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AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE SAÚDE E DOENÇA

Por:   •  10/8/2019  •  Artigo  •  1.562 Palavras (7 Páginas)  •  467 Visualizações

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ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA (ESAMAZ) ANTROPOLOGIA DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE SAÚDE E DOENÇA

Ana Beatriz de Souza Carneiro

Matrícula: 1808341

Turma: ODO3MA

BELÉM – PA 2019

AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE SAÚDE E DOENÇA

“Trabalho realizado com a finalidade de cumprir tutoria na disciplina de Antropologia da Saúde, no curso de Odontologia da Escola Superior da Amazônia- ESAMAZ, na data de 07/06/2019.”

BELÉM – PA 2019

  1. INTRODUÇÃO

A Antropologia da Saúde consiste no estudo da forma como, em distintos contextos socioculturais, as pessoas veem, atribuem significados e lidam com o processo saúde-doença. Basicamente, ela estuda as percepções populares e profissionais sobre a saúde e a doença - englobando desde análises dos aspectos e concepções sobre etiologia, diagnóstico e tratamento, bem como os significados conferidos à saúde e a doença; a comparação de diferentes preceitos ou racionalidades médicas - medicina moderna, medicina popular, tradicional e alternativa -, e a forma como as pessoas usam e enxergam as diversas agências de cura (NEVES et al, 2019; LANGDON, 2014).

Observa-se também que a Antropologia da Saúde se preocupa com as condições de vida e trabalho da população em sua relação com a saúde e a doença em interface com o modo como os indivíduos nos variados contextos culturais. Ademais, tem um papel essencial por meio de suas contribuições teórico-práticas trazidas pela análise de toda a conjuntura que permitem aprofundar nosso entendimento sobre a complexa correlação entre sociedade, cultura e o processo saúde-doença (BACKES et al, 2009).

Levando em conta tudo que foi disposto, este estudo tem por objetivo discorrer sobre as diferentes concepções de saúde e doença, e para uma melhor compreensão da temática proposta, no decorrer deste estudo, será debatido acerca do impacto da realidade sociocultural como possível fator causal na saúde e doença, além de demonstrar as diferentes concepções e representações da saúde e da doença em distintos grupos socioculturais.

  1. REVISÃO DE LITERATURA

  1. A RELAÇÃO DO CENÁRIO SOCIOCULTURAL COM AS QUESTÕES DE SAÚDE E DOENÇA.

A antropologia estabelece cultura como um conjunto de elementos simbólicos interligados; formas de pensamento que desencadeiam uma visão de mundo; além de valores e estímulos conscientes e inconscientes que juntos influenciam na vida dos indivíduos (ASSIS et al, 2008).

Nas diversas sociedades distintas sujeitos herdam princípios, conceitos, regras e significados que moldam e se propagam nas formas como eles vivem. Cada sociedade estabelece códigos culturais que proferem aspectos sobre inúmeros domínios sociais, que incluem representações sobre corpo, saúde e doença, desenvolvendo um intricado cultural ou um sistema simbólico (CARETTA, 2019).

As inúmeras representações e concepções da saúde e da doença mais proeminentes em diferentes grupos sociais estão intensamente atreladas a conjuntura social, política, econômica e aos valores vigentes nestes grupos. O modo como a sociedade confere interpretações às doenças reverbera amplamente a forma como ela pensa, exibindo seus medos e limites. Temos como exemplo nesse contexto a doença AIDS, por ter um estigma latente é usada pela sociedade como recurso simbólico para expor o medo, relacionando-a a desvios e transgressões morais, porém nada mais são que preconceitos velados contra as vítimas (HELMAN, 2007; NEVES et al, 2018).

 O estilo de vida e os valores operantes na atual sociedade influenciam e transformam expressivamente o modo como o é visto o corpo, a estética e a saúde para as pessoas. Essa análise permite a verificação da dispersão, entre determinadas camadas sociais, o entendimento errôneo de que manter a saúde é estar atrelado ao corpo em forma do ponto de vista estético, levando a consequência do uso narcísico do corpo. Tudo isso propiciou o que verificamos hoje, um aumento nas intervenções cirúrgicas para fins estéticos, uso de medicamentos de forma irresponsável, alimentos e cosméticos, na busca pelo corpo perfeito (LANGDON, 2014; LUZ, 2000).

Percebe-se também como a cultura influencia na construção de doenças, estudos demonstram como sociedades extremamente individualistas comumente refletem e facilitam problemas psicológicos em seus indivíduos, já em realidades culturais que o trabalho é muito exacerbado há evidências de manifestações somáticas ou distúrbios a nível físico e moral em seus sujeitos (CARETTA, 2019). .

Além disso, trabalhos socioantropológicos acerca da dor em distintos grupos socioculturais demonstram como o limite da dor e sua percepção é diferente. Em algumas culturas a dor carrega caráter positivo, dando valor o sofrimento do paciente e provendo ferramentas simbólicas aos indivíduos para lidar com ela (LANGDON, 2014).

Verifica-se também como o pertencimento a diferentes classes sociais influencia diretamente nas concepções de saúde e doença. Tem-se que a cultura tem um papel essencial na determinação das desigualdades em saúde. As relações de gênero e cor são social e culturalmente produzidas, ocasionando desigualdades nos níveis de vida e de saúde, que se exacerbam quando combinadas com as relações de classe social (BOLTANSKI, 2004).

  1. A DIVERGÊNCIA ENTRE AS VISÕES DOS PROFISSIONAIS E DE PACIENTES ACERCA DA SAÚDE E DOENÇA

A visão dos profissionais dispõe que saúde e doença consistem em fenômenos de âmbito biológico que devem ser manejados por meio de uma ação de caráter técnico. Utilizando racionalidade científica; a ênfase na análise objetiva dos parâmetros médicos; o entendimento da enfermidade como independente do sujeito e do contexto sociocultural em que ele vive e o enfoque no diagnóstico e na terapêutica (AMADIGI et al, 2009; LIRA et al, 2004).

O modo de análise do duo saúde-doença para os profissionais despreza as características emocionais e morais da aflição do paciente. Há ainda uma grande dificuldade dos médicos no ouvir das queixas dos pacientes e isso influencia de modo negativo na qualidade da relação terapêutica, dando credibilidade especial  aos sinais físicos e testes laboratoriais, e, muitas vezes, deslegitimando a queixa do paciente (SANTOS et al, 2012; LIRA et al, 2004).

A percepção de saúde e doença pelo paciente vai nessa contramão - por conta disso há o conflito, esta baseia-se em suas experiências, além de que podem ou não ser interpretados por ela e por seu meio cultural como doença.

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