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Agronegócios Aqüicultura e Pesca

Por:   •  5/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  4.778 Palavras (20 Páginas)  •  162 Visualizações

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Agronegócios Aqüicultura e Pesca

OS É UM MAR DE PEIXES

Em pleno Centro-Oeste do Brasil, a centenas de quilômetros do mar, a Grande Dourados se tornou um importante pólo de produção de peixes de água doce, especialmente de espécies nativas do Pantanal. Essa região, que está situada ao sul do Estado de Mato Grosso do Sul, localizada a 214 quilômetros da capital, Campo Grande, e a 300 quilômetros do Pantanal, tornou-se conhecida pelo grande volume de grãos produzidos e pelo gado criado nos seus 15 municípios.

A região buscava alternativas de negócios, pois a criação de gado, por exemplo, apresentava demanda intensiva de capital, exigia grandes propriedades e o retorno do investimento ocorria a longo prazo. Por isso, os produtores locais viram na piscicultura uma oportunidade de gerar novas receitas que poderiam ajudá-los a manter suas propriedades, já que o retorno do investimento era considerado de médio prazo.

Naquela época, Ademar Ferreira, vice-presidente da Associação Comercial de Dourados, trabalhava em um projeto chamado Os Iguais, que organizava grupos produtivos no setor de móveis, apicultura e confecção. Ademar, que havia adquirido uma propriedade rural com alguns tanques desativados, resolveu inserir a piscicultura nesse projeto e, desde então, vislumbrou uma oportunidade de negócio, unindo os piscicultores da região, a fim de consolidar a atividade, exercendo assim uma liderança para o agrupamento dos produtores que começaram a se organizar para a criação de uma cooperativa de piscicultores.

Em meados de 2002, esse grupo de piscicultores, liderados por Ademar Ferreira, se reuniu com representantes do governo estadual, do Sistema S1, entidades de classe e instituições de ensino e pesquisa, para debater os problemas do setor. A reunião aconteceu em Campo Grande e a maioria dos participantes relatava dificuldades, como falta de conhecimento técnico, pisciculturas desativadas, alevinos2 de baixa qualidade, baixo poder de barganha na aquisição de insumos e na comercialização. Era urgente a busca de uma solução viável para esses produtores. Nascia naquele momento o embrião da Cooperativa MS Peixe.

PISCICULTURA: O NASCIMENTO DE UMA ATIVIDADE

A cidade de Dourados já foi conhecida como São João Batista de Dourados, e foi fundada no século XIX. Era habitada por gaúchos, paraguaios e índios da tribo Caiuás. Em 1910, Marcelino Pires, proprietário da Fazenda Alvorada, doou uma gleba (parte de terra) junto ao povoado para a criação do vilarejo, cuja área escolhida havia sido tombada pelo tenente Antônio João Ribeiro, herói da Guerra do Paraguai. A primeira casa, que pertenceu a Januário Araújo, foi construída já no local denominado Patrimônio de Dourados.

 A região da Grande Dourados é formada por 15 municípios: Amambaí, Antônio João, Aral Moreira, Caarapó, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Itaporã, Jutí, Laguna Carapã, Maracaju, Nova Alvorada do Sul, Ponta Porã, Rio Brilhante e Vicentina, conforme sistema de microrregião adotado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, em 1977, sendo a maioria deles localizados na fronteira com o Paraguai.

No final da década de 1980 e início dos anos 1990, a piscicultura era praticada por mera curiosidade, com pouca expressão econômica. Os pequenos produtores iniciavam sua atividade sem os insumos necessários e sem uma ração balanceada para os alevinos. Procurando agregar novas alternativas ao setor, o Projeto Pacu3 deu início à exportação de alevinos como peixes ornamentais. Dentre outras ações, houve o surgimento de novas espécies como o catfish e a tilápia no sul do Estado. O Projeto Pacu também desenvolveu novas técnicas de produção de alevinos de espécies nativas como o pintado, o piauçú, o dourado e a piraputanga.

Diante desse cenário, surgiram mais produtores de alevinos na região de Dourados entre eles Primo Dambrós, Joaquim Azambuja e Maurício Cury, que já produziam na mesma época.

A maior dificuldade deles era a falta de união. A necessidade de uma liderança para que o grupo pudesse ter representatividade no setor ficava cada vez mais nítida e as decisões precisavam ser tomadas.

Os alevinos eram criados de forma rústica e sem um acompanhamento da sua qualidade. Os produtores passavam dias e meses à espera de um peixe graúdo que, na maioria das vezes, não atendia às suas expectativas, além de haver perdas, ora por falta de qualidade da água, ora pela presença de pássaros que se alimentavam dos alevinos nos tanques ou, ainda, por não ter uma ração apropriada e tecnologia adequada.

Como nem tudo eram águas boas, nessa época um grupo de piscicultores de Dourados se reuniu com o propósito de formar uma associação. Entretanto, não havia conhecimento e compromisso suficientes do grupo para a manutenção da associação, e ela logo terminou.

Em 1995, o setor novamente experimentou uma fase de crescimento, com a chegada de novos produtores de alevinos e oportunidades de negócios diferenciadas, como o segmento de pesque-pague4 no Estado de São Paulo, acesso a pontos-devenda, como supermercados e casas especializadas, onde as principais espécies demandadas eram o pacu e o tambacu.

Na safra 1996-1997, o Projeto Pacu desenvolveu uma tecnologia alimentar do alevino do pintado e consolidou, em março de 1997, a Agropeixe5, juntamente com um grupo de técnicos que trabalhavam no projeto e produtores parceiros.

Nesse mesmo período, várias pisciculturas de grande escala se instalaram na região de Itaporã, gerando o desenvolvimento de tecnologia de criação para engorda do pintado através da Agropeixe e o desenvolvimento da primeira ração extrusada para pintado.

Em março de 1998, aconteceu a venda do 1º lote de pintado produzido na piscicultura Santo Antônio, em parceria com a Agropeixe, em torno de dez toneladas, beneficiando 20 produtores. O valor negociado para a venda foi de R$10,00 o quilo.

Já em 1999, a Agropeixe, em parceria com outras pisciculturas, vendeu, em média, 12 toneladas de pintado ao mês. Em janeiro de 2000, a venda chegou a 25 toneladas.

Nessa mesma época, iniciou-se uma crise no setor de pesque- pague, com a redução de demanda para o peixe produzido na região. As principais espécies produzidas eram o pacu e o tambacu. Diante das dificuldades geradas pela crise, a Agropeixe tornou-se a primeira empresa brasileira a se credenciar como fornecedora para o selo de garantia de origem do Supermercado Carrefour. Em julho de 2000, um frio intenso provocou grandes perdas aos produtores. A Agropeixe e seus parceiros perderam, na época, mais de 35 toneladas de pintado.

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