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Serviço Social e o Projeto de Cidadania na terceira idade.

Por:   •  27/4/2016  •  Artigo  •  3.116 Palavras (13 Páginas)  •  623 Visualizações

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Serviço social e o projeto de cidadania na terceira idade

Gabrielle Stéphany Nascimento Sgarbi * [1]

Joice Sousa Costa**

Mônica Cesaretti Borilli***

Eixo Temático: Família, Idoso, Criança/Adolescente, Pessoas com deficiência.

Resumo        

O presente artigo busca analisar o fenômeno do envelhecimento populacional, dando margem á compreensão da gênese dos programas direcionados ao segmento idoso, especialmente as Universidades Abertas à Terceira Idade, e especial, iremos desvelar as mediações do trabalho profissional do Serviço Social desenvolvido na Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI) localizada no campus da UNESP/ Franca. Visto que, é um programa que possui suas especificidades, pois se relaciona com o programa institucional de extensão universitária, desenvolvendo um trabalho com pessoas acima de 45 anos, desempenhando a função social da universidade pública, unindo ensino, pesquisa e extensão. As atividades buscam a construção da cidadania, efetivação dos direitos sociais e estimular a discussão sociopolítica sobre o processo de envelhecimento. O método eleito foi o dialético, por ele é essencial para o desvelamento das contraditoriedades da sociabilidade atual. Para a realização do trabalho utilizamos da pesquisa bibliográfica e documental. Portanto, a consolidação da UNATI- UNESP/ Franca possibilita às pessoas idosas e àquelas que estão envelhecendo, usufruir do espaço universitário, que tange os aspectos educacional, intergeracional e cultural, buscando efetivar os direitos sociais relativos à terceira idade, com vistas à construção da cidadania.

Palavras-chave: Envelhecimento, UNATI, Serviço Social.

INTRODUÇÃO

A emergência de um novo perfil demográfico no Brasil se deve à melhoria da qualidade de vida, sendo assim uma conquista da classe trabalhadora, visto que circunscrever o direito à uma proteção integral à velhice na carta Constitucional de 1988 se consolidou mediante lutas sociais do segmento envelhecido.

No entanto, envelhecer em um contexto marcado pela desigualdade social, sem dúvida, implica alguns desafios inerentes a população idosa. A longevidade se consolidou com o aumento da expectativa de vida da população, mas, muitas vezes sem agregar qualidade de vida à estes anos a mais vividos.

Assim, a nossa discussão abrange analisa o perfil demográficas do contexto brasileiro e debate crítico sobre as concepções de envelhecimento e velhice. Sendo que, esse embasamento teórico mostra-se como fundamental para a compreensão crítica do processo de envelhecimento, visto os grandes mitos que são construídos socialmente em torno da velhice, seus limites e possibilidades.

A partir dessa reflexão sobre o envelhecimento é pertinente decifrar a constituição dos programas direcionados às pessoas idosas, e em particular, nos debruçamos sobre a história das Universidades Abertas á Terceira Idade (UNATI). Ilustrado, este histórico da construção das UNATIs analisaremos em particular o caso da UNATI- UNESP/ Campus Franca, que em seu nascimento possui como ponto fundante o trabalho profissional do Serviço Social, que, atua com vistas à garantia do acesso os direitos sociais da pessoa idosa.

I. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: CONQUISTAS, DESAFIOS E DEBATE CRÍTICO

A longevidade soa enquanto uma conquista de âmbito global, pois é reflexo da melhoria das condições de vida da população, proporcionada pela gênese das políticas públicas, queda da mortalidade infantil, baixa da taxa de fecundidade – por meio da disseminação dos métodos contraceptivos- aliado ao avanço- técnico cientifico e ao ampliação da rede médico- sanitária.

No Brasil, o processo de envelhecimento da população está intimamente ligado à promoção de políticas públicas, tais como as regulamentações trabalhistas, da previdência social, educação e saúde – como o controle epidemiológico -, vale destacar que essas políticas mesmo que restritivas trouxeram benefícios para a classe trabalhadora. Essa progressiva melhora das condições de vida interligada a queda da taxa de natalidade foram gradualmente construindo o cenário do envelhecimento do perfil demográfico, essa transição demográfica se inicia em 1940 e se consolida na década de 1960.

Dessa maneira, o mito de que o Brasil é um país de jovens, vem sendo derrubado, pois a cada pesquisa demográfica o grupo idoso vem crescendo quantitativamente, assim dados revelam que a população a participação de pessoas idosas com de 65 anos ou mais no grupo populacional correspondia em 1991 a 4,8%, passa a 5,9% em 2000 e em 2010 atinge o percentual de 7,4% da população brasileira (IBGE, 2010).

Certamente, esse novo panorama traz reflexos em todos os âmbitos da vida social, principalmente, de acordo com Veras (1994) se refletirmos sobre a tendência da feminilização do envelhecimento, a heterogeneidade da velhice e a urbanização. Visto que, por meio dos estudos verifica-se que a expectativa de vida das mulheres é superior à dos homens, “ a diferença entre a esperança de vida de homens e mulheres atingiu 7,6 anos em 2000 – sendo a masculina de 66,71 anos e a feminina de 74, 29 anos” (IBGE, 2004). . Os dados também acrescentam que a velhice cada vez mais se constrói nas cidades, o que nos faz refletir sobre a necessidade de repensar a mobilidade urbana que atualmente é voltada para os sujeitos economicamente “produtivos” e não se funda no prisma da diversidade.

A heterogeneidade da velhice é fato, pois as pessoas envelhecem de maneira diferente umas das outras, acreditamos que isso se deve fundamentalmente à pertença de classe social, pois segundo Beauvoir (1990, p.17) “[...] tanto ao longo da história como hoje em dia, a luta de classes determina a maneira pela qual um homem é surpreendido pela velhice.”, porque a sua inserção e participação no mundo são determinadas pela sua posição no mundo do trabalho, que em última instância também é determinante de seu lócus social e modo de vida.

Apesar “da longevidade despontar como uma conquista no campo da saúde, o processo de envelhecimento alerta para novas demandas e atenções nos serviços e benefícios - lazer, médico psicológico, previdência - prestados pela sociedade” (LOPES, 2000, p.20). Assim, é de suma importância compreender as contraditoriedades no fenômeno do envelhecimento, visto que é um avanço na conquista e na busca pela efetivação direitos, no entanto a velhice da população é um desafio ético-político, principalmente se situarmos nossa discussão na realidade do Brasil, marcada pela desigualdade social e exploração do trabalho. Considerando também que, obtivemos grandes triunfos legislativos para o segmento idoso (Política Nacional do Idoso (1994); Estatuto do Idoso (2003)), entretanto carecemos de ações governamentais efetivas em prol da universalidade de acesso à serviços sociais de qualidade.

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