Quanto vale uma empresa? Uma visão dos fatores de atratividade das empresas do conhecimento

Quanto Vale uma Empresa? Uma Visão dos Fatores de Atratividade das Empresas do Conhecimento

JORGE LUIZ ALVES BRANDÃO

Universidade Católica de Brasília

jorgelabrandao@gmail.com

GENTIL LUCENA

Universidade Católica de Brasília

gentil@pos.ucb.br

Normalmente, o valor de uma empresa que é percebido pelo mercado de capitais, é maior que o valor patrimonial registrado na contabilidade. Os analistas de mercado percebem características que a empresa possui que lhe concede a capacidade de reagir a mudanças, inovar e se adaptar a demandas de um mercado cada vez mais competitivo. Estas características compõem o ativo intangível de uma empresa que vem sendo denominado, recentemente, de capital intelectual e que a contabilidade, há muito, denomina goodwill. O desafio da contabilidade é captar o valor destes ativos. Porém em função dos seus princípios contábeis que norteiam o registro e controle das informações financeiras das empresas a contabilidade subavalia alguns itens que compõe o ativo tangível e deixa de registrar o goodwill. Apesar disto, demonstrações financeiras advindas da contabilidade são a base inicial para determinação do valor de uma empresa que é obtido pela capacidade de geração de benefícios em longo prazo. O que se deseja é que as empresas gerem benefícios futuros em forma de lucro e ou fluxo de caixa suficientes para retornar o capital investido e ainda agregar valor. No entanto, o aspecto financeiro é conseqüência de uma série de fatores de atratividade que uma empresa possui. Este artigo explora a questão do valor das empresas com enfoque na contabilidade e na proposição de uma nova taxonomia proposta pelo Grupo Skandia, baseada no capital intelectual propondo sete camadas de atratividade das empresas que compõe o capital intelectual e a cultura de uma organização.

Palavras-chave: Capital Intelectual; Goodwill; Avaliação de Empresas.

WHAT IS THE VALUE OF A COMPANY? A VISION OF ATTRACTIVENESS FACTORS OF KNOWLEDGE COMPANIES.

Usually, the value of a company that is realized by the capital market is greater than the patrimonial value registered in the accounting. The market analysts realize some characteristic that a company owns which concedes to it the capacity of reacting the changes, innovate and to adapt the demands of a competitive market. These characteristic compose the intangible assets of a company that has been denominated, recently, of intellectual capital and that the accounting denominates goodwill. The accounting challenge is to capture the value of these active. However, because of some accounting's principles that guide the way that financial information are recorded and controlled by the accounting, some items that compose the tangible assets are evaluated for less and the goodwill is not registered. In spite of this, the accounting financial reports are the initial base to evaluate a company. What is wished is that the companies generate future benefits in terms of profit and cash flow that will be enough to return the invested capital and still create value. However, the financial aspect is consequence of a series of others attractiveness factors that a company owns. This article explores the question of company’s evaluation with focus in the accounting and in the proposition of a new way proposed by The Skandia Group, which is based on the intellectual capital. The article also proposes seven companies’ attractiveness layers that compose the intellectual capital and the organization’s culture.

Keywords: Intellectual Capital; Goodwill; Companies Evaluation

INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos muito se tem falado acerca de capital intelectual e de outros ativos intangíveis como fatores de maior relevância para a determinação do valor das empresas na era do conhecimento.

As empresas, cada vez mais, possuem como seu maior patrimônio o conhecimento e possuem poucos ativos tangíveis. O seu valor não deve ser resumido ao valor contábil ou patrimonial, da forma como é expressa hoje pela contabilidade.

Normalmente, o valor percebido pelo mercado, seja ele comprador ou vendedor de empresas, difere do valor contábil registrado na contabilidade da empresa. A postura contábil faz com que ativos significativos (ativos intangíveis) não sejam considerados na mensuração do patrimônio da entidade e são estes ativos que refletem para o mercado a capacidade da empresa em gerar benefícios futuros duradouros.

O objetivo deste trabalho é abrir uma discussão sobre o que vem a ser o valor de uma empresa sob a ótica financeira-contábil e quais aspectos são, portanto, fatores de atratividade para investidores.

O artigo inicia com uma discussão sobre as empresas da era industrial e da era do conhecimento identificando o aumento da dispersão entre o valor contábil e o valor de mercado das empresas. Na seção 2 conceitua o que é valor e como ele é criado nas organizações e define ativo, ativo intangível e goodwill. A seção 3 descreve a contabilidade como fonte primária para mensuração do valor e aborda os motivos pelos quais ela não consegue capturar o valor dos ativos intangíveis. A seção 4 apresenta a proposta do Grupo Skandia para gerenciamento dos ativos intangíveis como uma taxonomia complementar à contabilidade tradicional. Na seção 5 é apresentada as sete camadas da atratividade de uma empresa.

1 - Empresas da Era Industrial x Empresas da Era do Conhecimento

A Revolução Industrial teve efeito transformador na sociedade. A produção artesanal deu lugar à produção intensiva em tecnologia e em massa exigindo a existência de capital para financiamento dos empreendimentos fabris.

Peter Drucker (1994) cita que a Revolução Industrial mecanizou a produção de praticamente todos os tipos de produtos. A preocupação principal é o processo da manufatura (figura 1). Quanto mais padronizados os produtos melhores resultados serão alcançados em termos de custos. A principal característica das empresas, sob a ótica de determinação do valor, é a existência de ativos físicos.

Com a evolução do pensamento humano, do desenvolvimento e avanço tecnológico, avanço das telecomunicações e do desenvolvimento das redes de computadores, a sociedade passou, nos últimos 50 anos, por transformações radicais.

Para Stewart (1998, p.6), essas mudanças derivam de forças poderosas e incontroláveis: a globalização, que abriu enormes novos mercados, gerou também uma enorme quantidade de concorrentes; a disseminação da tecnologia da informação e o crescimento das redes de computadores, além do desmantelamento da hierarquia empresarial composta por vários níveis.

...