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A História da Arquitetura Brasileira

Por:   •  30/8/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.270 Palavras (6 Páginas)  •  137 Visualizações

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ICF – História da Arquitetura Brasileira – Profª Andreza Diniz

Arquitetura Indígena[1]

A tecnologia, o modo de habitar e ocupar o território, desta gente genuinamente brasileira.

Solano Diniz

Oca, Maloca, Casa

A riqueza antropológica e cultural dos índios do Brasil impressiona a qualquer um: são muitos povos, diferentes de nós e diferentes entre si. Cada qual com seus usos e costumes próprios, com habilidades tecnológicas, atitudes estéticas e religiosas, organização social e filosofia peculiares, resultantes de experiências de vida acumuladas e desenvolvidas em milhares de anos. E distinguem-se também de nós e entre si por falarem línguas diferentes, construírem diferente, enfim, por serem e viverem diferentes.

Para sermos o mais abrangente possível, tratando-se de tão rica e variada cultura, o conceito arquitetônico de casa adequado para aplicar-se ao índio é o que elege a cobertura como elemento definidor, visto que alguns povos podem apresentar ausência de paredes. A estrutura domestica, por assim dizer, indígena deve ser analisada diante de uma proposta que envolve a avaliação das relações entre estrutura espacial e estrutura familiar e o uso do espaço nas diferentes horas do dia e períodos do ano. Definitiva ou temporária, a habitação para o índio sempre transcende ao mero objetivo da proteção, adquirindo importantes sentidos – dependendo da etnia em questão – sociais e cerimoniais.

Para entender a arquitetura indígena, é necessário expandir o olhar sobre os aspectos morfológicos primários, como a técnica, a matéria-prima e a forma da construção. Alias, a matéria-prima e a tecnologia das construções indígenas estão diretamente vinculadas à evolução cultural de cada povo. Em termos de matéria-prima, por questões óbvias, a madeira e seus derivados – folhas, cipós, fibras – são o elemento básico da construção indígena.

Os padrões de fixação num determinado local são ditados pelas condições de subsistência. Uma vez que muitos grupos tribais praticam agricultura semi-itinerante e dependem da caça e da pesca para a obtenção de alimentos, a permanência das populações em um determinado espaço pode ser temporária, variando de 3 a 4 anos.

A valorização das culturas material e imaterial do índio tem-se colocado para nós, brasileiros, como uma necessidade de buscar, afirmar ou reconhecer nossa identidade. Em tempos de globalização, quando ocorre a troca cultural e mercadológica entre as nações, nunca é demais retornarmos às nossas raízes para saber de onde viemos, o que somos e o que representamos para nós mesmos e para o mundo. Recorrer ao índio como elemento autêntico de identificação da cultura brasileira é respeitar os primeiros habitantes deste continente em suas histórias, lutas e conquistas; é coroar os verdadeiros reis desta terra.

Aquém de tentar abordar a riqueza desse povo, seja material, social, espiritual ou tecnológica – arquitetura indígena é tecnologia pura – o honesto objetivo dessa matéria é meramente ilustrar, evidenciar a criatividade do índio na busca e no encontro de variadas soluções para o eterno problema de habitar do homem.

Antes da arquitetura, o urbanismo indígena

É impossível chegar à arquitetura indígena sem perceber o urbanismo que a cerca, a forma e o local onde uma aldeia é implantada. A apropriação do espaço natural e a maneira como se estruturam as aldeias e se produzem os abrigos são assuntos que sempre despertaram a maioria dos estudos relacionados às populações indígenas do Brasil.

A distribuição das aldeias no território costuma obedecer a critérios que vão desde a qualidade do solo para a prática da agricultura – para os povos que possuem esta forma de subsistência – à oferta de animais de caça, à proximidade a rios – com portos e pontos de banhos ideais -, e, ate mesmo, ao tipo de vegetação que se encontra no local, pois é da natureza que se extrai os principais elementos construtivos das ocas, madeira e palha. Para que sejam evitadas áreas infestadas de pragas, o solo é examinado com cuidado; terrenos com grandes acidentes geográficos também são evitados.

A forma de subsistência varia de tribo para tribo, mas na maioria das vezes são essas as principais fontes de vida do índio: pesca, caça e agricultura. Geralmente, escolher um local adequado para plantar significa encontrar um lugar ideal também para a habitação, para a construção da casa, já que morar e trabalhar são atividades que sempre andam juntas na cultura indígena. Raramente se encontra uma plantação muito distante da aldeia.

No entanto, geralmente a casa do índio é construída para durar. E o seu desenho e arquitetura costumam obedecer aos critérios organizacionais de cada grupo étnico. Informações, por exemplo, como número de habitantes na casa varia absurdamente e é uma informação diretamente relacionada ao seu tamanho, estrutura e funcionalidade. Assim como há casas construídas para cinco pessoas de uma mesma família, existem casas construídas até para 140 pessoas de várias famílias – como as malocas do Alto Xingu que possuem 25 metros de comprimento, 14 de largura e 8 de altura.

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