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O Serviço Social na Contemporaneidade

Por:   •  23/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  5.638 Palavras (23 Páginas)  •  241 Visualizações

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O Serviço Social na contemporaneidade:

  1. Introdução:

Os assistentes sociais são desafiados diariamente, vivemos um tempo de divisas, de crise, de crescimento do desemprego, de lutas para sobreviver, de tempos difíceis para quem vive do trabalho, principalmente para a defesa do trabalho e para a organização dos trabalhadores.

A globalização instaurou novos padrões de produção e de gestão do trabalho. Ocorre uma redução da demanda de trabalho e ao mesmo tempo a exclusão social, econômica, política e cultural aumentam. Essas consequências da globalização – pauperização e exclusão social - são a outra face do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social, do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, dos meios de comunicação, da produção e do próprio mercado globalizado.

O acumulo de capital só faz agravar ainda mais as múltiplas expressões da questão social, que é a base sócia histórica da requisição social da profissão.

Cresce a demanda por serviços sociais, ao mesmo tempo ocorre uma diminuição dos recursos, dos salários, e uma imposição de critérios que cada vez mais restringem a possibilidade da população ter acesso aos seus direitos sociais, efetivados em serviços sociais públicos.

O atual quadro sócio histórico vai além do cotidiano do exercício profissional do Assistente Social, ele afeta suas condições de trabalho e as condições de vida da população usuária dos serviços sociais.

O Assistente Social deve atuar decifrando a realidade, desenvolvendo um trabalho zelando pela qualidade dos serviços prestados, defendendo a universalidade dos serviços públicos, atualizando seus compromissos ético-políticos com os interesses coletivos da população usuária.

  1. Sintonizando o Serviço Social com os novos tempos.

Para que se possa ter uma interação do Serviço Social com os tempos atuais é necessário um rompimento da visão endógena, focalista, uma visão “de dentro” do Serviço Social. Devesse olhar para o movimento das classes sociais e do Estado em suas relações com a sociedade. Também devesse entender o Serviço Social como parte dessa expressão.

Um dos grandes desafios dos/das Assistentes Sociais nos tempos atuais é desenvolver a capacidade de decifrar a realidade e ao mesmo tempo construir propostas de trabalho criativas e que sejam capazes de preservar e efetivar direitos, a partir das demandas emergentes no cotidiano.

O/a Assistente Social é historicamente um dos profissionais que implementam políticas sociais, especialmente políticas públicas, porém hoje o mercado demanda um trabalho que perpasse além da esfera da execução, a formulação de políticas públicas e a gestão de políticas sociais.

Para que esses requerimentos sejam efetivados, se faz necessário uma ruptura com a atividade burocrática e rotineira, que reduz o trabalho do/da Assistente Social a um mero emprego, ao cumprimento de horários e de atividades preestabelecidas. O exercício da profissão é mais do que isso, ele requer ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o movimento da realidade para que possa se detectar possibilidades presentes nela, transformando-as em alternativas profissionais, em projetos e frentes de trabalho.

Devesse também entender a profissão hoje como um tipo de trabalho na sociedade. As mudanças históricas tem alterado tanto a divisão do trabalho na sociedade, quanto à divisão técnica do trabalho no interior das estruturas produtivas. O Serviço Social como uma especialização do trabalho na sociedade, não foge dessas mudanças.

O/a assistente social dispõe de um código de ética profissional e embora seja regulamentado como profissão liberal, dentro da sociedade brasileira não é visto dessa maneira. É um trabalhador especializado, que vende sua força de trabalho especializada para algumas entidades empregadoras em troca de um salário. Esse processo faz com que a profissão entre no universo da mercantilização. A profissão passa a fazer parte do trabalho social produzido pelo conjunto da sociedade, participando assim da criação e da prestação de serviços que atendam às necessidades sociais.

  1. Questão Social e Serviço Social.

O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho. A questão social é entendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista, ocorridas por causa da apropriação cada vez mais privada dos frutos do trabalho.

Os/as assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, podendo ser no trabalho, na família, na saúde, na assistência social pública, etc. Essa questão social é igualdade e rebeldia, pois envolve indivíduos que vivenciam essas desigualdades e a elas resistem e se opõem, e é nessa tensão entre produção de desigualdade e de resistência que os/as assistentes sociais trabalham. Por isso, decifrar os novos caminhos pelos quais se expressão a questão social hoje é fundamental para o Serviço Social, tanto para que se possam apreender essas várias expressões da questão social, quanto para construir formas de resistência e de defesa da vida.

Um aspecto importante a ser considerado é o cenário em que se insere o Serviço Social hoje. É necessário hoje repensar a questão social, pois as bases de sua produção sofrem nos dias de hoje profundas transformações.

A classe trabalhadora se encontra polarizada, uma pequena parcela se encontra com um emprego estável, dotada de força de trabalho altamente qualificada e com acesso a direitos trabalhistas e sociais, enquanto uma grande parte da população se encontra com trabalhos precários, temporários, sem acesso a esses direitos. Grande parte dos trabalhadores deixa de ser um trabalhador especializado, isso inclui os/as assistentes sociais, e acaba exercendo múltiplas tarefas.

Vivemos hoje uma terceira revolução industrial, essas etapas desse desenvolvimento industrial envolvem uma ampla expulsão da população de seus postos de trabalho. Atualmente segmentos cada vez maiores da população se tornam desnecessários, e assim surge uma nova pobreza cujos indivíduos que dela fazem parte não têm mais lugar no mercado de trabalho, pois sua força de trabalho não te mais preço. As lutas sindicais se encontram fragilizadas e a defesa do trabalho acaba sendo dificultada diante do alto crescimento das taxas de desemprego.

Na sociedade brasileira esse quadro se agrava ainda mais, o desemprego – tanto o estrutural e o resultante das novas formas de tecnologia –, as relações de trabalho presididas pela violência, a luta pela terra, o trabalho noturno, o trabalho escravo, as relações clandestinas de trabalho, entre outros problemas, adquirem uma máscara de modernidade.

As transformações no mundo do trabalho também influenciam mudanças na esfera do Estado. O renascimento das propostas neoliberais afetam a sociedade de forma profunda, resultando no desemprego, no corte de gastos sociais, de uma formação de uma legislação anti-sindical e de um grande programa de privatização dos órgãos do Estado. Esse processo faz crescer a desigualdade social e suas expressões. Embora tudo isso ocorra, a proposta neoliberalista adquiriu uma grande hegemonia ideológica mundial, mas o neoliberalismo não consegue alcançar seus fins, ou seja, não alavanca a produção e nem amplia as taxas de crescimento econômico.

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