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Resumo do texto de bakhtin generos

Por:   •  14/9/2015  •  Resenha  •  1.729 Palavras (7 Páginas)  •  1.911 Visualizações

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Texto do Bakhtin- OS GÊNEROS DO DISCURSO

A linguagem está interligada a todas as esferas da atividade humana, por isso o caráter, as formas desse uso e os campos das atividades são tão variáveis na língua. O emprego desta ocorre através de enunciados, que podem ser orais e escritos que, por sua vez, refletem um determinado campo específico pelo conteúdo, estilo de linguagem (seleção dos recursos lexicais, fraseológicos, gramaticais) e construção composicional.

Segundo Bakhtin, cada enunciado é individual, mas cada campo de utilização da língua organiza tipos de enunciados similares, os quais determinamos gêneros do discurso. O repertório de gêneros do discurso está sempre se expandindo e se diferenciando, por conta do desenvolvimento e da complexidade de cada campo. Os gêneros do discurso são de natureza desigual, o que os tornam abstratos e vazios, até porque nas antiguidades não se levava em consideração a questão linguística geral do enunciado e dos seus tipos.

Existe uma importante diferença entre os gêneros: Gêneros discursivos primários, que são os mais simples, advindos de diálogos informais do cotidiano, relações íntimas. E gêneros discursivos secundários, que são os mais complexos, organizados a partir de contextos políticos, científicos, romances; sua formação ocorre atrás da reelaboração dos gêneros primários. O mau uso dos gêneros primários resulta na vulgarização, o behaviorismo linguístico é o grau extremado de tal vulgarização.

A falta de conhecimento da natureza do enunciado e a relação das diversidades de gênero do discurso geram formalismo e abstração exagerada, prejudicando as relações da língua com a vida. O enunciado é um núcleo problemático de grande importância linguística, a estilística é um deles. Todo estilo está associado ao enunciado e aos gêneros do discurso. Como o enunciado é individual e pode refletir na individualidade do falante, ou escritor, por consequência pode também ter um estilo individual, porém não é o que ocorre na maioria das vezes.

Em diversos gêneros podem exibir-se diferentes camadas e aspectos de um caráter individual, o estilo individual pode encontrar-se em várias relações de reciprocidade com a língua. A grande problematização é a relação do enunciado com a língua, já que apenas nele, a língua se materializa na forma individual.

A separação dos estilos em relação aos gêneros revela-se prejudicial na formação de muitas questões históricas, a linguagem literária é um sistema movimentado e complexo de estilos de linguagem que está em constante mudança. Os gêneros discursivos são correias de transmissão entre a história da sociedade e a história da linguagem. Toda ampliação e evolução da linguagem literária está ligada aos gêneros primários e secundários, em maior ou menor grau, aos novos procedimentos de gênero de construção do todo discursivo, do seu acabamento, da relação do falante com o ouvinte, o que resulta numa renovação dos gêneros do discurso.

Para Bakhtin, as camadas não literárias da língua nacional também estão relacionadas aos gêneros do discurso e trata-se de variáveis tipos de gêneros de diálogo, vindo daí a dialogização relativamente brusca dos gêneros secundários, a sensação do ouvinte como parceiro-interlocutor, o enfraquecimento da composição monológica, etc. Onde há estilo há gênero, a passagem do estilo de um gênero para outro, modifica o som do estilo nas condições do gênero que não está propicio, destrói ou renova tal gênero. Por tanto, os estilos individuais e a língua agradam aos gêneros discursivos.

A gramática e a estilística concordam e discordam o tempo todo pois, o sistema da língua é um fenômeno gramatical, mas o conjunto de um enunciado individual é um fenômeno estilístico, porque a própria escolha de uma certa forma gramatical pelo falante é um ato estilístico.

A linguística do século XIX, tinha como primeiro plano a formação do pensamento e deixou a função comunicativa da linguagem como um plano secundário. O papel do outro na comunicação só era levado em consideração se fosse como ouvinte passivo do falante. Em fundamento, a língua precisa apenas de um falante e do objeto da sua fala, já que a comunicação é secundária e não afeta a sua essência.

O ouvinte, ao compreender o discurso do falante, desenvolve uma ativa posição responsiva na qual ele concorda ou discorda do contexto e o torna falante. A compreensão ativamente responsiva pode ser imediata, pode ser silenciosa (através de gestos e expressões), pode ser lenta de efeito retardado, ou seja, pode demorar, mas o que foi ouvido e ativamente entendido será respondido. Porém, o ouvinte também pode ser passivo, na qual a compreensão é um momento abstrato da compreensão ativamente responsiva real e plena. Até o falante é um respondente, pois cada enunciado é um elo na corrente complexamente organizada de outros enunciados.

Portanto, as formas que representam o ouvinte como passivo, e o falante como ativo, são abstrações cientificas, mas não devem ser tidos como fenômeno pleno, real e concreto. A falta de conhecimento do papel ativo do outro no processo da comunicação traz imprecisões como ambiguidade de termos como “fala” ou “fluxo da fala”, estes não designam a uma divisão em unidades da língua. A palavra indefinida riètch (fala, discurso) pode ser designada tanto para linguagem, quanto para um determinado gênero discursivo, e até hoje a publicação do texto não foi definida pelos linguistas um termo definido para tais conceitos. E quase sempre se tem um jogo confuso com todas essas significações.

O discurso sempre está formado através de um enunciado direcionado a um sujeito, essas enunciações possuem como unidades da comunicação discursiva, estruturas comuns e limites. Os limites são definidos pela alternância dos sujeitos do discurso (pela alternância dos falantes). Todo enunciado possui um princípio absoluto e um fim absoluto e é uma unidade real. Existem diferentes condições e situações de comunicação, portanto essa alternância varia e possui diversas formas, conhecida também como réplica. Estas são interligadas, mas aquelas relações que existem entre as réplicas do diálogo (pergunta-resposta, afirmação-objeção, afirmação-concordância) são impossíveis entre unidades da língua (palavras e orações).

A oração requer de diversas propriedades da língua: não é delimitada de ambos os lados pela alternância dos sujeitos do discurso (pode ou não converte-la em enunciado), não tem contato direto com a realidade (com a situação extraverbal), não tem contato direto com enunciado alheios, não possui inteireza semântica nem capacidade de determinar prontamente a posição responsiva do outro falante, a oração é de natureza gramatical, fronteiras gramaticais, lei gramatical e unidade. Por isso não se intercambiam orações, intercambiam-se enunciados que são formados por organização de palavras, orações, mas isso não leva uma unidade da língua a transformar-se em unidade de comunicação de discurso.

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