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A ciência Antropológica

Por:   •  14/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  15.264 Palavras (62 Páginas)  •  183 Visualizações

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COLETÂNEA DE  TEXTOS

HOMEM E SOCIEDADE

2013

INTRODUÇÃO

A ciência Antropológica

A Antropologia é uma ciência que surge no momento em que o ocidente

depara-se com o exótico; depara-se com valores totalmente estranhos aos seus. A preocupação primeira desta ciência foi encontrar explicações para o comportamento dos povos aborígenes. E foi na busca dessa compreensão que adquirimos um olhar mais perspicaz sobre nós mesmos: “nativos” de sociedades complexas, num sistema econômico especializado, num mercado global e culturalmente heterogêneo.

OS PRIMEIROS RELATOS ANTROPOLÓGICOS

Falarmos em história da Antropologia remete-nos ao interesse sistemático de alguns homens (reis, governantes, pensadores, estudiosos, navegadores, etc.) por outros povos, por motivos principalmente geopolíticos. Através de viagens e com a ajuda de informantes.

A DESCOBERTA DE OUTRAS CULTURAS

Entretanto, é na era das grandes navegações e descobertas que a gênese antropológica toma corpo realmente. É no contexto histórico das grandes navegações européias e aos seus heróis em propaladas conquistas e explorações de outros mares e continentes (especialmente no século XV e XVI) que a descoberta de outras culturas torna-se sistematizada. Período em que o ocidente toma conhecimento de outros povos que viviam em condições extremamente diferentes das suas.

A igreja católica e seus dogmas de humanidade influenciavam de maneira decisiva sobre a visão que os ocidentais tinham destes povos até então desconhecidos. Impérios teocráticos impelidos ao mar e a outras terras, movidos pelo desejo de expansão e poder de seus respectivos cleros e aristocracias, registram verdadeiras sagas. Outras ciências, de modo geral, também não fogem desta influência.

A partir dos relatos dos viajantes dos séculos XIV e XVI, surge o questionamento sobre a multiplicidade do homem. A principal pergunta que se fazia era se estes povos faziam parte da humanidade, isto é, se eram humanos (ou tão humanos quanto os europeus). Portanto, esta saga heróica desencadeou, já naquela época, um longo debate sobre a condição e existência humana pelo fato de nos depararmos com outro tipo cultural: o “selvagem”.

 Viajantes, filósofos, teólogos, clérigos, naturalistas, etc, preocupavam-se em emitir impressões, julgamentos e definições sobre aquelas criaturas das selvas. Denominações não faltaram: pagãos, primitivos, selvagens, animais... Nomes que oscilam de conotação entre o “bem” e o “mal”, pois as reações dos viajantes se dividiram entre a recusa e o fascínio pelo modo de vida do “selvagem” -aquela clássica dicotomia que ainda hoje orienta nossas impressões sobre as coisas e pessoas.

Enquanto isto, uma história de degredo, invasão, espoliação, extorsão, escravização, genocídio e outras formas de violência estavam sendo escritas sem epílogo previsto. É nesse cenário que surge uma preocupação entre alguns intelectuais, ora interessada economicamente, ora cientificamente, ora religiosamente sobre esse “outro” ser e, consequentemente, sobre esse “nós”. Uma reflexão de um homem particular sobre sua condição genérica: busca-se um conhecimento antropológico.

1-SER HUMANO, CULTURA E SOCIEDADE

Hoje, cercados pelas comodidades culturais em uma sociedade moldada pela tecnologia e pelo mercado, fica difícil imaginarmos nossas origens um animal cultural. Somos um animal cultural, a única espécie a desenvolver um ambiente totalmente controlado para sobreviver, que são as cidades, e talvez por isso, esquecemos uma dimensão constitutiva de nosso ser: os instintos.

Somos uma espécie modelada pela cultura. Substituímos o comportamento dos impulsos instintivos (preservação da espécie por meio da alimentação, reprodução e abrigo) pelas regras de conduta social , e  por isso nossos antepassados puderam deixar uma herança importantíssima baseada na acumulação de conhecimentos, nas tradições e nos laços sociais.

O comportamento humano baseado na cultura e na troca de conhecimento (aprendizagem) é o que nos distingue das demais espécies. Não dependemos apenas da herança biológica e do comportamento também herdado geneticamente para evoluir. Precisamos de história, das experiências das gerações passadas, da capacidade de nos educarmos mutuamente. Portanto, dependemos da cultura.

 A primeira definição -  Antropologicamente, a cultura foi definida pela primeira vez no século XIX (1871), por Edward Tylor,como “um conjunto complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a lei, a moral, os costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade”. (Laraia. 2006)

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Como veremos adiante nenhum de nossos padrões de comportamento coletivo é herdado geneticamente, eles são adquiridos, e para isso dependemos do convívio com o meio social. Quando nascemos não temos “tendências naturais” em relação à crença, bem como a qualquer tipo de alimentação. Tudo em nossa vida coletiva, desde a língua com a qual nos comunicamos, os hábitos rotineiros de alimentação e vestuário, nossa noção de moral, enfim, tudo o que compartilhamos ao viver em sociedade e que podemos observar que se repete na maioria dos indivíduos de nosso grupo, é resultado de um processo de aprendizagem da cultura, e a isso denominamos socialização.

Vamos compreender melhor o importante conceito de socialização. Comecemos pela definição de autores importantes para as ciências da sociedade :Berger e Peter  firmam que: “O processo por meio do qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade,designado pelo nome de socialização, não tem fim  este processo divide-se em :

Socialização primária: a família é tradicionalmente a instituição responsável pela socialização primária.

Socialização secundaria: a escola, o trabalho e as demais instituições são responsáveis pela socialização secundária.”

Esses autores exploraram os processos de aprendizagem da vida social, demonstrando que quase tudo em nosso comportamento precisa ser modelado desde o nascimento, e que esse processo não termina nunca. Em cada fase de nossa vida social, somos exigidos a adquirir novos padrões que nos permitem conviver em coletividade.

(BERGER, P., BERGER, B. 1997)

Podemos concluir que a socialização compreende todas as formas de aprendizado em sociedade. Tem início com as exigências de condutas dentro da família, que é nossa primeira experiência de vida social, se estendendo depois aos contatos sociais cada vez mais amplos como a escola, a vizinhança, as amizades, o ambiente profissional, a vida religiosa, a participação em associações ou clubes, os lazeres etc.

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