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Resenha crítica do filme holocausto brasileiro

Por:   •  29/4/2016  •  Resenha  •  1.574 Palavras (7 Páginas)  •  6.678 Visualizações

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[pic 1]   INSTITUTO METROPOLITANO DE ENSINO

  FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR

2016

Adrielle Barroso

5º B, matutino

        ARBEX, Daniela. Holocausto Brasileiro: vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício do Brasil. São Paulo: Editora Geração, 2013.

        No livro mais importante de sua carreira, Holocausto brasileiro, A jornalista Daniela Arbex retrata um capítulo vergonho da tragetória médico-hospitalar brasileira, ocorrido no Hospital Metal conhecido como “Colônia”, durante  grande parte do século XX.  Por trás dos muros do sanatório, a barbarie e a desumanidade eram sistematicamente praticadas meio a total falta de infraestrutura. O texto documenta o genocídio orquestrado sobretudo pelo estado, mas com a co-participação de médicos, funcionários e também da própria sociedade da época. Pelo menos 60 mil pessoas morreram nesse verdadeiro Holocausto tupiniquim. Esse trabalho tem como finalidade abordar criticamente através de uma resenha o premiado livro reportagem “Holocausto Brasileiro”, buscando fazer a intercontextualização da obra com os conhecimentos adquiridos nas disciplinas: Estágio Básico I, Psicologia Clínica II, Psicopatologia I, Psicologia da Adultez e Terceira Idade e Dinâmicas de Grupos. 

        Daniela Arbex, 42 anos, formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 1995, iniciou a carreira no jornal Tribuna de Minas, do qual atualmente é repórter especial. Mesmo trabalhando distante dos grandes centros, conseguiu reconhecimento para o seu trabalho de repórter investigativa, é autora do best-seller Holocausto brasileiro eleito Melhor Livro-Reportagem do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (2013) e segundo melhor Livro-Reportagem no prêmio Jabuti (2014). Com mais de 150 mil exemplares vendidos no Brasil e em Portugal, a obra ganha as telas da TV, em 2016, no documentário produzido com exclusividade para a HBO, com exibição prevista em mais de 20 países. Seu mais recente sucesso, Cova 312, aborda a ditadura de uma forma que a história oficial nunca fez. Uma das jornalistas mais premiadas de sua geração, Daniela tem mais de 20 prêmios nacionais e internacionais no currículo, entre eles três prêmios Esso, o americano Knight International Journalism Award (2010) e do prêmio IPYS de Melhor Investigação Jornalística da América Latina (2009). Há 20 anos trabalha no Jornal Tribuna de Minas, onde é repórter especial.

        Como o próprio título diz, o livro fala sobre o “holocausto” ocorrido no maior hospício do Brasil, o Colônia, situado em Barbacena/MG. Lá morreram cerca de 60 mil pacientes que eram tratados pior que animais, em uma época que ter problemas psicológicos era quase uma sentença de morte.

        Ao longo de sua existência, o Colônia tornou-se gradativamente um verdadeiro depósito humano, em que cerca de 70% de seus internos se quer apresentavam distúrbios mentais. Na realidade, muitos eram alcoolistas, epiléticos, meninas grávidas estupradas por seus patrões, prostitutas, gente que se rebelava, gente que se tornava incômoda para alguém com mais poder, homossexuais, tímidos, filhas solteiras de fazendeiros que perderam a virgindade, gente que não tinha documento, ou seja, a “escória da sociedade”. O Colônia foi fundado em 1903, mas o período da barbárie ocorreu entre 1930 e 1980. Praticavam-se torturas e maus-tratos, tais como a lobotomia (Intervenção cirúrgica no cérebro na qual são seccionadas as vias que ligam as regiões pré-frontais e o tálamo) e os choques elétricos. Houve períodos em que a mortalidade chegou a 16 pessoas por dia, entre as causas mais comuns estavam a fome, o frio e doenças relacionadas a péssimas condições sanitárias. Mais de 1.800 corpos foram vendidos para faculdades de medicina sem autorização dos familiares, ou seja, eram tratados como mercadorias mesmo depois de mortos, sem nenhum respeito.

         Pelos relatos dos sobreviventes e imagens do local feitas na época, os pacientes se igualavam aos prisioneiros dos campos de concentrações nazistas, pois chegavam abarrotados nos vagões do trem conhecido como “Trem dos doidos”. Ao entrar no Colônia, os pacientes entregavam todos os seus pertences, cabendo-lhes apenas um uniforme fino e impróprio para o frio da região chamado azulão. Os homens tinham suas cabeças raspadas e não eram mais chamados pelo nome. Quem chegava lá, era deixado a própria sorte. A comida parecia uma lavagem de porco, com fezes e urina em todos os lugares, doentes com moscas no corpo e muitas vezes tendo que comer ratos e tomar a água do esgoto que percorria o pátio, além das sessões de tortura com os banhos gelados à noite e os choques elétricos. E na maioria do tempo ficavam nus ou em trapos porque não tinham roupas. Os mais fortes eram escravizados.

        As autoridades e a população fecharam os olhos para essa barbárie durante quase um século, enquanto homens, mulheres e crianças eram abandonados pela família e pela sociedade passando por situações desumanas. Os poucos sobreviventes ficaram confinados durante muitas décadas e quando saíram tiveram que aprender tudo como uma criança, já que não sabiam como fazer a higiene pessoal e se portar com a liberdade adquirida tardiamente.

        É notório que esse genocídio foi realmente uma das maiores catástrofes que o poder público já protagonizou em toda a história do Brasil, principalmente no que tange a saúde pública e os próprios direitos humanos. Muitos tratamentos nefastos são dramaticamente relatados ao longo de toda a obra, no entanto, alguns se destacam pela sua total discrepância em relação aos procedimentos médicos e psicoterapêuticos atuais, tais como a falta de critério médico para as internações, a pouca ou nenhuma formação profissional dos funcionários, ausência de terapias e acompanhamentos específicos para cada caso, o uso de medicamentos inadequados, bem como as péssimas condições de infraestrutura e higiene do local.

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