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Psicologia Hospitalar

Por:   •  14/9/2015  •  Resenha  •  3.401 Palavras (14 Páginas)  •  299 Visualizações

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Preparação Psicológica de Pacientes Adultos e Infantis

 para Cirurgia: uma Revisão

Naiara LissoniTesser

Faculdade de Psicologia

Centro de Ciências da Vida

na_lisser4@puccampinas.edu.br

Helena Bazanelli Prebianchi

Atenção Psicológica Clínica em Instituições: Prevenção e Intervenção 

Centro de Ciências da Vida

helenabp@puc-campinas.edu.br

Resumo: Estudos indicam que o acompanhamento psicológico tem influência direta nas reações dos pacientes cirúrgicos adultos e infantis, no pré e pós-operatório. A atuação eficaz do psicólogo neste contexto contribui para a melhora significativa dos pacientes, inclusive nos aspectos no seu processo de recuperação. O presente trabalho, objetivou a revisão da literatura científica, dos últimos cinco anos, sobre as técnicas de preparação psicológica para cirurgia em crianças e adultos, realizadas no Brasil. O levantamento bibliográfico foi feito com base em indexadores de produção científica, entre eles: BIREME, Medline, PsycINFO, Scielo, LILACS, cobrindo o período de 2006 a 2011 e dez artigos foram selecionados por sua pertinência ao objetivo proposto Os resultados apontaram que a totalidade dos artigos diz respeito ao período pré-operatório e cinco ao período pós-operatório, mais especificamente: duas revisões bibliográficas, um relato de experiência; um estudo descritivo e um, experimental. Quanto à população de pacientes envolvidos, não há diferença entre as quantidades de estudos referentes a crianças e adultos, nos dois períodos discriminados de preparação psicológica, sendo que no caso do pós-operatório, o número de crianças e adultos é quatro vezes menor do que na fase pré-operatória. As técnicas e instrumentos utilizados derivam do método clínico, sendo que o maior e mais diversificado número de técnicas e instrumentos foi utilizado na preparação psicológica de crianças, no período pré-operatório, seguida, pela preparação de adultos no pré-operatório. Considerando-se as limitações científicas dos resultados, conclui-se pela necessidade de avaliação ampla e flexível do paciente cirúrgico e aperfeiçoamento da sistematização dos procedimentos de assistência psicológica.

Palavras-chave: : cirurgia, psicologia hospitalar, paciente cirúrgico 

Área do Conhecimento: Ciências Humanas - Psicologia

1. INTRODUÇÃO

Dentro dos ambientes hospitalares é frequente a importância que se da às novas formas de tecnologias e técnicas desta área, tendo em vista a influência positiva que estas têm sobre a promoção da qualidade de vida dos pacientes. Nesse sentido, na cirurgia, para atingir seu objetivo de cura da enfermidade, o profissional deve agir diretamente no local a ser tratado, unindo, cortando ou retirando o que está prejudicado. Apesar de todos os avanços técnicos existentes na área da medicina nas especificidades da cirurgia e anestesias, o paciente cirúrgico nunca se sente totalmente seguro, já que tais procedimentos tendem a gerar um intenso desconforto emocional. Diante da necessidade da realização de uma intervenção cirúrgica, o paciente sente sua integridade física e psicológica ameaçadas, manifestando sentimentos de impotência, medo da morte e de possíveis mudanças que podem decorrer do processo cirúrgico [1].

Os sentimentos de ansiedade e medo decorrem de qualquer evento novo ou desconhecido, portanto são reações frente à ameaça de perigo ou ao perigo eminente [2]. Quando se trata dos procedimentos cirúrgicos isto não é diferente. Pode-se supor que a antecipação desse evento gere sentimentos potencialmente negativos que se pautam na avaliação cognitiva de cada indivíduo. Tais avaliações dependem dos dados da realidade que o indivíduo possui, dados estes obtidos ao longo da história de vida e dos significados que o paciente (no caso) atribui a eventos e situações dessa especificidade (a cirurgia, por exemplo). A forma como o paciente percebe a ameaça da cirurgia destaca-se mais importante do que a própria cirurgia, ou seja, é a partir da significação que o próprio sujeito dá para essa situação que surgem comportamentos de ajuste, que funcionam como uma forma de enfrentamento do estresse e da ansiedade presentes devidos a esse momento [2].. Ocorre que quando o paciente recebe a notícia de que deverá se submeter a uma cirurgia, isto trará implicações para sua vida automaticamente. A doença, o diagnóstico e a necessidade da cirurgia, tudo isso reflete na saúde da pessoa (que já se encontra debilitada).

Em busca de melhorar a qualidade de vida, o próximo passo é promover a reacomodação e a adaptação da mesma frente a esse novo contexto – um contexto bastante complexo, pois apresenta-se na forma de um evento multideterminado, com diversas variáveis combinadas que interagem constantemente entre si. Platas [2] diferencia os três tipos de ansiedades básicas presentes ao longo da situação da cirurgia. A primeira é a ansiedade confusional. Ela refere-se ao período pré-operatório. Neste momento ocorre uma desestruturação do paciente, um desequilíbrio que é consequência da confusão. O paciente fica indeciso, vacilante, descoordenado. Na fase seguinte, o paciente experimenta a ansiedade paranóide. Dentre as manifestações mais comuns se observam: medo, desconfiança, temor, paralisação por pânico, ansiedade bastante intensa. Em seguida ocorre o período pós-operatório, que se dá na sala de recuperação da anestesia. Nesse período o indivíduo fica vulnerável e bastante instável, com capacidade psicológica adaptativa alterada – consequências do procedimento anestésico. Os questionamentos e a busca de dados que orientam a avaliação cognitiva ficam modificados e medos e incertezas tendem a aumentar. A ansiedade seguinte é a depressiva – existência de uma ameaça de desestruturação. Dentre as manifestações mais comuns se encontram: tristeza, aborrecimento, fadiga, insônia, impotência e euforia. Platas [2] lembra que é importante que o profissional identifique qual a necessidade maior do paciente e atue para minimizar os efeitos da fase predominante.

Vários estudos apontam que a hospitalização é o maior dos desencadeadores de estresse para os pacientes cirúrgicos Segundo Méndez, Ortigosa e Pedroche [2], os estressores mais significativos para o paciente cirúrgico são: o diagnóstico, a doença, a dor, a hospitalização, os procedimentos médicos, o temor de não despertar da anestesia, as consequências da cirurgia, a perda da autonomia e a morte.

A questão da necessidade da cirurgia acarreta implicações diretas na qualidade de vida da pessoa, portanto tudo o que estiver relacionado a evento cirúrgico causará alterações na dinâmica do paciente. Mathiense e outros [2] observaram a importância da intervenção psicológica em casos cirúrgicos como contribuinte para a manutenção da qualidade de vida – suporte pré-operatório e intervenções complementares durante a reabilitação maximizam a qualidade de vida. Segundo Mitchell [2], a preparação psicológica é o método mais comum para reduzir o estresse pré-cirúrgico. Nessa preparação os dados sobre os procedimentos cirúrgicos e os comportamentos que o paciente deve emitir são fornecidos. O alívio do estresse se dá, então, a partir do conhecimento. Segundo Söderman, Lisspers e Sundin [2] o estresse e a ansiedade pré-cirúrgica também aumentam o tempo de recuperação do paciente. Seus estudos demostraram que quanto maior o nível de estresse de um paciente antes da cirurgia, maior é a demora do processo de cicatrização, maior a debilidade do sistema imunológico e menos colaborativo esse paciente se coloca diante dos procedimentos médicos. De acordo com Lipp e Malagris [1], as cirurgias se enquadram na categoria de estressores psicossociais porque a interpretação, a necessidade e a importância que cada um lhes atribui decorrem de fatores pessoais, como o conhecimento ou não do procedimento e da história de sucessos ou fracassos de cirurgias anteriores. Uma das formas de amenizar esse estresse, segundo Spalding [2] é a Psicoprofilaxia Cirúrgica. Sua finalidade é a de amenizar o impacto provocado pela cirurgia no psiquismo do paciente. É um tipo de intervenção que prepara o paciente para lidar com o evento cirúrgico por meio de técnicas de enfrentamento. Esse suporte psicológico e social é uma ajuda fundamental para o enfrentamento da cirurgia). Em um estudo com pacientes cirúrgicos. Peniche [3], pesquisando o papel da memória nas estratégias de enfrentamento, observou que 75% dos pacientes já tinham uma experiência cirúrgica anterior armazenada em suas memórias e, concluiu que, as reações dos mesmos frente a essa nova situação da cirurgia seriam influenciadas por essas memórias, tanto no que se referia às estratégias de enfrentamento emocional como no desenvolvimento da ansiedade.

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