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O Método de Marx

Por:   •  16/9/2017  •  Seminário  •  5.248 Palavras (21 Páginas)  •  235 Visualizações

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Introdução da disciplina Método Crítico Dialético. Referente as aulas e 13, 20, 27 de abril de 2017. Mimeo do professor Robson de Oliveira a partir da bibliografia básica e complementar da disciplina.

  1. TRAJETÓRIO E SOLO HISTORICO PERCORRIDO POR MARX.

Marx nasceu em 1818 e morreu em 1883 (64 anos), sua família era de inserção média urbana, sua mãe era descendente de holandeses e seu pai um judeu que abdicou de sua religião para poder exercer sua profissão como auxiliar de justiça. O solo histórico em que Marx se moveu vincula-se diretamente a certas características da Alemanha como, por exemplo, sua unificação tardia (1871). Marx nasceu na Renania, uma região outrora de domínio francês, por ocupação de Napoleão e que, por isso, possuía marcas progressistas da política francesa. Nessa região ocorreu um importante processo de industrialização e a própria unificação da Alemanha começou na Renania. Marx se graduou em filosofia (1841) – o conhecimento filólogo era muito importante na época – e na sua monografia Marx demonstrou domínio do grego clássico e latim.

Em 1841 sobe ao trono da Alemanha Frederico Guilherme IV, a expectativa de modernização que ele representava é logo frustrada. Nesse mesmo ano torna-se reitor da Universidade de Munique o filósofo Schelling (1775 – 1854), de posição política reacionária, que objetiva apagar os vestígios de Hegel (1770-1831) da universidade, o que resultou na expulsão dos jovens professores com alguma vinculação a Hegel, o que incluía Marx.

Após isso Marx torna-se jornalista e redator chefe (1842) na Gazeta Renana. A diferença entre a Academia e o Jornal o auxilia a compreender o mundo concreto, lembrando que o jornal era financiado pela burguesia. O editorial do jornal era crítico ferrenho de Frederico Guilherme IV, após os sucessivos ataques perpetrados pelo jornal a burguesia compõe um acordo vantajoso com ele e o resultado é a retirada de recursos do jornal e seu posterior encerramento em 1843. Marx assim aprende uma lição: negociar com a burguesia não é fácil. Nesse período, todavia, há o registro de uma importante peça composta por Marx para publicação no jornal: “Os Despossuídos” (1842) – sobre o recolhimento de lenha pelos camponeses. Fica evidente no texto o conflito entre tradição e repressão. Marx nessa peça toma a defesa dos camponeses e a política no interior do texto é assumida como apropriação do espaço público, construção da polis, no sentido grego de afirmação da positividade e da sociabilidade.

Após o encerramento do jornal Marx saí da Alemanha e se estabelece em Paris, uma cidade que pós 1830 era cosmopolita e progressista. Marx possuía na época o projeto da produção de um jornal de esquerda que discutiria temas acerca da política alemã o que permitiria ainda agregar a comunidade alemã que vivia na França naquela época.

Foi durante sua lua de mel, em Kreuznach, que Marx escreveu um manuscrito (Critica da Filosofia do Direito em Hegel - 1843) que colocaria certas questões: Problema da relação entre Estado e sociedade civil. Essa obra é um é um divisor de para Marx: marca a transição da chamada fase "juvenil" para a fase adulta e a consolidação dos pressupostos que irão orientar a produção do seu pensamento até sua maturidade. Ao investigar Hegel, Marx associaria definitivamente a compreensão das relações jurídicas na sociedade com as suas condições materiais; o pensar em função do ser e a alienação do povo; o "Estado real" em relação ao Estado moderno que o segrega e o burocratiza na qualidade de "sociedade civil".

O autor também repensa o papel da teoria crítica, estabelecendo que esta não se completa apenas no campo teórico das filosofias da religião e da ciência, mas tem um indispensável campo prático na política. Se por um lado visava superar os fundamentos estabelecidos por Hegel para o Estado alemão, por outro, visava através da associação entre a reflexão e a prática, ir além do trabalho teórico de crítica da religião de Feuerbach, um outro autor que era uma forte influência sobre Marx. Essa busca e compreensão é responsável por um salto sobre os debates da época em torno da obra de Hegel, para uma visão mais ampla dos fundamentos do direito na Alemanha, seu anacronismo que não permite concessões, suas relações com as classes sociais e com o estágio de desenvolvimento nacional. Uma defesa radical da verdadeira democracia, da máxima generalização do Estado, com a participação de cada cidadão para superar a divisão entre política e sociedade.

Marx está lendo Feuerbach (1804 – 1872) e a tese desse autor polemiza com a de Hegel. Para Hegel o que está dado é o espírito, que em certo momento entra em contradição consigo mesmo, deixa de ser harmônico, integrado e entra em um processo de contradição, dilaceramento. O espírito se aliena de si, entra em conflito com o mundo. Ambos então se alteram, se negam, se reconciliam e instituem uma nova realidade. Essa é a tríade hegeliana: afirmação, negação do mundo, negação da negação. Feuerbach faz uma interpretação materialista invertida: “Não é deus quem cria o homem, é o homem que alienado de suas potencialidades cria deus”. Para Feuerbach é necessário inverter a compreensão de Hegel. Trata-se de uma crítica ao presente na Alemanha.

Marx realiza a mesma inversão, mas dessa vez com a assertiva de Hegel, ao inferir que o Estado funda a sociedade civil, na verdade, é a sociedade civil que permite compreender o Estado. Como entender a sociedade civil? Não havia ferramentas para compreender o Estado (filosófico/jurídico político) a disposição de Marx. Ou seja, ele ainda não sabia como tratar a sociedade civil.

É através de seu projeto em Paris que Marx conhecerá Engels. O texto que Engels envia ao jornal de Marx “Esboço de uma crítica da Economia Política”(1844) trata da sua experiência de vinculação com o movimento operário inglês. Engels faz uma leitura da economia política inglesa e trata de observar que essa é a racionalização da sociedade de classe da burguesia acerca da dinâmica econômica da ordem capitalista. Esse texto é nodal para o posterior desenvolvimento político-intelectual de Marx e para a profícua parceria entre Marx e Engles.

Em Paris Marx conhece a tradição socialista através das associações e movimentos operários. E agora se coloca um problema teórico: como compreender a sociedade civil? Sua chave holística será a economia política. Em 1845 Marx é expulso da França por pressão do governo prussiano e se dirige para Bruxelas.

A crise de 1848 em toda Europa traz consigo a luta pelo direito ao trabalho. As vanguardas operárias percebem que seus interesses históricos de emancipação são incompatíveis com as limitações da ordem burguesa. É a partir de 1848 que o proletariado com suas organizações políticas se coloca como sujeito revolucionário. Nesse período é publicado o Manifesto do Partido Comunista (1848). A análise do Manifesto do Partido Comunista (MPC) é a primeira de Marx que vincula uma estrutura teórica com seu movimento histórico. Um dos principais marcos do MPC é ser uma programática política precedida por uma rigorosa fundamentação teórica.

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