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Imunologia Molecular e Celular

Por:   •  4/11/2019  •  Projeto de pesquisa  •  5.070 Palavras (21 Páginas)  •  234 Visualizações

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2º semestre 2019 – Imunologia (Profa. Elisa Mara Prioli Ciapina)

Abul K. Abbas, Imunologia Celular e Molecular. 8ª EDIÇÃO

Princípios gerais da imunologia do transplante.

O transplante de células ou tecidos de um indivíduo para um indivíduo geneticamente não idêntico leva invariavelmente à rejeição do transplante devido a uma resposta imunológica adaptativa. A falha de enxerto de pele foi causada por uma reação inflamatória, que eles chamaram de rejeição. A conclusão de que a rejeição do enxerto é o resultado de uma resposta imunológica adaptativa veio de experiências que demonstram que o processo teve características de memória e especificidade e foi mediado por linfócitos.

Os imunologistas de transplantes têm desenvolvido um vocabulário especial para descrever os tipos de células e tecidos encontrados no ambiente de transplante. Um enxerto transplantado de um indivíduo para o mesmo indivíduo é chamado de enxerto autólogo. Um enxerto transplantado entre dois indivíduos geneticamente idênticos é denominado um enxerto singênico. Um enxerto transplantado entre dois indivíduos geneticamente diferentes da mesma espécie é chamado de enxerto alogênico (ou aloenxerto). Um enxerto transplantado entre indivíduos de espécies diferentes é chamado de enxerto xenogênico (ou xenoenxerto). As moléculas que são reconhecidas como estranhas em enxertos são chamadas de aloantígenos e aquelas nos xenoenxertos são chamadas xenoantígenos. Os linfócitos e anticorpos que reagem com os aloantígenos ou xenoantígenos são descritos como sendo ou alorreativo ou xenorreativo, respectivamente.

As moléculas alogênicas do MHC de um enxerto podem ser apresentadas para reconhecimento pelas células T do receptor de duas maneiras fundamentalmente diferentes, chamadas de vias diretas e indiretas. Os estudos iniciais demonstraram que as células T do receptor do enxerto reconhecem as moléculas do MHC intactas, não processadas no enxerto, e isso é chamado de o reconhecimento direto dos aloantígenos. As respostas das células T para as moléculas do MHC alogênico diretamente apresentadas são muito fortes, porque existe uma frequência alta de células T que conseguem reconhecer diretamente um único MHC alogênico.

A Ativação de Linfócitos T Alorreativos

A resposta das células T a um enxerto de órgãos pode ser iniciada nos gânglios linfáticos que drenam o enxerto. A maioria dos órgãos contém APCs residentes, tais como as células dendríticas e, consequentemente, o transplante desses órgãos num receptor alogênico fornece APCs que expressam as moléculas de MHC do doador, bem como coestimuladores. Acredita-se que estas APCs dos doadores migram para os gânglios linfáticos regionais e apresentam, em sua superfície, moléculas MHC alogênicas não processadas às células T do receptor (a via de alorreconhecimento direto). As células dendríticas do hospedeiro também podem migrar para o enxerto, pegar os aloantígenos enxerto e transportá-los de volta para os gânglios linfáticos de drenagem, onde são apresentados (a via indireta). A ligação entre vasos linfáticos em aloenxertos e os gânglios linfáticos do receptor não é feita cirurgicamente, e é provavelmente estabelecida pelo crescimento de novos canais linfáticos em resposta a estímulos inflamatórios produzidos durante a colocação do enxerto. Os linfócitos imaturos que normalmente circulam através do linfonodo encontram estes aloantígenos e são induzidos a proliferar e diferenciar-se em células efetoras. Este processo às vezes é chamado de sensibilização para aloantígenos. As células T efetoras migram de volta para o enxerto e vão mediar a rejeição.

Funções Efetoras das Células T Alorreativas

As células T CD4+ e CD8+ alorreativas, que são ativadas por aloantígenos do enxerto causam rejeição por mecanismos distintos (Fig. 17-6). As células T CD4+ auxiliares diferenciam-se em células efetoras produtoras de citocinas que danificam os enxertos através da inflamação mediada por citocinas, semelhantes a um tipo de reação de hipersensibilidade tardia (DTH) (Caps. 10 e 19). As células T CD8+ alorreativas diferenciam-se em linfócitos T citotóxicos (CTLs), que matam as células do enxerto que expressam as moléculas do MHC de classe I de alogênico. Os CTLs também secretam citocinas inflamatórias, que podem contribuir para danos no enxerto.

Ativação de Células B Alorreativas e Produção e Funções de Aloanticorpos

Os anticorpos contra os antígenos do enxerto também contribuem para a rejeição. A maioria dos aloanticorpos de alta afinidade é produzida por células T auxiliares dependentes da ativação de células B alorreativas, muito similar a anticorpos contra outros antígenos de proteínas (Cap. 12). Os antígenos mais frequentemente reconhecidos por aloanticorpos são as moléculas de HLA do doador, incluindo tanto as proteínas do MHC de classe I quanto de classe II. A provável sequência de eventos que levam à geração destas células produtoras de aloanticorpos é que linfócitos B virgens reconhecem as moléculas do MHC estranhas, internalizam e processam estas proteínas e apresentam

os peptídios derivados deles às células T auxiliares que foram previamente ativadas pelos mesmos peptídios apresentados por células dendríticas. Esta é essencialmente a mesma  sequência de eventos para qualquer resposta de células T auxiliares dependentes de anticorpos.

Rejeição Hiperaguda

A rejeição hiperaguda é caracterizada pela oclusão trombótica da vasculatura do enxerto que começa dentro de minutos a horas após vasos sanguíneos do hospedeiro serem anastomosados aos vasos do enxerto e é mediada por anticorpos preexistentes na circulação que se ligam aos antígenos endoteliais do doador. A ligação do anticorpo ao endotélio ativa o complemento e os produtos do anticorpo e do complemento juntos induzem uma série de mudanças no enxerto endotélio que promovem a trombose intravascular. A ativação do complemento conduz à lesão endotelial celular e exposição das proteínas membrana basal subendotelial que ativam as plaquetas. As células endoteliais são estimuladas a secretar formas de alto peso molecular de fator de von Willebrand, que promovem a adesão e a agregação plaquetária. Tanto as células endoteliais quanto as plaquetas sofrem vesiculação da membrana, levando ao espalhamento de partículas lipídicas que promovem a coagulação. As células endoteliais perdem os heparan sulfato proteoglicanos da superfície celular que normalmente interagem com a antitrombina III para inibir a coagulação. Estes processos contribuem para a trombose vascular e oclusão (Fig. 17-9, A) e o órgão enxertado sofre necrose isquêmica irreversível.

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