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Corporeidade e motricidade humana

Por:   •  22/5/2015  •  Resenha  •  1.904 Palavras (8 Páginas)  •  5.227 Visualizações

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RESUMO

O corpo, para a Educação Física, significa a união do ser cognitivo com o ser em movimento. Será que conhecemos o corpo que somos? Santos (2009) nos chamam atenção em como entender que não somos dono do nosso corpo e sim temos um corpo que é capaz de pensar, sentir e agir e que necessita de entendimento de si próprio e do outro. A corporeidade é a própria existência humana, é a tentativa de se entender com o mundo através de sentimentos que estruturamos para conviver em uma sociedade onde “se mostrar” é prioridade para alguns e desconforto para outros. O ambiente escolar é um local facilitador da compreensão corporal visto que corpos se misturam e interagem entre si proporcionando o conhecimento, a troca de experiência e a vivencia corporal. A consciência corporal proporciona ao indivíduo capacidade de aprender e se relacionar consigo, com o outro, com objetos e desejos. Separar o homem nos seus aspectos cognitivo, motor e social não será uma tarefa possível visto que nosso corpo é complexo e indivisível. Desenvolver o aprendizado através desta interação corporal é ou deveria ser uma pratica comum entre conhecimento e relacionamento. A corporeidade vem se constituindo num dos mais interessantes temas de reflexão na área da educação, em especial da Educação Física. (VOGEL, et al. 2009) e esta pratica são os estímulos para trabalhar as relações interpessoais e proporcionar aos alunos um aprendizado que consequentemente levar a melhoria do desempenho. Caberá ao professor de Educação Física em suas aulas dar sentido a este corpo que necessita de pensamento e movimento para se relacionar e sobreviver neste espaço de tanta diversidade e diferenças culturais. Conhecer este corpo é desenvolver a autonomia e apresentar se culturalmente capaz de sobreviver perpassando de um corpo individual para um corpo em plena consonância com a sociedade. 

PALAVRAS-CHAVES: Corporeidade, Educação Física, Educação.

INTRODUÇÃO

        A corporeidade vem sendo pesquisada por diversas áreas do conhecimento. Corporeidade: é a condição de presença, participação e significação do homem no Mundo. E assim “a motricidade emerge da corporeidade como sinal de quem está no mundo para alguma coisa, isto é, com sinal de um projeto. Toda a conduta motora inaugura um sentido através do corpo”, Cunha (1994, p.155). 
        O corpo compreendido influencia significativamente na forma como tratamos e trabalhamos com os “corpos" dos outros. Ao longo dos anos, o corpo ganhou mais espaço na vida das pessoas, seja através de estudos, da mídia, do ambiente escolar ou simplesmente por pensamentos que invadem nossas cabeças, de corpos “esteticamente perfeitos”.
        A partir do momento que entendemos a corporeidade como sendo a unificação entre corpo e mente, passamos a acreditar que só é possível educar o ser humano quando desenvolvemos todos os âmbitos deste ser, ou seja, corpo e mente junta.
        Segundo Santos e Vargas (2011), toda ação educativa é sempre complexa e exige que atentemos para vários fatores, como o contexto social, já que ela recebe influência não somente dos comportamentos individuais de quem a exerce, em especial, os pais e os professores. Os aspectos culturais e sociais também atuam profundamente no processo educativo e sobre a base biopsicológica de cada indivíduo.
        A Educação Física tem um papel ímpar no desenvolvimento da motricidade humana, responsável pelo crescimento e desenvolvimento dos indivíduos que devem ser trabalhados de maneira que o contemplem como uma unidade indissociável, que necessita adquirir e desenvolver esta corporeidade na intenção de fazer deste corpo manifestações de vida. 


CORPO E CORPOREIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA

        A prática de exercícios físicos e de atividades físicas leva o corpo a sistematizar movimentos esportivos com os estímulos do profissional de Educação Física. A corporeidade, compreendida como comportamento cerebral, levará o aluno a reconhecer e utilizar o corpo como instrumento facilitador das questões intrínsecas e extrínsecas, relacionando com o mundo de uma maneira geral.
        É na instituição escolar que a bagagem cultural de uma sociedade é transmitida de geração em geração, de maneira dinâmica e ininterrupta. E o corpo é parte dessa bagagem; e está presente não só nas aulas de Educação Física, mas também nas de Ciências e Biologia, por exemplo. Porém, o movimento, ou a cultura corporal do movimento é parte exclusiva do currículo da Educação Física.
        Segundo Sergio (1996), por meio da corporeidade, [...] É que o ser humano é corporeidade e, por isso, é movimento, expressividade e presença. A mulher e o homem são movimento que se faz gesto, gesto que fala e que se assume como presença expressiva, falante e criadora. E assim, se manifesta a Motricidade Humana... que não cansa porque não é repetição, mas criação.
Entendendo que a corporeidade apresenta-se como fator de trabalho primordial da Educação Física, e é através do corpo que alcançamos a corporeidade, a afirmativa torna-se um referencial para os profissionais de Educação Física, pois, “compreender” a corporeidade é saber olhar sensivelmente o corpo na busca da sua consciência corporal e não da disciplina imposta ou padronizada.
        De acordo com Feijó (1998, apud Santos, 2009, p. 31) o movimento do corpo não se dá por acaso, gratuitamente, e nem são manifestações supérfluas do organismo, mas necessidades físicas e emocionais da pessoa com algum significado integrado a um denominador comum, em uma dinâmica única de energia pessoal, porque o corpo funciona como o local onde existe a personalidade. Ao mesmo tempo, entretanto, o corpo é subjetivo porque, na realidade, o sujeito que “eu sou” identifica-se com “meu corpo”. Assim, rigorosamente falando, eu não devo dizer que “tenho” corpo, mas que “sou” corpo.
De acordo com Aranda et al (2012.): 


        Nos dias de hoje, o corpo está em evidência. A pós-modernidade sugere tipos de corpos que sejam aceitos pela sociedade e não são admitidas imperfeições. O indivíduo não pode ser gordo, feio, velho, ou seja, há um padrão imposto e pré-estabelecido. A problemática em questão é que a maioria das pessoas não se ajusta ao modelo globalizado que está em moda e que é fortemente divulgado pela mídia. Ainda segundo os mesmos autores, o corpo corre o risco de se conectar as noções de instrumentalidade a serviço da tecnologia e da ciência, do trabalho, da ordem e do progresso, da saúde, da estética, da moda, entre outros (p. 737).


        Assim sendo, estamos em um momento em que o indivíduo mudou sua relação com o corpo, onde a preocupação com o corpo “visual” ultrapassa o sentido e a importância do corpo “humano”, livre para viver e fazer parte da complexidade humana.
        A obsessão pelo corpo se expressa em atos, na maioria das vezes, impensáveis, de transformações sucessivas e sem levar em consideração os próprios limites corporais. Na instituição escolar não é diferente – inclusive nas aulas de educação física – damos ao corpo o papel secundário, de agente passivo no processo de ensino aprendizagem (ALEXANDRINO et al ., 2013).


IMAGEM CORPORAL

        A imagem corporal desenvolve-se do nascimento até a morte, em uma estrutura complexa e subjetiva, sofrendo modificações que levam a uma construção contínua, resultante do processamento dos estímulos recebidos. 
Mataruna (2004) define imagem corporal como a figuração do próprio corpo, formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio. Através das experiências e vivencia, o aluno irá constituir seu próprio limite e concepção do corpo, limite este que lhe concedera percepção do seu corpo, para o seu corpo e para o outro corpo.
        A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos, estando o seu corpo ocupando um espaço no ambiente em função do tempo, captando assim imagens, recebendo sons, sentindo cheiros e sabores, dor e calor, movimentando-se. Segundo Ramos (2002, apud Mataruna, 2004) a noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos.
        O corpo para o aluno irá representar um mundo real e imaginário que para Mataruna 2004, este corpo é o seu centro, o seu referencial, para si mesma, para o espaço que ocupa e na relação com o outro.


A EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL


        A Educação Física existe em função do homem, enquanto ser individual e social. Nessa medida, é cultura no seu sentido mais amplo, fertilizando o campo de manifestações individuais e coletivas. É transmissora de cultura, mas pode ser acima de tudo, transformadora de cultura. A sua ação explícita é sobre o corpo, sem dúvida. Mas os benefícios extrapolam o corporal (OLIVEIRA, 2006 apud SILVA, 2011). Para Steinhilber 2007, a especialidade Profissional em Educação Física configura-se a partir do seguinte conjunto de critérios gerais, relevantes para a área de conhecimento e para a sociedade. Este profissional devera despertar neste aluno, interesse em conhecer este corpo e a partir dele estruturar sua vida na condição de um ser pensante e que vive em movimento. 
        O movimento citado por Schilder (1999, citado por Silva, 2011) é de uma essencial importância para o reconhecimento e construção da imagem corporal e, ao mesmo tempo, a cada momento em que nos movemos estamos modificando nossa imagem.
É de suma importância estabelecer nos nossos alunos a cultura da corporeidade desde muito cedo, portanto a prática oferecida nas escolas vem de encontro com a Educação Física no processo desta formação. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

        A corporeidade na condição de facilitador de um “corpo” que pensa, sente, toma decisões e se movimenta despertara nos alunos interesse, satisfação, criatividade, ânimo, bem estar espiritual para desvendar e compreender este corpo como parte de sua existência, e que deverá ser respeitado e cuidado.
        Esta capacidade criativa de se entender o humano, poderá ser um instrumento de trabalho do profissional de Educação Física como estratégia e articulação para melhor planejamento e desenvolvimento de suas aulas nas escolas. 
        Na atualidade a busca por um corpo “perfeito” tem se mostrado fator negativo e que requer olhar especial deste profissional que, para Alexandrino (2013), aponta para a urgência de se encarar a complexidade do ser humano e necessidade de mudarmos nosso olhar para o aluno enquanto agente passivo e dar a devida importância ao corpo na escola, pois o corpo é o local de recebimento e emanação de todas as experiências captadas ao longo da vida.
        A escola deve promover segurança e confiança para os alunos com intuito de proporcionar uma melhor compreensão do “EU CORPORAL”, que é inerente ao papel do profissional, visto
que este é mediador das ações e interações dos seus alunos para o crescimento, e por fim, para a promoção de sua identidade pessoal. 

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