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SOBRE OS INVERTIDOS – SIGMUND FREUD

Por:   •  14/11/2017  •  Abstract  •  2.280 Palavras (10 Páginas)  •  624 Visualizações

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SOBRE OS INVERTIDOS – SIGMUND FREUD

Resumo

O presente artigo tem como objetivo abordar a questão dos ditos “invertidos” nas

perversões ou aberrações sexuais, trabalhadas por Sigmund Freud em seu primeiro ensaio

contido na obra “Três Ensaios sobre a Sexualidade”, visando discutir questões como o caráter

fundamental da heterossexualidade como normal, a patologização dos ditos invertidos pela

medicina-psiquiátrica do fim da era Vitoriana (1837-1901), o objeto sexual, a escolha dos

objetos sexuais e os desvios do mesmo. Além de expor a diferença que o termo “perversão”

possui nos dicionários e o que ele representa para a psicanálise, versando ao mesmo tempo

sobre o uso indevido do termo “degeneração” usado para se referir aos invertidos

patologizados pelas autoridades da época.

Palavras-Chave: Sexualidade; Perversão; Inversão; Objeto-Desejo;

Introdução

O termo “perversão” provavelmente quem o lê, pensa instantaneamente em definições

como: corrupto, devasso, sujo, imoral e outros adjetivos negativos. Aqui não se faz negação

de todas essas possibilidades de definições para o termo “perversão”, mas para a psicanálise

as perversões são atos que se desviam da norma ou do padrão estabelecido, algo que é

desviante.

Em “Três ensaios sobre a Sexualidade”, Freud (1996) nos traz dois novos conceitos

logo de início, sendo eles o Objeto Sexual ou a pessoa de quem provem a atração sexual e o

Alvo Sexual que seria a ação para qual a pulsão impele. Portanto qualquer ação sexual que

fuja do ato normal (procriação) pode entrar para as ditas perversões. Todo ato que se desvia

desse objetivo então poderia ser enquadrado nas perversões. Assim aponta Freud: Em

nenhuma pessoa sadia falta algum acréscimo ao alvo sexual normal que se possa chamar de perverso,

e essa universalidade basta, por si só, para mostrar quão impropria é a utilização reprobatória da

palavra perversão. (FREUD, Vol. VII, Cap. 1, p. 152, 1996) 1

Com exemplos claros, Freud cita as modalidades do sexo oral e anal, que podem sim

fazer o ato sexual ser mais intenso e até prazeroso para os envolvidos, mas que não possui em

sua finalidade outra coisa que não seja a descarga das pulsões sexuais, libidinais. Não haveria

o fator de perpetuação da espécie, portanto, não seria normal. Mas o que é normal?

Os Invertidos

No livro “O banquete” (no original: o Simpósio), Platão chama a sua casa um grupo

de amigos para versar sobre o deus Eros, também conhecido como o responsável pelas

paixões e desejos dos homens. Entre seus convidados se encontrava o antigo dramaturgo

grego Aristófanes, que leva a mesa de conversa seu entendimento sobre o porquê sentimos

um desejo que nunca é saciado. Em sua história, relata que no início da humanidade os seres

humanos eram seres que dispunham de duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. Eram

seres completos que beiravam a perfeição em sua forma. Tais seres em sua quase-perfeição

queriam conhecer os deuses a quem louvavam, e assim foram de encontro ao Monte Olimpo

onde se situava a morada dos deuses. O deus Zeus ao ver essas criaturas mortais em sua

presença se enfurece, e como castigo lança um raio que corta ao meio todos os seres

humanos, que assim permaneceriam para sempre, desejando encontrar sua outra metade para

preencher esse vazio agora instalado, mas jamais conseguindo tal façanha. Vale constatar que

em algumas versões desse mito, tais seres humanos não possuíam como via de regra uma

cabeça masculina e uma feminina, mas tendo variações como um corpo com duas cabeças

masculinas ou duas cabeças femininas. Tal constatação em muito faz sentido ao lembramo-

nos que a atração por pessoas do mesmo sexo era algo comum na Grécia antiga, e não visto

como anormal em diversas outras civilizações antigas, portanto a procura pelo mesmo sexo

não seria anormal.

A hipótese trazida por Aristófanes é muito interessante por apresentar um motivo para

a busca incessante que temos pela realização de nossos desejos, sendo o desejo de se tornar

completo, de preencher nosso vazio e assim não mais desejar, se tornando pleno, como o

1 FREUD, Sigmund. Obras psicológicas de Sigmund Freud: Um caso de Histeria, Três ensaios sobre

sexualidade e outros trabalhos (1901-1905). Vol. VII, Imago, 1996. p. 152.

maior deles. Além de também mostrar como o desejo pelo mesmo sexo pode ser visto como

algo de natureza normal, e não patológico como muitos acreditavam e ainda acreditam.

No final do século XIX, a sexologia se tornara uma nova ciência, empenhada em um

trabalho positivista de classificação dos “tipos” de sexualidade e seus comportamentos. Na

época, toda patologia que

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