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O ESTUDO BIDIRECIONAL DA RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS MENTAIS E OBESIDADE: RELATO DE CASO.

Por:   •  4/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.696 Palavras (11 Páginas)  •  262 Visualizações

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ESTUDO BIDIRECIONAL DA RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS MENTAIS E OBESIDADE: RELATO DE CASO.

RESUMO: Existe uma associação bidirecional da obesidade com os transtornos mentais mais comuns devido constatar que os transtornos mentais beneficiam o desenvolvimento da obesidade, e a obesidade colabora para elevar a incidência desses transtornos. O objetivo deste relato de caso foi analisar a relação bidirecional dos transtornos mentais com a obesidade e prescrever uma dieta para um associado da APARU do sexo feminino, 52 anos, IMC de 30,06 kg/m2, que se encontra em um quadro de obesidade grau 1, estimulando a perda de peso e a diminuição da sintomatologia da depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia. O estudo refere-se a uma pesquisa experimental, prospectivo, não controlado, sendo do tipo estudo de caso clínico. Os transtornos mentais auxiliam no desenvolvimento da obesidade e a obesidade auxilia no desenvolvimento dos transtornos mentais. Os principais mecanismos equivalem à sobrecarga alostática, com a desregulação do eixo HPA (hipotálamo-pituitário-adrenal), processos inflamatórios, alteração da autoimagem e descontentamento com o corpo.

Palavras-chaves: transtornos mentais; obesidade; bidirecional.

ABSTRACT: There is a bidirectional association of obesity with the most common mental disorders, since it is observed that mental disorders benefit the development of obesity, and obesity contributes to increase the incidence of these disorders. The purpose of this case report was to analyze the bidirectional relationship of mental disorders with obesity and to prescribe a diet for a 52-year-old APARU female partner, BMI of 30.06 kg/m2, who is in an obesity setting grade 1, stimulating weight loss and reducing the symptomatology of depression, bipolar disorder and schizophrenia. The study refers to an experimental, prospective, uncontrolled study, being of the clinical case study type. Mental disorders aid in the development of obesity and obesity assists in the development of mental disorders. The main mechanisms are equivalent to allostatic overload, with deregulation of the HPA (hypothalamic-pituitary-adrenal) axis, inflammatory processes, altered self-image and discontent with the body.

KEYWORDS: mental disorders; obesity; bidirectional.

INTRODUÇÃO

Até 2020 a depressão, segundo a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), será a segunda causa de morbidade do mundo inteiro. Hoje em dia, sofrem desta patologia cerca de 150 milhões de pessoas, e esse número tem sido crescente nos últimos anos, sendo que as mulheres têm duas vezes mais probabilidade de se tornar depressiva do que o homem (NASCIMENTO; ADAMI; FASSINA, 2016).

Existe uma associação bidirecional da obesidade com os transtornos mentais mais comuns devido constatar que os transtornos mentais beneficiam o desenvolvimento da obesidade, e a obesidade colabora para elevar a incidência desses transtornos. A depressão e a ansiedade são transtornos que dividem com a obesidade as fases de agravamento das doenças crônicas não transmissíveis, principalmente as relacionadas ao coração e o diabetes mellitus (MELCA; FORTES, 2014).

O corpo reage à obesidade como um processo inflamatório, devido o aumento de peso ativar as vias inflamatórias e a inflamação ativar as citoquinas pró-inflamatórias que colaboram para o quadro de depressão. Quando a obesidade desregular o eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA) aumenta a secreção de cortisol, gerando oscilações do humor (SHOELSON; HERRERO; NAAZ, 2007, BREMMER, et al., 2008 apud MELCA; FORTES, 2014).

Segundo Björntorp (2001), a depressão gera a obesidade abdominal por causa da ativação contínua do eixo HPA e que o cortisol, na presença de insulina, inibe enzimas lipídicas em um processo intercedido pelos receptores glicocorticoides. No entanto, a obesidade também gera a depressão e alguns de seus mecanismos são os efeitos negativos da própria imagem (MELCA; FORTES, 2014).

A relação entre os transtornos mentais e a obesidade manifestou-se também uma elevada presença de quadros de ansiedade entre obesos. De acordo com Bodenlos (2011), o paciente diagnosticado com ansiedade eleva as chances de tornar-se obeso em, pelo menos, 12 meses, ocorrendo principalmente em mulheres, e a causa parece ser a disfunção hipotalâmica (MELCA; FORTES, 2014).

Os pacientes acometidos pelo transtorno de humor bipolar (THB) apresentam maior risco de sobrepeso e obesidade. Os possíveis fatores de risco para esta associação são: a comorbidade com transtornos ansiosos e de compulsão alimentar, o número de episódios depressivos e sua duração, medicamentos, histórico de internação na fase depressiva e sedentarismo (WIT, et al., 2010 apud MELCA; FORTES, 2014).

Dentre os tratamentos existentes para o transtorno depressivo, temos o auxílio da farmacologia e o acompanhamento psicológico. Porém, um número significativo de pessoas não consegue melhoras com este tratamento inicialmente. A medicação para o transtorno depressivo ajusta os níveis de neurotransmissores, sendo que a serotonina, que é um hormônio que regula o humor, a emoção, o sono e o apetite e que controla as funções psíquicas e comportamentais, e a noradrenalina desempenham funções importantes no mecanismo de ação antidepressiva (NASCIMENTO; ADAMI; FASSINA, 2016).

A maioria dos pacientes que eliminam peso durante a crise depressiva recupera ou ganha peso depois do tratamento com antidepressivos. Com a eficácia farmacológica desses antidepressivos, ocorre o retorno do humor ao estado normal, podendo levar a recuperação de peso. No entanto, há chances de que os fármacos possam modular o centro da fome no hipotálamo, aumentando o apetite (ARONNE et al., 2003; KAZES et al., 1994; FRANK et al., 1990; MORENO et al., 1999; KUPFER et al., 1979; VIRK et al., 2004 apud COSTA; CALETTI; GOMEZ, 2011).

Principalmente no início do tratamento, o efeito neuromodulador é notado de modo diverso entre uma e outra classe de antide¬pressivos. Os antidepressivos tricíclicos estão associados ao aumento do apetite e peso, e os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como a fluoxetina, estão associados à redução do apetite e peso para alguns pacientes (ARONNE et al., 2003; DEITOS et al., 1995; FRANK et al., 1990; KAZES et al., 1994, apud COSTA; CALETTI; GOMEZ, 2011).

O objetivo deste relato de caso foi analisar a relação bidirecional dos transtornos mentais com a obesidade e prescrever uma dieta para estimular a perda de peso e a diminuição da sintomatologia de uma paciente que se encontra em um quadro de obesidade, com diagnóstico de depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia.

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