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OS EFEITOS TERAPÊUTICOS DO USO DOS CANABINÓIDES: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Por:   •  1/5/2019  •  Artigo  •  4.396 Palavras (18 Páginas)  •  266 Visualizações

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OS EFEITOS TERAPÊUTICOS DO USO DOS CANABINÓIDES: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Cristóvão Jacques Ferreira Meireles*

Eduarda de Brito Pereira*

Leonam Igor Vareda dos Santos*

Rebeca Victória de Jesus Rocha*

 RESUMO: Canabinóides são um grupo de compostos presentes na Cannabis Sativa (maconha), a exemplo do Δ9-tetraidrocanabinol e seus análogos sintéticos. O uso terapêutico desse gênero da Cannabis é permeado por uma série que questões sócio-político-científico, sendo assim, o artigo teve como objetivo analisar os efeitos terapêuticos dos canabinóides na produção científica brasileira, através da revisão sistemática de literatura. Foram realizadas buscas nas bases de dados Scielo, LILACS, MedLine e BDENF, durante maio de 2018. As discussões feitas sobre os artigos, evidenciaram que o uso dos remédios à base dos canabinóides produzem efeitos positivos, negativos e similares aos da esquizofrenia; redução de 50% das crises epiléticas em 40% dos pacientes estudados, efeito terapêutico sobre os sintomas do transtorno comportamental do sono REM apresentado pelos portadores de Mal de Parkinson, melhora da dor neuropática em pacientes com HIV, oferece benefícios aos pacientes sem possibilidades de cura, como a SIDA, câncer terminal e portadores de doenças neurológicas, como esclerose lateral amiotrófica (ELA) e benefícios do uso dos canabinóides no tratamento de dores periféricas, inflamações e psicopatias por meio da manipulação dos receptores canabinóides. Conclui-se que há efeitos benéficos dos canabinóides, sobretudo, nas doenças relacionadas ao sistema nervoso, porém, é necessário que haja avanços nas pesquisas sobre a utilização a longo prazo.

PALAVRAS- CHAVE: Cannabis. Canabinóides. Uso terapêutico.

  1. INTRODUÇÃO

O uso terapêutico das plantas do gênero Cannabis permeia um dilema socio-político-científico nos dias atuais, apesar de liberada para uso em 33 países atualmente, incluindo Rússia, Argentina, Portugal e Coreia do Norte. O uso dos compostos da planta Cannabis para fins terapêuticos tem sido utilizado pela humanidade desde tempos mais antigos que a sociedade cristã, a começar na Ásia antiga, onde foram encontrados os primeiros indícios do uso terapêutico da planta, sendo utilizada:

“em indicações similares às que se observa em muitas descrições atualmente na prática médica, ações terapêuticas de analgesia e sedação, como relaxante muscular, anticonvulsivante, estimulante do apetite, antipirético e no tratamento da desintoxicação pelo álcool e opióides.” (BONFA et al, 2008)

   

No Brasil, essas plantas foram agregadas aos costumes culturais em um longo processo de implementação e distribuição. Relatos históricos datam que as velas e cordames dos navios que aportaram no Brasil em 1500 utilizavam o cânhamo (sinônimo e anagrama da palavra maconha) na sua confecção, mas só em 1549 a planta viria a ser cultivada no país, devido às sementes trazidas pelos escravos negros em bonecas de pano. A partir disso, não demorou para que seu uso se espalhasse pelos indígenas e pelas camadas mais baixas da sociedade brasileira, não chamando atenção até que pesquisadores e pessoas de classe mais elevada percebessem a peculiaridade da planta. Foi na década de 30, com seu uso em alta pela sociedade brasileira, que medidas resultantes dos argumentos utilizados pelo representante brasileiro na Conferência Internacional do Ópio proibiram o uso da maconha no país, sendo classificada como mais perigosa que o próprio Ópio, mesmo os compêndios médicos da época comprovarem o contrário. (CARLINE, 2006)

Desde então o uso das Cannabis vem sendo proibido e/ou estigmatizado pelas comunidades científica e da saúde brasileira, limitando atualmente as próprias pesquisas sobre o tema e impondo limites sobre as descobertas e abrangência possível dos benefícios das plantas. Muitos dos artigos e estudos sobre o tema utilizados, possuem referências internacionais, e ainda concluem, como por exemplo em LESSA et al (2016), que apesar de demonstrarem poucos efeitos adversos com o uso de medicamentos a curto prazo, a longo prazo, pouco se sabe sobre a existência de efeitos colaterais adversos.

Diante dessa perspectiva, o presente artigo visa analisar o avanço das produções científicas brasileira em relação aos efeitos terapêuticos do uso dos canabinóides, explorando os dados obtidos, de forma a identificar o avanço dessas produções, os resultados e os possíveis efeitos adversos em pacientes com doenças degenerativas neurológicas ou com dores crônicas, ao exemplo de algumas psicoses como esquizofrenia ou Parkinson, insônia e depressão.

  1. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para responder à questão de investigação foi a revisão sistemática de literatura, uma forma de pesquisa bibliográfica. Seguindo esse modelo de revisão foi possível obter um potencial para minimizar algumas barreiras para a utilização de resultados de pesquisas na prática assistencial. Na área de saúde, sobretudo, a revisão sistemática proporciona uma síntese do conhecimento baseado em pesquisas, relativo ao tópico requerido (GALVÃO, 2004).

            A primeira etapa foi constituída por pesquisas nas bases de dados Scielo, LILACS, Medline e o Banco de Dados de Enfermagem (BDENF), durante maio de 2018, sendo utilizados descritores que retomassem as publicações sobre o uso terapêutico dos canabinóides. Na íntegra, foram empregues dois descritores cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “cannabis” e “canabinóides”. Com base nos resultados obtidos, através das buscas realizadas nas bases de dados acima mencionadas, o passo seguinte foi selecionar, eleger e incluir os artigos que farão parte do plano de revisão. Nesse processo aplicamos a recomendação PRISMA, um fluxograma de quatro etapas com o objetivo de auxiliar o processo de revisões sistemáticas e meta-análise.

Os critérios estabelecidos para a seleção dos artigos foram: artigos completos em português, cujo tema reflita sobre “uso terapêutico”. Uma vez que seria de interesse que investigação se concentrasse no âmbito brasileiro e com o enfoque em tratamento terapêutico, foram descartados artigos em outros idiomas e que tratassem exclusivamente de dados medicinais de outros países. Como existia uma grande quantidade de resultados com os descritores utilizados, foi necessário filtrar a investigação.  Para isso, as palavras português e terapia foram empregadas como filtro, excluindo-se os periódicos internacionais e escritos em outros idiomas. Inicialmente foram excluídos os artigos duplicados nas bases de dados selecionadas, totalizando 186 textos. O passo seguinte foi a exclusão de 153 relatos por afinidade temática, restando apenas 33 artigos para serem avaliados para elegibilidade. Por fim, dos 186 obtidos no processo de busca, o corpo de análise para revisão sistemática foi reduzido para 12 periódicos. O processo de seleção de artigos foi processual, sendo o número inicial de 186 reduzido para 33 títulos, nos quais foram exclusos os relatos que não estavam relacionados com o tema.

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