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Resenha sobre desenvolvimento do filme Trotsky

Por:   •  24/6/2015  •  Resenha  •  1.254 Palavras (6 Páginas)  •  1.516 Visualizações

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O filme Trotsky: a revolução começa na escola, do original em inglês “The Trotsky: the revolution begins in high school” foi produzido no Canadá, lançado no ano de 2009, e foi dirigido por Jacob Tierney, que também escreveu o roteiro do filme. (IMDb, 2013) A história do filme se trata sobre a vida do jovem Leon Bronstein de 17 anos que afirma ser a reencarnação do revolucionário soviético Leon Trotsky. A partir desta concepção ele passa a simular a vida de Trotsky da melhor maneira possível, para seguir seus passos e também se tornar um grande revolucionário de sua época. O ponto central no filme é sua tentativa de criar um “sindicato estudantil” na escola pública onde estuda, e com isso acaba transformando a vida muitas pessoas ao redor dele.

Este filme abre diversas possbilidades para estudar o período da adolescencia, e uma das características que mais impressionam no filme é a construção identitária de Leon a partir da figura de Trotsky. Leon é um personagem muito curioso, pois demonstra ser diferente dos adolescentes da sua escola, ele tem muita convicção sobre quem ele é, por mais absurda que sua concepção possa parecer para as outras pessoas. É interessante notar que em nenhum momento no filme, ele aparece com dúvidas se realmente deverá seguir os passos do revolucionário soviético.

Susan Cloninger (1999), afirma que Erik Erikson é famoso por sua construção do conceito de identidade e crise de identidade durante a fase da adolescência. Ela afirma que durante esse período, de transição entre infância e vida adulta, o adolescente busca adquirir um senso de identidade. A confusão de identidade ocorre quando não se consegue alcançar uma identidade coerente. Ela comenta que existe também o conceito, na teoria eriksoniana, de identidade negativa, que é o desenvolvimento de uma identidade baseada em papéis indesejados na sociedade.

O filme não mostra muito claramente o processo pelo qual Leon assumiu essa identificação com Trotsky. Ele apenas comenta que quando criança era muito difícil para entender e aceitar isso em sua vida, entretanto, durante o filme, ele não parece rejeitar essa idéia, descartando assim a possibilidade de uma “crise de identidade” com relação a sua atitude em assumir a identidade de Leon Trotsky. É possível que Leon tenha experimentado um processo de crise durante a sua infância, que o fez ter certeza sobre essa escolha já aos 17 anos, como mostra o filme. Entretanto, quanto ao conceito de identidade negativa, pode haver alguma relação. A figura de um revolucionário pode ser um tanto incômoda para certas pessoas no contexto social de Leon, como seu pai, o diretor e a inspetora da escola. É interessante notar que a atitude de Leon em relação a estas pessoas é completamente aversiva, como se já considerasse estas pessoas como “opressoras” sem que nada ocorresse a priori.

O processo de formação de identidade de Leon, talvez possa ser melhor explicado a partir da definição de Schoen-Ferreira, et all, (2003) que considera a influência de 3 fatores nesse processo: fatores intrapessoais (capacidades inatas do indivíduo e características adquiridas da personalidade), fatores interpessoais (identificações com outras pessoas) e fatores culturais (valores sociais a que uma pessoa está exposta). A necessidade de ter uma identidade pessoal acontece de duas maneiras: percebendo-se como sendo o mesmo e contínuo no tempo e no espaço; e perceber que os outros reconhecem essa semelhança e continuidade.

Erikson (1976) contribui para essa colocação quando considera a importancia da sociedade na formação da identidade da pessoa. Ele elabora que isso ocorre através de um processo de reflexão e observação simultânea que implica no julgamento que o individuo faz de si mesmo em relação a maneira a qual ele percebe que outros o julgam. No filme, Leon, afirma que não se importa com a opinião das pessoas, exceto aqueles que são importantes para ele como Alexandra, sua namorada.

O conceito de moratória, segundo Cloninger (1999), está relacionado com o período em que o adolescente tem a liberdade de explorar multiplas possiblidades de papeis adultos, sem obrigação que virá na idade adulta. Pensando de maneira mais aplicada é a possibilidade de estudar e experimentar várias áreas de interesse durante o período da faculdade antes de assumir responsabilidades profissionais. Apesar de Leon ter sua vida pré-determinada a partir da biografia de Trotsky, sobre o que irá fazer, com quem irá se casar, que amizades terá e até mesmo como irá morrer, é possível perceber a liberdade que ele possui em fazer suas escolhas. Ele vem de uma família abastada, sempre estudou em escolas particulares, e não parece lhe faltar nada. Logo no início do filme Leon passa a trabalhar na empresa do seu pai, porém não fica muito claro se esta escolha foi devido a uma experimentação, ou se ele já estava planejando uma greve desde o início.

Almeida e Pinho (2008), afirmam que, no entanto, o processo de constituição da identidade do indivíduo se torna ainda mais complexo diante da multiplicidade de opções que a sociedade contemporânea oferece e da sua constante transformação. O adolescente, em contínua reconstrução interna, deve acompanhar essas mudanças e precisa se posicionar diante delas. Entretanto, observa-se que os mesmos vêm sendo "bombardeados" por informações que nem sempre contribuem para a constituição de uma identidade genuína (LEMOS, 2001, apud ALMEIDA & PINHO, 2008).

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