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A Leitura técnica Bairro Centro, Juiz de Fora - MG

Por:   •  17/9/2020  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.219 Palavras (13 Páginas)  •  143 Visualizações

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Leitura técnica – Bairro Centro, cidade de Juiz de Fora – MG, eleito como alternativa à sugestão da atividade.

A leitura técnica é um processo de análise das diversas conjunturas atuantes sobre um recorte urbano (uso e ocupação do solo, mobilidade urbana, infraestrutura geral, saneamento, características da paisagem), bem como da identificação das particularidades deste local, de suas potencialidades e conflitos, e de sua relevância para a cidade ou região onde está inserido. Dessa forma, será produzida a leitura urbana do bairro Centro, da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, cujas características serão apresentadas a seguir.

Caracterização geral de ocupação da cidade e de seu centro

Juiz de Fora é um município brasileiro localizado no interior do estado de Minas Gerais. Pertencente à mesorregião da Zona da Mata e microrregião de mesmo nome, a cidade dista cerca de 280km da cidade de Belo Horizonte e 180km da cidade do Rio de Janeiro, localizando-se em posição estratégica no eixo de ligação entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Sua área de abrangência corresponde a 1.429, 875 km2, sendo que apenas 317,740 km2 são considerados perímetro urbano.

A cidade situa-se em um fundo de vale, fator do qual presume-se sua acentuada declividade, porém, sua porção central, que concentra grande parte do comércio e dos serviços da cidade, e ponto de análise para este trabalho, localiza-se em uma porção bastante plana da cidade, como evidenciado no mapa abaixo através da seta vermelha (área de declividade entre 0 e 3%), favorecendo a locomoção peatonal dentro de seu território.

Imagem 01 – Mapa de declividade de Juiz de Fora. Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juiz de Fora, PDDU. PJF, 2015.

O desenvolvimento urbano da cidade inicia-se a partir do traçado do Caminho Novo, no inicio do século XVIII, parte do qual originou a principal via de desenvolvimento da cidade, a Avenida Barão do Rio Branco. Tomando esta via como base, novas ruas foram abertas de forma perpendicular a ela, formando uma malha de grandes quadras possuidoras de certa regularidade e planejamento. Já no século XIX, a construção da Rodovia União e Indústria perverte o traçado perpendicular das vias do centro da cidade, cortando sua malha em sentido diagonal e originando a atual Avenida Getúlio Vargas. A posterior construção de estradas de ferro e as correções feitas no leito do rio Paraibuna para evitar alagamentos também reforçaram o traçado urbano da área central. Como último plano de intervenções desse período, em 1860 foi prevista a abertura de uma nova via acompanhando leito de um córrego, a Avenida Independência, construída efetivamente um século depois e atualmente conhecida como Avenida Presidente Itamar Franco. Esta avenida é considerada uma das ultimas grandes intervenções urbanas responsáveis pela atual conformação do centro da cidade e de sua caracterização como “triângulo central”.

O centro da cidade de Juiz de Fora coincide, então, com o desenho triangular formado por suas avenidas principais, desenhadas durante o primeiro plano de urbanização da cidade. Constata-se, através da evolução urbana apresentada, que por corresponder à sua parte mais antiga, esta porção do território traz junto a si um grande apelo histórico, afetivo e memorial.

Imagem 02 – Evolução da Ocupação do Centro. Fonte: A reestruturação urbana pós-fordista de Juiz de Fora. Geraldo, 2014.

O centro da cidade de Juiz de Fora consiste em um espaço central bastante diferente dos centros de cidades médias e grandes da atualidade. Apesar de concentrar grande parte do comércio, a maioria das repartições e instituições públicas e porção expressiva dos serviços prestados na cidade, assim como quase todas as regiões centrais, sua estagnação econômica, em um período precedente à estagnação ocorrida em todo o território nacional, contribuiu para sua estabilização como polo comercial e de prestação de serviços, deixando em segundo plano sua atividade industrial, outrora importante e norteadora da economia local.

Sua conformação física, em constantes mudanças, também é fator indicador da importância regional do centro da cidade, além de ser determinante para a sua vitalidade comercial. A construção de edifícios-galerias, como modelo de desenvolvimento urbano mais recente, a partir dos anos de 1920, trouxe uma nova configuração espacial interessante para a cidade, desconstruindo a ideia de quarteirões impenetráveis e trazendo um novo elemento de fruição ao centro, além de aumentar consideravelmente a sua “face comerciável”, criando um espaço mais dinâmico, melhor aproveitado e oferecedor de inúmeras possibilidades ao consumidor – de ofertas comerciais e de serviços a possibilidades de trânsito mais convenientes.

O primeiro exemplar construído em Juiz de Fora foi a Galeria Pio X, inaugurada em 1925, que em sua primeira fase construtiva ainda não se estendia da Rua Halfeld à Marechal Deodoro, conexão realizada em sua segunda fase, no ano de 1934, devido ao sucesso deste modelo de ocupação.

Imagem 03 – Galeria Pio X, rua Halfeld. Fonte: Acervo pessoal.

Em seguida, no ano de 1929, foi construído o Cine Theatro Central, dando origem a duas galerias laterais que ligavam a rua Halfeld à rua Barão de São João Nepomuceno, fortalecendo ainda mais a ideia da construção de redes de passagens e “corta-caminhos” entre quarteirões do centro. A partir da abertura dessas três galerias, foram sendo inauguradas diversas outras ligando as ruas comerciais principais do centro da cidade, fato que se verifica até hoje, consistindo em importante fator de identidade urbana e modelo de espaço público praticado na cidade – atualmente ainda são construídos novos edifícios- galerias espalhadas por diversas regiões, confirmando a importância dessa tipologia como elemento de estruturação urbana, além de sua importância arquitetônica.

É importante ressaltar o valor, para a imagem da cidade, do estabelecimento destas edificações como um sistema – galerias isoladas certamente não produziriam o impacto social, comercial, arquitetônico e urbano concedido pela configuração atual, de grande extensão e expressividade – atualmente, as dimensões lineares das galerias componentes do sistema central correspondem a aproximadamente 2500 metros, ao passo que os calçadões somam apenas 1600 metros.

Complementando essa nova configuração espacial, o surgimento dos calçadões peatonais

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