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DIVERSIDADE DE CONDICIONANTES PARA A VIABILIZAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE PEQUENO PORTE

Por:   •  21/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.197 Palavras (13 Páginas)  •  127 Visualizações

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DIVERSIDADE DE CONDICIONANTES PARA A VIABILIZAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE PEQUENO PORTE

Ari Belli

Resumo

O presente artigo inicia comentando as mutações no ambiente de negócios decorrente da globalização. Realça as barreiras típicas para a atividade empreendedora no Brasil, tais como, burocracia excessiva, elevada carga tributária e dificuldades no acesso ao crédito, que terão que ser superadas pelo empreendedor. Cada negócio gera um conjunto único de problemas e desafios. Em muitas oportunidades os problemas surgem pela não-observância por parte do empreendedor de detalhes antes mesmo da implantação do empreendimento, ou seja, na gênese. Foram elencadas no item de fundamentação teórica uma série de recomendações para esta etapa da atividade empreendedora e também para a pós-implantação que, se seguidas, aumentarão as probabilidades de sucesso de um negócio. A seguir, são comentados tópicos relevantes para a viabilização de empreendimentos de pequeno porte no Brasil. Conclui que a fase mais decisiva de um empreendimento é fase da gênese, com destaque para as etapas preparatórias. Ratifica-se a importância que se reveste a figura do empreendedor, sobretudo nas fases iniciais da vida de uma empresa, quando a sua competência é que fará a diferença.

1. Introdução

A globalização da economia, as constantes mutações tecnológicas e a celeridade do ambiente dos negócios exigem dos gestores cada vez mais práticas atuais e, em muitas situações, diversas das utilizadas até então. Um fator que no passado foi de sucesso pode no presente ser inadequado ou mesmo ensejar um fracasso.

Cada negócio gera um conjunto único de problemas e desafios. É impossível ensinar ao empreendedor como responder à grande quantidade de problemas que surgirão no seu negócio. Cada pessoa tem a sua maneira de resolver uma situação (DE MORI, 1998).

Segundo Porter (1991, p.25) “a ameaça de entrada em uma indústria depende das barreiras de entradas existentes”. No Brasil, pode-se destacar como uma barreira de entrada o excesso de burocracia para se formalizar a abertura de um negócio..

Neste particular, o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que vigora desde 14/12/06, já trouxe melhorias para os micros e pequenos empresários, segundo a CNI (2007). São exemplos a desoneração das exportações, o fim da bitributação decorrente da substituição tributária e a contabilidade simplificada, que ainda deverá ser regulamentada. Em relação à abertura e fechamento de empresas destaca como pontos positivos a criação do alvará provisório e a redução da quantidade de documentos exigidos para registro. Essas mudanças possibilitarão maior agilidade dos negócios, necessidade premente num mercado cada vez mais competitivo.

Apesar da estabilidade na econômica alcançada, a atividade empreendedora ainda sente os efeitos perniciosos do “Custo-Brasil”. A alta carga tributária, legislação trabalhista inflexível e burocracia excessiva são os fatores externos que mais dificultam o desenvolvimento dos negócios (DELOITTE, 2007).

Apesar das dificuldades das pequenas empresas se manterem ativas, reconhece-se o papel importante que elas desempenham na dinamização da economia pelo efeito de absorção de mão-de-obra não qualificada, pela flexibilidade na adaptação a demandas, bem como por poderem facilitar a inovação tecnológica. Esse tipo de empresa traz desafios em relação à compreensão desse papel, bem como em relação às estratégias de atuação adotadas por seus dirigentes. Apesar da importância dos aspectos do efeito do ambiente sobre as pequenas empresas, está clara a necessidade de buscar apreender qual é o papel do empresário e qual característica essa pessoa deverá ter para o desempenho no ambiente empresarial (FERREIRA, 2006).

Um outro fator limitante do desenvolvimento da atividade empreendedora é o acesso ao crédito no Brasil. Embora esteja ocorrendo uma maior oferta de crédito ainda existem muitas restrições.

Observa-se que o foco do presente artigo é a atividade empreendedora nas suas fases de criação e de implantação, razão pela qual não serão abordadas as fases mais avançadas do ciclo de vida de uma organização.

2. Fundamentação teórica

O sucesso de um empreendimento está intimamente dependente do desempenho de seu empreendedor, sobretudo nas suas fases iniciais. As competências demonstradas pelo empreendedor são frutos das suas características individuais tais como: suas necessidades; conhecimentos; habilidades e valores.

Lezana e Tonelli (1998) observam que além das características do empreendedor, fatores relacionados ao meio ambiente da empresa e fatores decorrentes de sua estrutura são determinantes para o sucesso do empreendimento:

  1. Fatores internos à empresa - relacionados com a operação: direção e gestão, produção, recursos humanos, finanças e os aspectos comerciais.
  2. Fatores externos à empresa - decorrentes da macroeconomia e do ambiente: demanda, oferta e fatores de produção.

A empresa, à medida que cresce e se desenvolve, sofre modificações nas suas características e, paralelamente, os fatores existentes num estágio de vida são diferentes daqueles de outro estágio. A duração de cada estágio e os fatores (internos e externos) relacionados varia de empresas para empresa.

Scott & Bruce (1987) definem um pequeno negócio como tendo uma administração independente, que, geralmente, é o próprio proprietário. O capital investido é do empreendedor-individual ou de um pequeno grupo de pessoas. A área operacional está localizada num só local e, ainda, os empregados e proprietário(s) vivem na mesma comunidade, mas o mercado de seus produtos não está necessariamente neste local.

2.1 Recomendações para a viabilização de empreendimentos

Ferreira (2006), após ter efetuado pesquisa em 100 micros e pequenas empresas extintas em 2005 e que foram criadas entre 2003 e 2005, constatou que diversos fatores não foram observados na gênese dos negócios que prejudicaram e que contribuíram para os fechamentos dos empreendimentos. A seguir serão elencadas recomendações que deverão ser observadas antes da implementação do empreendimento, segundo o estudo de Ferreira (2006):

  1. Primeira recomendação: para o bom início de um negócio pressupõe que empreendedor tenha percebido uma oportunidade e não criá-lo tão somente para suprir uma necessidade pessoal ou familiar;
  2. Segunda recomendação: que o empreendedor não inicie a empresa por exigência do empregador, com objetivo de resolver um problema tributário deste empregador, tornando-se um prestador de serviços exclusivos a esse. Isto no futuro pode causar problemas trabalhistas e, por outro lado, a exclusividade para um comprador causa uma perniciosa dependência, apesar da aparente vantagem de no início contar com um comprador compromissado;
  3. Terceira recomendação: cuidado para não ser levado pela euforia das “boas” idéias/oportunidades de negócios oriundas de conhecidos e de familiares;
  4. Quarta recomendação: o empreendedor tem que estar ciente que vai trabalhar mais do que trabalharia como empregado. Terá mais responsabilidades sobre as decisões e muitas delas tomadas sob pressão;
  5. Quinta recomendação: perceber que, de modo geral, o retorno de ativos operacionais é no longo prazo;
  6. Sexta recomendação: elaborar orçamentos do investimento inicial com bastante zelo e com margem para imprevistos e para desvios no que foi projetado. Acrescentar como investimento inicial as necessidades de capital de giro até que a empresa tenha geração própria de caixa;
  7. Sétima recomendação: constituir e formalizar empresas leva tempo e que ocorrerão desembolsos já nesta fase pré-operacional. Fazer orçamentação e de previsão de recursos. É importante que o empreendedor conheça previamente e faça um levantamento do regime tributário que estará sujeito o negócio, pois poderá inclusive ser um elemento decisivo no tipo de sociedade a ser constituída;
  8. Oitava recomendação: estudar detalhadamente o mercado: produtos ou serviços comercializar, público-alvo; concorrência, diferenciação, preço aceito pelo mercado; estimar vendas e custos e localização do negócio. Conversar com especialistas do mercado e com consultores, como por exemplo, os do SEBRAE, para elaborar o plano de negócio;
  9. Nona recomendação: a escolha de sócios, se ocorrer, deve ser criteriosa e compatível com as necessidades do negócio. Eles devem ser escolhidos quanto as suas competências, experiências, responsabilidades e valores visto que eles serão responsáveis pelo negócio e, também, pela imagem da empresa no ambiente em que se inserirá o empreendimento.
  10. Décima recomendação: na escolha da localização, atentar para detalhes como a autorização legal para desenvolver a atividade na região; falta ou proibição de estacionamento; vizinhança e acessos. Não investir nas instalações antes de ter os registros pertinentes a localização aprovados e também não antecipar alguns gastos, tais como letreiros, cartões de visita, anúncios, sob pena de ter gastos inúteis e cujos recursos desembolsados poderão fazer faltas mais adiante.

Implantado o empreendimento, segundo Ferreira (2006) nas empresas pesquisadas diversos fatores não foram observados no início de suas operações e contribuíram para os fechamentos dos empreendimentos. Pelo tempo de vida daquelas empresas, máximo de 3 anos, infere-se que a maioria delas não passou do estágio da sobrevivência segundo o do modelo de Scott & Bruce (1987). A seguir serão elencadas recomendações que deverão ser observadas no início da operação do empreendimento, segundo o estudo de Ferreira (2006):

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