Redação Sobre legalização do aborto

A questão do aborto em dados

Rayanne Roque Gama^[1]

Quando se fala em legalização do aborto, na cabeça dos mais conservadores se fala em assassinato, não é isso que deveria vir à mente. Legalizar o aborto é muito mais uma questão de saúde pública do que um julgamento moral do certo ou errado.

Segundo pesquisa feita pelo jornal El Pais em 2013, 850.000 mulheres passaram por abortos clandestinos, seja em clínicas voltadas para mulheres com maior poder aquisitivo, seja naquelas em situação precária, sem pouca ou nenhuma estrutura. Dessas mulheres, cerca de 200.000 procuraram o Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar a curetagem (procedimento feito para retirada do feto em caso de abortos espontâneo ou provocado). Visto que nem todas as mulheres podem arcar com um aborto dentro dos padrões sanitários, por que privar a mulher mais pobre de salvar sua própria vida? Não há estudos recentes acerca do assunto, mas em 1991, segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil representava quase a metade dos abortos realizados na América do Sul.

Países como Uruguai, onde a legalização é vigente, apontam para um aumento de 30% de mulheres que, em 2014, desistiram do aborto após solicitá-lo de maneira legal segundo o relatório anual do Ministério da Saúde do país. Ou seja, há reduções e não aumento na taxa de aborto. Dito de outro modo, o aborto é a última “solução” que a mulher encontra. Propiciar um modo mais seguro e com acompanhamento psicológico adequado, onde a mulher se veja amparada, pode salvar vidas.

Por fim, espera-se do Estado não simplesmente a criação das leis, mas o cumprimento das mesmas. Tentando diminuir cada vez mais as taxas de mortalidade e facilitando o acesso aos meios contraceptivos, quebrando o tabu sexo em relação às mulheres. A educação sexual da mulher não deve ser esquecida, ou deixada de lado por questões conservadoras. A mulher veio sendo deixada de lado ao longo dos séculos, lentamente caminharemos para a liberdade da mulher sobre o seu corpo. Ademais, é necessário que leis que amparam a mulher sejam mais severamente aplicadas e aprimoradas.

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