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Psicologia Clinica

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Por:   •  10/11/2014  •  8.170 Palavras (33 Páginas)  •  684 Visualizações

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A Atuação do Psicólogo Clínico: Ética e Técnica em Discussão

Resumo: O presente artigo aborda a discussão ética e técnica na atuação do psicólogo clínico, fazendo reflexões sob o ponto de vista ético do profissional, considerando a relevância da formação acadêmica, sendo a teoria e a técnica instrumentos constituintes da clínica e a ética como definição do fazer clínico. A metodologia utilizada neste trabalho foi pesquisa bibliográfica. Nesse sentido, baseia-se no pensamento e nas idéias de autores e estudiosos da Psicologia, como Figueiredo, Dutra, dentre outros. Portanto, propomos uma revisitação ao legado da clínica psicológica com um profundo compromisso ético e técnico teórico, considerando as diferentes Psicologias. Refletimos e discutimos sobre o dilema ético e técnico diante das dificuldades na clínica psicológica pós-moderna. Pensamos sobre os desafios do psicólogo clínico no contexto atual. Discutimos sobre a postura ética do psicólogo e o uso da técnica. Consideramos a discussão sobre ética e técnica pertinente a todos que estão comprometidos com a clínica psicológica e compreendemos que esse tema está em pauta nos dias atuais. Repensamos sobre a importância do uso da técnica enquanto instrumento promovedor do exercício da clínica psicológica ética e questionamos o desafio ético da nossa cultura. Como enfrentá-lo e qual será esse desafio?

Palavras-Chave: Psicologia clínica; Formação do Psicólogo; Alteridade; Ética do cuidado.

Introdução

Este artigo trata da problemática da ética e da técnica na atuação do Psicólogo clínico, considerando a relevância dos mesmos para o exercício profissional. Várias questões estão em pauta na atualidade e suscitam discussões em diversos campos da Psicologia, porém o estudo está mais voltado para a clínica. Com isso, se discute a relevância da ética na clínica como critério fundamental para sua definição e sustentação e a técnica que sem dúvida se constitui numa das ferramentas que constrói o espaço clínico. Nossa intenção é suscitar discussões em torno da clínica e sobre a formação do psicólogo clínico, entendendo que a formação ética e técnica deve fazer parte do processo formativo profissional que irá se constituir em um fazer clínico, com atitude comprometida com a alteridade, indo em direção ao reconhecimento das singularidades e respeito às diferenças.

Figueiredo (2004), em suas considerações preliminares a respeito das teorias e práticas na Psicologia clínica, faz a seguinte colocação: “é comum se fazer distinção entre Psicologia básica e Psicologia aplicada, que nos currículos corresponde à distinção entre formação básica e formação profissionalizante”. Nesse caso, o mesmo coloca que o que se deduz dessa dicotomia é a tese de que o conhecimento da Psicologia básica – um conhecimento acadêmico – deve ser convertido em procedimentos técnicos de forma a ser aplicado às atividades do psicólogo. Contrário a essa visão que ele chama de excessivamente simplista, pois isso não corresponde às atividades práticas do Psicólogo, argumenta que essa modalidade unidirecional nunca esteve nas obras técnicas, nem no exercício efetivo de autores como Freud, Jung, Rogers, dentre outros. Questionando a experiência prática como algo incompatível a mera aplicação do conhecimento básico, o autor coloca as relações da teoria e prática como bastante complexas.

É pertinente ao aluno formando fazer questionamentos sobre a formação básica e como aplicar o conhecimento na prática, haja vista que, durante a graduação que é generalista, são estudadas múltiplas abordagens do pensamento em Psicologia, sendo a mesma uma área muito ampla que possui diversas orientações teóricas como cognitivista, comportamental, humanista, psicanalista, sócio-históricas, dentre outras. É inegável a necessidade de formalizar uma escolha, porém nossa compreensão é a de que essa escolha se dá inicialmente por questões identificatórias, sendo reflexo da subjetividade do aluno.

Partindo do problema de que, na atualidade, há uma exigência da eficiência mais pragmática, ao primado da técnica se requer o dever e a obediência. Porém, é preciso colocar as seguintes indagações: é possível fazer uma clínica sem o ethos? O profissional iniciante na clínica terá uma definição clara de quais instrumentos e abordagens teóricas são recomendáveis para dar suporte a sua intervenção?

Para Figueiredo, a clínica é o espaço da escuta do excluído, do interditado. “A clínica define-se, portanto, por um “ethos”, em outras palavras, o que define a clínica psicológica é a sua ética: ela está comprometida com a escuta do interditado e com a sustentação das tensões e dos conflitos.” Figueiredo (2004,p.63). Será que isso tem sido uma realidade?

Dividiremos este trabalho em três partes. Na primeira, contextualização histórica da Psicologia como ciência; na segunda, mostraremos a problemática da técnica e da ética no campo da Psicologia clínica. E, por fim, destacaremos a importância do ethos na clínica. A metodologia utilizada para as argumentações e considerações deste artigo será a pesquisa bibliográfica qualitativa.

Contextualização Histórica da Psicologia como Ciência

Segundo Sundfeld (1995), a Psicologia aparece em meados do século XIX, no período dominado pelo ideal positivista de ciência proposto por Augusto Comte, o qual se ocupava da descoberta de leis invasivas que ordenavam os fenômenos e opunha-se a qualquer tipo de especulação metafísica. Todas as investigações deveriam estar submetidas ao controle experimental e os fatos deveriam ser compreendidos sob um ponto de vista analítico. De acordo com Sundfeld (2002), nesse período, a Psicologia encontrava-se no seu inicio, ainda relacionada com a filosofia e, portanto, considerada uma matéria reflexiva, marginal dentro do território que ia se concretizando como hegemonia do ideal positivista de ciência. Entretanto, já havia estudiosos interessados em produzir uma Psicologia científica, com o auxilio da fisiologia ou mesmo da matemática. (Sundfeld apud Japiassu, 1995)

Para Freire (2002), o nascimento da Psicologia apresenta dois nomes que disputam sua paternidade. São eles Fechner e Wundt. O primeiro está relacionado com a publicação de sua obra “Elementos da Psicofísica”, publicada em 1860. Já o segundo, está ligado à publicação de seu livro Elementos de Psicologia Fisiológica, em 1864, e a criação do primeiro laboratório psicológico, em Leipzig, Alemanha, em 1879. A afirmação da Psicologia, enquanto autônoma e experimental, liga-se a esses

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