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Resenha Crítica A Violência e a Morte Entre Jovens Periféricos

Por:   •  11/4/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.495 Palavras (6 Páginas)  •  79 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

LICENCIATURA EM FÍSICA

LUÍS PHILIPPE LUNARDI DE CARVALHO

RESENHA CRÍTICA III

A violência e a morte entre jovens periféricos

Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.

Professora: Raquel Martins de Assis

BELO HORIZONTE – MG

2020

O homicídio entre jovens tem sido considerado por estudiosos como um dos maiores problemas de saúde pública e de violência institucional e estrutural no Brasil. Segundo dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde, e veiculados pelo jornal da BBC Brasil, entre os 65,6 mil de homicídios no Brasil em 2017, mais da metade - ou 35.783 - vitimaram pessoas entre 15 a 29 anos, o que mostra como esse tema é importante e precisa ser discutido a partir de uma análise econômica, social e política.

Considerando esses dados, foi escolhido como objeto dessa resenha o vídeo “Acervo na laje”, produzido por estudantes do Curso de Produção Cultural da UFBA e o artigo “Homicídio de jovens na periferia de Salvador” (Santos & Bastos, 2016). Ambos tratam do tema do homicídio de jovens periféricos de uma perspectiva crítica e de reflexão acerca do modo como o nosso sistema econômico capitalista é constituído e em como a desigualdade social e a violência institucional atingem e estimulam como consequência jovens a entrarem para a criminalidade e em processos de conflito com a lei.

No vídeo, é possível acompanhar o relato de José Eduardo, sujeito que cresceu na periferia de Salvador e vivenciou o desenvolvimento da comunidade onde vive em paralelo à construção de sua carreira acadêmica, a qual se dedicou a entender, descrever e divulgar os problemas sociais das diversas periferias da cidade. O relato dele, bem como sua produção acadêmica a partir do artigo citado acima, chamam a atenção para o fato de que ele pode escrever como primeira pessoa e como pesquisador, o que traz uma perspectiva diferenciada na análise.

Não obstante a isso, o vídeo estabelece um paralelo com o artigo que ele mesmo escreveu em conjunto com outra pesquisadora, de modo que pode-se perceber simultaneamente, a história de vida de José Eduardo e suas percepções e vivências pessoais acerca do lugar onde mora e do que observa enquanto participante da comunidade e, portanto, pessoa que acompanha e que convive ou conviveu com os problemas relatados por ele e pôde sentir de forma íntima como isso afeta a ele e aos seus pares na comunidade. Ao mesmo tempo, podemos contar com seu olhar técnico e embasado cientificamente para levar ao âmbito acadêmico essa discussão mais do que necessária à nossa sociedade, que é a morte de jovens no Brasil.

Porém, é preciso fundamentar que essa morte tem localização, identidade e raça e afeta muito mais aqueles jovens periféricos e negros, cujas oportunidades de ensino e de ascensão no mercado de trabalho são dificultadas e cujo o acesso a certos espaços são negados. Faz-se necessário, portanto, criar uma discussão acerca dos desafios da política democrática brasileira, que propõe em sua constituição a igualdade do acesso a direitos fundamentais, mas que na realidade constrói lacunas no acesso dos cidadãos a espaços e a recursos simbólicos e materiais.

O vídeo quanto o artigo se complementam por buscar retratar tanto os desafios relacionados à morte de jovens na periferia e as suas repercussões aos pares e às famílias pertencentes à comunidade, quanto às potencialidades da periferia e de sua cultura, as quais devem ser mais bem exploradas.

No que concerne ao impacto das mortes dentro da comunidade, é necessário pensar no contexto sociocultural e econômico que leva aos problemas marcados pela evasão escolar e pela inserção do jovem na criminalidade. É inegável que existem fatores econômicos, como a necessidade de o jovem trabalhar para ajudar na renda de casa, fatores subjetivos marcados pelo desejo de se inserir na dinâmica capitalista marcada pela ostentação e pelo status, e fatores institucionais, como o pouco investimento governamental na educação pública que não oferece grandes possibilidades de inserção futura em uma faculdade ou de forma satisfatória no mercado de trabalho. Isso tudo se alia à ilusão de inserção no tráfico de drogas como único meio de ascensão social e financeira rápida e possível na realidade do jovem. Essa última visão é abordada e retratada no artigo por meio da fala marcante de um adolescente que diz o seguinte:

[...] As jovens sofrem, mas os jovens que sofre mais é porque anda num meio errado, assim... porque vê, quer dizer, eu tenho um amigo ele tá ali todo arrumado, com roupa de marca, aí eu, “p.., véio, o cara só anda todo arrumado, cheio de marca e eu só ando assim...”, mas é porque ele não sabe o que é o dinheiro suado. O dinheiro dele José Eduardo Ferreira Santos e Ana Cecília de Sousa Bastos 154 entra fácil, aí vai muitos que vê o amigo assim ficar todo cheio de marca e diz: “é, vou entrar também no tráfico”, aí vai e entra, fica traficando, aí acaba morrendo de dívida de droga ou então é “olho grosso” na “boca” do outro e um acaba matando o outro. (Santos & Bastos, 2011, pág. 153-154)

A partir disso, fica evidente os diversos fatores presentes na construção de um processo social e institucional que mata os jovens e oprime certos grupos. E o questionamento não se resume a isso. O artigo nos traz, ainda, a reflexão acerca dos papéis de gênero dentro das periferias e o perfil das mortes entre homens e mulheres, de modo que o principal motivo de falecimento das jovens seria a violência sexual. Esse tipo de violência suscita discussões no âmbito do machismo estrutural e do relacionamento abusivo, em que, falando-se das mulheres e do relacionamento que estabelecem:

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