Impacto da Aplicação de Mistura Orgânica em Área de Cultivo Vitivinícola do Semiárido

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V Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental

Impacto da aplicação de mistura orgânica em área de cultivo vitivinícola do Semiarido

Fernanda Santos Braga(1)

Graduanda em Engenharia Agrícola e Ambiental – Universidade Federal do Vale do São Francisco. e-mail: [e-mail]

Kessia Caroline Dantas da Silva(1) 

Graduanda em Engenharia Agrícola e Ambiental – Universidade Federal do Vale do São Francisco. e-mail: [e-mail]

Itaiana Lima Amorim(1)

Graduanda em Engenharia Agrícola e Ambiental – Universidade Federal do Vale do São Francisco. e-mail: [e-mail]

Nelci Olszevski (2)

Professora D. Sc. na Universidade Federal do Vale do São Francisco. e-mail: [e-mail]

Miriam Cleide Amorim(2)

Professora D. Sc. na Universidade Federal do Vale do São Francisco. e-mail: [e-mail]

RESUMO

A aplicação dos resíduos de vinificação diretamente na natureza gera inconvenientes relacionados com a biodisponibilidade de contaminantes ao meio. Em contra partida a fertilização orgânica, através de compostos orgânicos proporciona um incremento a fertilização do solo, e um ganho econômico. Pretendeu-se com este estudo não só avaliar a influência da aplicação de uma mistura orgânica em solo cultivado com uva, mas também avaliar as características físicas e químicas dessa mistura composta pelo resíduo de vinificação (bagaço) associado ao esterco caprino, e as consequências da aplicação dessa mistura no solo. Foram coletadas amostras de solo das áreas de plantio das duas cultivares existentes na área(Violeta e Isabel) e da área de Caatinga preservada (área de referência), coletando também amostras da mistura orgânica (bagaço e esterco). Essas amostras foram submetidas à analises de alumínio, magnésio, cálcio, pH, nitrogênio total, carbono orgânico total (COT), sódio, potássio e fósforo total. A aplicação da mistura orgânica promove impacto químico benéfico na área de cultivo.

PALAVRAS-CHAVE: Adubação, Vinificação; Resíduo.  

INTRODUÇÃO

O interesse global por uma agricultura sustentável aliado ao grande consumo de alimentos e a competitividade de mercado, tem exigido dos produtores a adequação a determinados princípios de exploração agrícola, visando um melhor aproveitamento econômico, social e ambiental.

As agroindústrias desenvolvem um conjunto de atividades relacionadas ao processamento de matérias-primas provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura, que são capazes de causar sérios impactos de poluição de solo e de águas superficiais e subterrâneas, em função da geração de resíduos (MATOS 2005).

O Decreto nº 98.816/90 da legislação brasileira conceitua resíduo como: “Toda substância ou mistura de substâncias remanescentes ou existentes em alimentos ou no meio ambiente, decorrente do uso ou não de agrotóxicos e afins, inclusive qualquer derivado específico, tais como produtos de conversão e de degradação, metabólitos, produtos de reação e impurezas, considerados toxicológica e ambientalmente importantes”. Que apresentam potencial de utilização, desde que sejam avaliadas suas características físicas e químicas, para elaboração de sistemas de tratamento ou disposição segura na natureza.  

Assim, no segmento agroindustrial, dentre as atividades de demanda crescente está o processamento de uva para obtenção de sucos e vinhos, processo conhecido como vinificação, que gera resíduos líquidos e sólidos.

Os principais resíduos do processo industrial de vinificação, que podem ter algum interesse econômico potencial, são: o engaço, o bagaço, sementes, e material filtrado dos líquidos.

 Esses resíduos, quando processados, possuem valor econômico e ambiental, pois servem de auxílio no custeio das adubações. Com o preparo de compostos orgânicos os produtores dispõem de alternativa para a transformação dos resíduos orgânicos grosseiros em produto estável, com características nutricionais adequadas que podem ajudar na melhoria da fertilidade do solo, além de proteger o meio ambiente.

Na região do Submédio do Vale do São Francisco o sucesso da implantação da uva “Itália”, na década de 60, marcou o início da vitivinicultura tropical. Porem a atividade vinícola nessa região é recente, com pouco mais de 25 anos, apresentando grande potencial por representar aproximadamente 15% da produção de vinhos finos no Brasil (FARRIAS, 2011).

Desse modo, estudos para avaliar os aspectos produtivos da vitivinicultura da região, e que relacionem as necessidades da cultura e os impactos da cadeia produtiva, com as características climáticas e pedológicas são de grande importância para um direcionamento mais específico de manejo para os produtores locais.

OBJETIVOS         

O presente trabalho teve como objetivo avaliar características físicas e químicas da mistura composta por bagaço associado ao esterco caprino, e os efeitos da aplicação dessa mistura no solo.

METODOLOGIA

O ambiente de estudo foi a Vitivinícola Quintas São Braz, localizada próximo às margens do Rio São Francisco, na rodovia - PE655, zona rural do município de Petrolina, Pernambuco. O cultivo em Neossolo Quartzarêrico, ocorre com o plantio das cultivares híbrida Isabel e BRS Violeta, para a produção dos vinhos em agroindústria própria, gerando em torno de 15 mil quilos de resíduo na forma de bagaço.

A adubação é realizada com aplicação de NPK conforme recomendação para a cultura e de composto orgânico proveniente da mistura do bagaço com esterco caprino na proporção de 1:1. Para a obtenção da mistura é realizada a secagem do bagaço durante o período de dez dias e, após esse tempo é adicionado o esterco. A aplicação do composto é realizada superficialmente nas linhas de plantio, no início do ciclo produtivo. A irrigação é realizada por gotejo duplo automatizado.

Para a condução do trabalho foram coletadas amostras de solo na camada de 0 – 20 cm de profundidade nas áreas de plantio das duas cultivares (Violeta e Isabel) (figura 1a), e na área de caatinga, utilizada como referência (figura 1b).