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Análise fitoquímica de Talisia esculenta

Por:   •  22/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.234 Palavras (13 Páginas)  •  588 Visualizações

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ANÁLISE FITOQUÍMICA DO EXTRATO ETANÓICO DAS FOLHAS DE Talisia esculenta (Sapindaceae)

Célio Alício Santos Cardoso Júnior

RESUMO: A espécie Talisia esculenta, também conhecida como pitomba, é uma árvore de médio porte presente em todas as regiões do Brasil. O estudo realizado neste artigo teve como objetivo a determinação das principais classes de metabólitos secundários presentes nas folhas da espécie T. esculenta através de “screening” fitoquímico utilizando o Extrato Bruto Etanóico (EBE) obtido da percolação de folhas com solvente etanol, posteriormente concentrado em rotaevaporador. Com essa análise foi possível comprovar a presença de Saponinas, Proteínas e Aminoácidos, Fenóis e Taninos, Depsídeos e depsidonas. A presença destes metabólitos secundários e suas atividades biológicas vão de acordo com sua utilização pela medicina popular, como a presença de taninos que corrobora com seu uso no tratamento da diarréia.

Palavras-chave: pitomba, análise fitoquímica, ação antidiarreica.

ABSTRACT: The Talisia esculenta, also known popularly as Pitomba, is a tree of medium size and its presence can be seen in all regions of Brazil. The present study describes the determination secondary metabolites classes in leaves of T. esculenta by doing a phytochemical screening of crude ethanolic extract of the triturated leaves. With this analysis it was confirmed the presence of proteins and amino acids, phenols, tannins and saponins, depsides and depsidones. These results and the known effects of these secondary metabolites could explain some medicinal activities known by the local population like its antidiarrheal property, confirmed by the presence of tannins.

Keywords: pitomba, phytochemical analysis, antidiarrheal property.

INTRODUÇÃO

A utilização de plantas com fins medicinais é uma característica cultural de proporção mundial e o avanço da fitoterapia como alternativa para o tratamento de doenças fez com que a análise das propriedades químicas das plantas fosse cada vez mais importante. A descoberta de metabólitos secundários e suas ações no organismo do ser humano foram necessárias para comprovar o conhecimento popular, os chás, ungüentos e outras preparações encontradas nas feiras de livre comércio, conhecimentos passados de geração em geração (ARNOUS; SANTOS; BEINNER, 2005).

Em civilizações antigas a utilização das plantas de forma medicinal é continuamente estudada e documentada. Um dos principais exemplos de documento evidenciando o uso sistemático e intencional de espécies vegetais para o tratamento de doenças é o “Papyrus Ebers”, que foi descoberto em 1873 e até hoje é considerado um dos documentos mais antigos sobre práticas fitoterápicas (COHEN, 1992). Este documento que data do Egito antigo, cerca de 1.600 a.C., apresenta uma seleção de aproximadamente setecentas espécies vegetais e a sua respectiva finalidade terapêutica, variando entre vermífugos, purgantes, diuréticos, entre outros. Outro grande exemplo da utilização de plantas medicinais na antiguidade é a obra do imperador chinês Cho-Chi-Kei, que possui posição de destaque na farmacognosia chinesa ancestral, por demonstrar o uso de diversas espécies vegetais como o Panax ginseng, para o tratamento de enfermidades (KIEFER, PANTUSO, 2003). Na Grécia antiga, também existiu documentação a cerca de práticas fitoterápicas, como exemplo mais importante pode se citar o tratado de Dioscórides denominado “De Materia Medica”, em que é descrito o emprego terapêutico de aproximadamente 600 plantas, tal relato continua sendo usado atualmente como referência para a medicina moderna. Na Índia também é relatado o uso de raízes de Rauwolfia serpentina como tratamento de várias enfermidades, indo desde intoxicação por animais peçonhentos, quanto a desordens psicológicas como demência, demonstrando o conhecimento primitivo, porém válido de tais civilizações (PEIXOTO, CAETANO, 2005).

A população brasileira utiliza plantas medicinais como parte de sua cultura, sendo esta influenciada fortemente pela pluralidade étnica existente no país, como os povos indígenas que já habitavam seu território, e os europeus e africanos que vieram de outros continentes. Esse fator, aliado à diversidade de espécies nativas pode ser visto como base para o conhecimento popular encontrado no Brasil (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006).

A pesquisa científica a cerca do conhecimento popular sobre o uso de plantas medicinais em comunidades tradicionais da região amazônica é um assunto de grande relevância, pois, devido ao crescimento territorial dos centros urbanos ocorre o englobamento das comunidades limítrofes, e como conseqüência deste conflito cultural e ocupacional ocorre a perda de conhecimentos que foram passados entre gerações. A obtenção e catalogação destes conhecimentos são importantes para o enriquecimento do meio cientifico, e também para a conservação deste patrimônio cultural tão valioso, porém, a quantidade de pesquisas atuais sobre o tema é insuficiente, demonstrando que ainda há muito a ser descoberto na região Amazônica, que ocupa 60% do território brasileiro, possui pelo menos quarenta e cinco mil espécies de plantas, e várias são utilizadas de forma tradicional desde antes da chegada dos primeiro colonizadores. (GIRALDI; HANAZAKI, 2010).

Sapindaceae, descrita de forma ampla por A. L. Jussieu em 1789, denomina uma família de plantas angiospermas (que possuem flores e frutos desenvolvidos), também conhecida como Sapindos, inserida na ordem Sapindales, dentro da classe Magnoliopsida (Dicotiledôneas) (SOUZA, 2011). O termo Sapindaceae é originado do latim Sapindus, em que Sapi significa ‘sabão’, e indus significa ‘vindo da Índia’, pois algumas espécies pertencentes â família Sapindaceae nativas da Índia produzem quantidade elevada de saponinas. No mundo se conhece cerca de 140 gêneros e 1600 espécies correspondentes, de distribuição mundial, com preferência por regiões tropicais. As espécies pertencentes à família Sapindaceae tem crescimento em forma de trepadeira (que utilizam o solo, objetos, ou outras plantas como apoio) com lianas e gavinhas, como a espécie Paullinia pinnata, ou em forma de árvore ou arbusto, como a espécie Dodonaea viscosa, também conhecida como erva-de-viado (HERCULANO; MATOS, 2008).

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