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A Teoria Social de Marx e sua Proposta Metodológica

Por:   •  25/7/2016  •  Trabalho acadêmico  •  7.876 Palavras (32 Páginas)  •  454 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

- MESTRADO E DOUTORADO EM SERVIÇO SOCIAL-

A Teoria Social de Marx e sua proposta metodológica: a importante tarefa de compreender as “Bases ontológicas do pensamento e da atividade do homem” para produzir conhecimento e atuar na realidade contemporânea

                         

      Autora: Marinês Coral

Trabalho Final para a disciplina Matrizes da Teoria Social cursada no Programa de Pós-graduação em Serviço Social – UFPE, Nível Doutorado.

Profa. Resp. Ângela Amaral

RECIFE-PE

Outubro/2013

A Teoria Social de Marx e sua proposta metodológica: a importante tarefa de compreender as “Bases ontológicas do pensamento e da atividade do homem” para produzir conhecimento e atuar na realidade contemporânea

Resumo

O presente trabalho tem a finalidade de apresentar as reflexões construídas a partir de literaturas e discussões realizadas na disciplina Matrizes da Teoria Social cursada no doutoramento em Serviço Social, na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Mais especificamente busca-se apresentar as bases ontológicas da Teoria Social Marxiana e de alguns intérpretes da tradição marxistas para conhecer e compreender a realidade e nela realizar a intervenção com vistas  à sua transformação. Para isto procuramos captar o mais corretamente possível o pensamento de Marx, de Lukács e de autores que se colocam na corrente da Ontologia do Ser Social.

Palavras-chave: Trabalho, Teoria Social, Ontologia

Introdução

Diante da realidade atual que nos apresenta o adensamento da desigualdade estrutural, a qual se expõe através dos processos de crescente degradação da vida humana e da natureza, da incessante e profunda apropriação e exploração do trabalho, do aumento do desemprego estrutural e conjuntural, das variadas formas de trabalho precário, da destruição de direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores, de opressão de classe, gênero, etnias, entre outros, somos chamados a nos posicionar.

Acreditamos que só podemos compreender os processos acima, que para Netto (2012, p. 79) marcam a “face contemporânea da barbárie”, se o conhecimento sobre eles estiver calçado numa perspectiva teórico-metodológica que apreenda tais processos inseridos numa totalidade social construída historicamente pelos homens, e contraditória pois assentada sobre uma sociedade de classes sociais antagônicas.

Para os sujeitos envolvidos na transformação da realidade bárbara, que se manifesta em tantos atos de degradação da vida humana, é tarefa primordial saber explicar o desenvolvimento dos processos sociais.

Interessante é apontar que o conhecimento do mundo não é uma tarefa que se mostra importante apenas no momento atual. Ela já foi trabalho de muitos teóricos, afinal é preciso compreender e explicar o mundo em que se vive para nele atuar. Não foram em vão os esforços de Kant, Hegel, Durkheim, Weber e Marx, entre outros, para entender o mundo, construir explicações e orientar modos de ser, pensar e agir. Cada um deles voltou seus olhos para a realidade, explicando-a e compartilhando o conhecimento produzido em várias obras que hoje podemos ler, atualizar, e utilizar para compreender a realidade contemporânea.

Neste trabalho buscaremos em Marx e em Lukács, autores da tradição marxista, e de autores que se situam na perspectiva da ontologia do ser social, compreender especificamente o que é a realidade social, as possibilidades que se colocam para conhecê-la, e o porquê de conhecê-la. Buscaremos explicitar nossas posições em relação aos aportes marxianos e marxistas, pois é justamente essa tradição do pensamento social que mais tem sofrido ataques das correntes pós-modernas.

Segundo tais correntes vivemos um momento em que as grandes explicações sobre o mundo - as chamadas metanarrativas - já não conseguem organizar e explicar a vida. Citando apenas um representante, para Lyotard (1993, p. 31), as metanarrativas “têm o fim de legitimar instituições e práticas sociais e políticas, legislações, éticas, maneiras de pensar”. Resumidamente, para os pós-modernos os discursos produzidos na modernidade, que sustentaram uma forma de organizar e explicar a vida, não conseguem mais concretizar estes objetivos, pois eles em sua essência são produções metafísicas, atemporais e universalizantes.

Com estas características não só o legado marxiano, mas principalmente ele, é marcado como uma metanarrativa moderna que na busca de compreender a totalidade social estaria fadado ao fracasso, pois a realidade para os pós-modernos é fragmentada, efêmera, e como tal deve ser tratada. No contraponto a tal pensamento tentaremos demonstrar a validade e atualidade do pensamento de Marx e de autores marxistas que se alinham à perspectiva ontológica marxiana, desenvolvida por Lukács.

I A realidade contemporânea e a atualidade da Teoria Social de Marx

Desde os anos 70 ouvimos a palavra crise. É crise dos paradigmas das ciências sociais; crise da universidade; crise do Estado de Bem Estar, e outras mais. Mas, o que permite que a “crise” se torne “um processo” que a tudo e todos lhe submete? Ora, partindo do senso comum que diz “alguém tem que pagar os prejuízos”, surgem as numerosas respostas que são expressas pelas máximas ideológicas produzidas pela sociedade capitalistas as quais, ao invés de clarear a problemática, escondem o verdadeiro “sujeito causador” da crise, ele sim em crise - o Capital.

Entendemos como Mészáros (2002, p. 79) que “a crise que experimentamos hoje é fundamentalmente uma crise estrutural”. Não estamos mais à frente de uma crise cíclica do capitalismo mais ou menos extensa, mas em uma profunda crise do próprio sistema do capital. Como tal, essa crise afeta — pela primeira vez em toda a história — o conjunto da humanidade e exige dela uma fundamental tarefa, qual seja, a radical ruptura com o controle do capital sobre o processo de reprodução social.

Aponta nosso autor que a associação de capital e crise é o modo próprio do capital se desenvolver, “crises de intensidade e duração variadas são o modo natural de existência do capital [...] a última coisa que o capital poderia desejar seria uma superação permanente de todas as crises” (2002, p. 795).

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