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Resenha Crítica: Holocausto Brasileiro

Por:   •  9/6/2018  •  Resenha  •  840 Palavras (4 Páginas)  •  390 Visualizações

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Carlos Yann de Sousa Coelho - 11501760

Ivana Nunes Gomes - 11501795

 Resenha Crítica: Holocausto Brasileiro

O aterrorizante e extremamente necessário livro-reportagem de Daniela Arbex, conta em sua essência, o lado das pessoas que não se encaixavam nos padrões de normalidade e foram jogados no maior hospital psiquiátrico do Brasil onde eram trancafiados, desumanizados e torturados. O acontecimento lembra em vários aspectos Auschwitz e seus campos de concentração operados pelo Terceiro Reich nas áreas polonesas anexadas pela Alemanha Nazista, o que dá nome ao título do livro. A autora, formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora no ano de 1995, em Comunicação Social, é uma das jornalistas mais premiadas de sua geração e denuncia por meio de uma grande reportagem-investigativa a história da barbaridade institucional que era o hospital Colônia, localizado em Barbacena, Minas gerais.

        Durante os capítulos do livro, o leitor conhece diversas histórias que são relatadas por antigos pacientes e funcionários do hospício, vai desde narrativas terríveis a fatos arrebatadores e por fim conhecemos os acontecidos que deram fim ao holocausto. Os ditos locos eram encarcerados por razão frívolas sem nenhum diagnostico de doença mental, mulheres que foram abusadas por seus patrões, filhas que reivindicavam por uma mesada mais justa, prostitutas, homoafetivos e até mesmo os tímidos eram privados de sua liberdade, privacidade e identidade. Jogados nos pátios sem sobra, obrigados a dormirem amontoados para se aquecerem nas noites frias, bebiam do esgoto para matar a sede e muitas vezes comiam ratos para matar a fome, as gestantes passavam fezes no corpo para proteger seus filhos e, nesse cenário, crianças conviviam com os adultos. O genocídio silencioso soma pelo menos 60 mil mortos, vítimas de torturas como eletrochoque, do frio e da fome, ademais seus corpos eram vendidos de forma ilegal para as universidades, um verdadeiro assassinato em massa como disse o fotografo Luiz Alfredo ao visitar pela primeira vez o manicômio. Este por sua vez, foi um dos percursores para mudança dessa situação quando chocou o brasil publicando a serie “Os Porões da Loucura” no jornal o Cruzeiro, além disso pode-se citar o importante papel do movimento de reforma psiquiátrica italiano conhecido como Psiquiatria Democrática  encabeçadas por Franco Basaglia que veio ao brasil e visitou o hospício, e o filosofo Michel Foucault que também fundamentou os psiquiatras brasileiros e consequentemente alavancou a Reforma Psiquiátrica no Brasil.

        A narrativa do livro tem um grande poder identificatório pois aproxima o leitor das histórias dos sobreviventes do holocausto, mostrando os detalhes, as falas, as emoções e as dificuldades que reverberam o sofrimento de cada vítima. Em contrapartida, nota-se a crueldade do Estado em financiar e lucrar com a barbárie, além do consentimento dos médicos, dos funcionários e da população. É aterrorizante saber que em um passado bem recente poderia haver um lugar assim tão desumano, trazendo à tona aquela reflexão atemporal de quem são os verdadeiros loucos, já que a loucura da sanidade por muito tempo torturou tantas pessoas com argumentos horríveis de discriminação. Coloca em xeque as práticas psiquiátricas/psicológicas tradicionais as quais rotulam o sujeito com uma visão reducionista focada no problema, sem levar em conta a história de vida de cada, o seu contexto cultural e as diversas facetas que constrói cada indivíduo.

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