responsabilidades que envolvem a gravidez, porque os jovens têm o pensamento de que a gravidez acontece somente com outros casais que não se cuidam e que jamais acontecerá com eles, que vez ou outra podem se arriscar em ter uma relação sem utilizar métodos anticoncepcionais alegando que só uma vez não tem risco.

Em uma das entrevistas ainda afirma-se que o que falta não é propriamente o conhecimento científico, porque nos dias atuais é mais fácil acessar a informação, mas o que possivelmente pode faltar é uma formação sobre ao que está conexo aos sentimentos, as emoções que envolvem os relacionamentos porque isso vai além dos órgãos sexuais, trata da subjetividade de cada indivíduo.

Núcleo 3 - Gravidez e abandono escolar:

Nos diversos discursos a informação que se obtém é de que as meninas, em sua maioria, logo que descobrem a gravidez abandonam a escola de maneira repentina, dentre os motivos para que o abandono ocorra é possível citar a vergonha perante os colegas por conta dos apontamentos e críticas em relação a gravidez.

O abandono também é percebido inicialmente com o afastamento médico e citado que essas meninas não voltam mais para a escola, pois continuar estudando não é mais uma preocupação no momento. Essas meninas passam a ter como foco os cuidados com a saúde, os afazeres domésticos e a atenção com aquela nova vida que depende delas. Com isso, compreende-se as falas que apontam que a jovem deixa a escola porque nesse contexto não é essencial, a partir da ideia de que o seu futuro se tornou incerto, ela não consegue de forma clara planejar como será sua vida, pois ser mãe será sua principal atividade.

Durante as falas dos profissionais que participaram da pesquisa, citam que essas jovens retornam aos estudos na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), mas que isso só ocorre quando seus filhos não são mais tão dependentes exclusivamente de seus cuidados.

Núcleo 4 - Papel da família e da escola como suporte aos jovens:

 Como citado anteriormente no Núcleo 1, faz parte da vida das famílias que moram na periferia a questão da gravidez na adolescência, porém os entrevistados relatam que algumas famílias aceitam a jovem grávida e outras não. Nos casos de não aceitação da gravidez, estas acabam ficando com algum outro parente (avós e tias) que demonstra preocupação com essa menina e resolve ajudá-la com a processo da gestação. Nos casos expostos pela fala dos entrevistados, dizem que a gravidez em aspectos gerais não é algo planejado, mas existem situações em que a gravidez é um motivo de fuga da realidade vivida.

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