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ABORDAGENS MARXISTAS: A ECOLOGIA POLÍTICA

Por:   •  23/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.373 Palavras (14 Páginas)  •  214 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE CIÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS[pic 1]

ABORDAGENS MARXISTAS: A ECOLOGIA POLÍTICA

Belo Horizonte

2017

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo...

O artigo problematiza o lugar das políticas sociais no chamado “neodesenvolvimentismo” brasileiro. As políticas “desenvolvimentistas” integram um conjunto de políticas econômicas e sociais baseadas em tendências como destinação do fundo público para pagamento da dívida pública, manutenção de elevadas taxas de juros, carga tributária elevada e regressiva, redução ou não ampliação de recursos para as políticas sociais universais, aumento do gasto social em políticas sociais focalizadas de transferência de renda, contingenciamento de gastos sociais, congelamento de salários no setor público, prioridade para as metas de superávit primário e controle da inflação. A ênfase generalizada no aumento do consumo, substancialmente por meio de políticas de transferência de renda, em toda a América Latina, é uma das estratégias do “neodesenvolvimentismo” e aponta um horizonte de políticas sociais focalizadas na extrema pobreza, em detrimento do investimento em políticas sociais universais.

Palavras-chave: Ecologia. Críticas. Política. Desenvolvimento.

INTRODUÇÃO

A ecologia política é o estudo das relações econômicas, políticas e sociais com as questões ambientais. Este estudo, tido muitas vezes como de inspiração marxista, surgiu em meados do século XIX a partir da necessidade de se construir novos moldes para o relacionamento do homem com a natureza e seus recursos. A escassez de recursos naturais e a poluição têm sido sentidas no mundo todo e com elas a preocupação global com o futuro de nossas gerações. A repercussão da crise ambiental fez nascer um processo de transformação que exigiu a mudança de pensamento em relação à dominação do homem sobre a natureza.

A ecologia política fundamenta-se na crítica dos ecologistas à relação existente entre o homem e seus meios de produção e a natureza, enfatizando a sua insustentabilidade. Um movimento ecológico iniciado pelo desejo de revolução, de mudança de paradigmas, assim como os Marxistas ao criticarem a economia política. O que o movimento Marxista chama de “capitalismo” a ecologia política dá o nome de “produtivismo”. Mas a força produtiva do sistema capitalista é compreendida como a origem, ou uma influência direta, da maioria dos outros fenômenos sociais, enquanto que na ecologia política, a força produtiva é subordinada às relações sociais. Entretanto, o engenheiro e  economista, ex-deputado membro do Partido Verde francês, Alain Lipietz, aponta que há fortes semelhanças entre os dois movimentos.

 (...) a ecologia política demonstra fortes similaridades com o Marxismo. Esses são dois “modelos de esperança”, de progressivo desenho similar, materialista (a começar de um conhecimento crítico do real), dialético presumindo que esta realidade engendrará sua própria crítica material); e histórico (“agora é o tempo!”). (LIPIETZ, 2002, p. 11)

Mas há que se fazer um alerta: o paradigma da ecologia política é progressivo politicamente, mas não é “progressivista”, como a socialização das forças produtivas. O progresso é definido apenas como uma tendência, que apenas seria possível com a adoção de uma consciência crítica de valores éticos, como solidariedade e responsabilidade, por exemplo, mas não é uma garantia.

 Os países desenvolvidos representaram os atores principais no processo de destruição do meio ambiente. Movidos pelo desejo de crescimento econômico, sustentado pela industrialização e surgimento de novas tecnologias, trouxeram consequências desastrosas para todo o planeta, como aquecimento global, destruição da camada de ozônio, desmatamento, poluição de modo geral, superexploração de recursos naturais, enfim, constantes ameaças à biodiversidade. Como as mudanças são sentidas em todos os continentes, independentemente de culpados, exigiu-se a mobilização dos governos dos países, da sociedade civil, da mídia, para transformar o modo de exploração da natureza. Lipietz (2003, p.9) diz que “Hoje, o único movimento que realmente pode reivindicar este tipo de agenda para transformar a realidade, com base na análise teórica, por meio da militância e da luta política – é a ecologia política.”. Para ele (2003, p. 12), assim como o Marxismo agiu como resposta ao grande problema enfrentado no século XIX, teorias ecológicas e a elaboração de um programa a esse respeito, parece ser a resposta à crise ambiental do século XXI.

A consciência ecológica a respeito das questões ambientais globais ganhou força com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo, em 1972. O objetivo principal da conferência foi conscientizar a sociedade a transformar sua relação com o meio ambiente no intuito de preservar os recursos naturais, sendo capaz de atender as necessidades da população presente sem comprometer as gerações futuras.

Nesse contexto, prosseguiu-se o debate a cerca da necessidade de elaboração de novos modelos de desenvolvimento econômico. Posteriormente, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, citado em relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, sendo definido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

O ser humano está em constante transformação e é capaz de transformar a natureza, para o bem ou para o mal, e as relações sociais que estabelecemos durante nossas vidas contribuem para esse processo. Portanto, à ecologia política cabe o papel de contribuir com nossas relações com o próximo e com o meio ambiente. O engenheiro e filósofo Jean-Pierre Dupuy (1980, p. 31) diz que, para que o homem se reconcilie com a natureza e com as coisas, ele precisa fazer delas “o nicho harmonioso e amado que abrigue sua história”.

Dupuy (1980, p. 24), narra que, após a crise do petróleo de 1973, grande parte dos países europeus decidiu por acelerar seu programa nuclear. Com isso, muitos ecologistas uniram-se em manifestações contrárias, preocupados com os riscos de uma exploração maciça sem espaço para falhas. A partir de 1974, os ecologistas europeus decidiram entrar para a política. Nesse mesmo ano na França, pela primeira vez um candidato à Presidência da República se apresentou em defesa da ecologia. O agrônomo, René Dumont, não tinha chance de vencer, mas revelou aos franceses um novo olhar para a política, “a política é também a discussão da forma como os homens pretendem viver em comum.” (DUPUY, 1980, p. 25).

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